Num julgamento que demorou mais de 12 horas, além dos 20 anos desde que o crime foi praticado, o juri popular decidiu pela absolvição de Antônio Orlando da Silva, acusado de ser o mandante do assassinado do ex-prefeito de Altos, César Leal. Entretanto, o mesmo juri, durante o mesmo julgamento, também reconheceu a materialidade e autoria da acusação. Ou seja, reconheceu que Antônio Orlando era realmente o autor do crime.
O promotor Ubiraci Rocha, representante do Ministério Público na ação, disse que "Essas são contradições com as quais temos de conviver no Tribunal do Juri". Antônio Orlando teria mandado matar o prefeito César Leal em 1996. época em que era vice-prefeito da cidade, e assumiu o cargo após o assassinato.
Segundo a tese do Ministério Público, o vice teria encomendado a morte do prefeito por R$ 50 mil. Teria contatado Abimar Paixão de Sousa e Afrânio Paixão de Sousa, que por sua vez, acionaram Francisco Alves Barbosa, o "Chico Pacajás", que contratou Raimundo Nonato, o "Gordinho", responsável pelos disparos. no dia 11 de abril, Cesar Leal foi assassinado com cinco tiros na cabeça, dentro de sua casa em Altos, diante da família.
Orlando Silva passou um mês preso pelo crime, mas foi solto. Ele também responde pelo homicídio de um policial militar em Teresina - por essa infração, ele chegou a ficar detido por quatro meses, mas o julgamento não foi marcado.
Ex-prefeito de Altos Cesar Leal, morto em 1996 (Foto: Reprodução)
O caso foi desmembrado por questões políticas. Antônio Orlando foi julgado separadamente dos outros participantes do crime. Dos quatro, apenas Afrânio e Abimar Paixão ainda estão vivos. Raimundo Nonato Alves, o Gordinho, foi morto em 2011, na cidade de Mossoró (RN) e Francisco Alves Barbosa, o Chico Pacajás, foi executado com seis tiros no rosto em 2013, em Barra do Corda (MA).
O promotor Ubiraci Rocha disse que não acredita que o juri tenha sido manipulado. "Eu sou um defensor do Tribunal do Juri, mas acho que algumas pessoas não estão preparadas para isso. Não precisa ser um intelectual para ser parte do juri, mas tem que ter pelo menos bom senso", comentou o promotor. "Se o juri reconhece o crime, por que absolve?", questiona. O Ministério Público já está recorrendo da decisão.
Edição: Nayara FelizardoPor: Andrê Nascimento (Estagiário)