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Internações em leitos de UTI aumentam em 3 das 8 regiões do Piauí

A região de Cocais, por exemplo, está com 100% dos leitos de UTI ocupados, ou seja, dos 20 existentes, todos estão com pacientes

10/08/2021 12:05

Em uma semana, três das oito regionais Covid-19 de Saúde do Piauí apresentaram alta na taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado. A região de Cocais, por exemplo, está com 100% dos leitos de UTI ocupados, ou seja, dos 20 existentes, todos estão com pacientes. A situação se repete na região do Vale do Canindé, onde a ocupação subiu de 20% para 50%, preenchendo três dos seis leitos de UTI existentes.

A regional da Chapada das Mangabeiras também apresentou alta na taxa de ocupação de leitos, subindo de 25% para 75%. Dos oito leitos existentes, seis estão com pacientes. A região de Guaribas apresentou uma pequena baixa de internações graves, ainda assim, o índice é preocupante. No dia 02 de agosto, a taxa de ocupação era de 85%, onde 10 dos 12 leitos de UTI estavam ocupados. Nesta terça-feira (10), a porcentagem caiu para 75%, reduzindo para oito o número de internações.

Segundo o professor doutor Emídio Matos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), os dados são preocupantes e que este não é um momento para reduzir os cuidados com os protocolos de segurança. 

“A região que contempla os território do Vale dos Rios Piauí, Itaueiras e Alto do Parnaíba, que fica entre Floriano e Uruçuí, estava com 20 internados em uma semana e agora está com 18, reduziu duas internações, mas continua sendo uma taxa de ocupação muito alta”, disse.

Reorganização da rede e leitos Covid

A região Entre Rios, que contempla a capital, Teresina, apresentou redução na ocupação de pacientes internados em leitos de UTI. Na semana passada, 68 leitos estavam ocupados e agora são 48 leitos. Diante da redução de casos, o Hospital da Polícia Militar (HPM) fechou os leitos destinados ao atendimento de pacientes com covid-19. O mesmo aconteceu em Parnaíba, onde o Hospital Dirceu Arcoverde, e em Canto do Buriti, no Hospital Estadual Domingos Chaves, que encerraram suas alas de atendimento a pacientes contaminados com coronavírus.

Para o professor doutor Emídio Matos, essa reorganização da rede de alta complexidade precisa ser feita, uma vez que outras doenças deixaram de ser atendidas devido à pandemia da Covid-19, e, consequentemente, essas pessoas tiveram o agravamento de suas doenças. Entretanto, ele reforça que esses leitos não devem ser totalmente encerrados. 

(Foto: Assis Fernandes/ODIA)

“Manter um leito ativado, mesmo que não seja ocupado, tem um custo muito alto. É preciso reorganizar, mas sabendo que a qualquer momento precise aumentar novamente os leitos disponíveis para Covid. Melhoramos a situação, mas a pandemia ainda não está controlada, a vacinação está lenta, tem variante aparecendo e isso são fatores que mantém o nível de preocupação da pandemia no Estado do Piauí”, reforça o pesquisador.

Vacinação caminha lentamente

Um dos fatores que o professor chama atenção é com relação à vacinação lenta em todo o Estado. Emídio Matos comenta que não é hora de baixar a guarda, sobretudo com a ameaça da variante Delta. 

“A nova variante rapidamente se torna prevalente. Ela tem uma carga viral mil vezes maior do que o vírus anterior, que chamamos de selvagem. Uma pessoa contaminada com a nova variante, a possibilidade de contaminar mais pessoas é muito maior, e você pode perder o controle da pandemia novamente. Nos Estados Unidos é prevalente e lá, enquanto tem pessoas que não querem se vacinar, devido ao movimento antivacina, aqui no Brasil tem quase a totalidade da população querendo se vacinar, mas não tem vacina disponível”, frisa.

Aumento de casos em regionais

Uma das justificativas para o possível aumento da taxa de pessoas internadas em UTI Covid está relacionada ao relaxamento da população com a chegada da vacina. O especialista explica que as pessoas estão afrouxando a segurança e cuidados com os protocolos. 

“Existe um alerta que estamos fazendo desde sempre: quanto mais avançamos na vacinação, mais a população vai relaxar, e não deveria, porque a pessoa vacinada continua transmitindo o vírus. E tem pessoas que não foram vacinadas ainda, o que corre um risco de ter um agravamento nessa população não imunizada, de maior letalidade nessa faixa etária”, alerta Emídio Matos.

Outro alerta do pesquisador é com relação ao retorno das aulas, especialmente porque o grupo de alunos com idade até 18 anos ainda não foram imunizados. Os estudantes da rede estadual de ensino voltaram às salas de aula nesta segunda-feira (09) em, pelo menos, 400 escolas. Já a rede municipal está prevista para iniciar o ano letivo, em modo presencial, no dia 14 de agosto, com cerca de 150 escolas aptas a receber os estudantes.

“A população que vai voltar para às aulas presenciais agora e se tem uma movimentação em torno desse serviço, que é a Educação. Não podemos esquecer que os alunos da rede pública se deslocam de ônibus e não houve um desencontro de horário, entre comércio e escolas, que começam no mesmo horário. O sistema de transporte público já está caótico, ou seja, serão colocadas essas duas populações dentro de um mesmo ônibus precário. Como vamos falar em distanciamento físico? Grupos que não foram vacinados ainda estão totalmente expostos”, conclui o professor doutor Emídio Matos.

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