Perder um pet é um processo muito doloroso e a fase do luto animal pode demandar algum tempo, principalmente para aquelas pessoas que consideram esses bichinhos como membros da família. Afinal de contas, a presença de um animal em casa muda completamente a rotina e traz muitos benefícios à saúde, tanto do bichinho como daqueles que convivem com ele diariamente.
A médica veterinária e psicóloga Cíntia Rezende lembra que a inclusão dos animais de estimação na vivência das famílias tem crescido ao longo dos anos, e essa mudança de comportamento tem gerado intensos vínculos afetivos. Por isso, superar a partida de um pet pode ser um sentimento muito difícil, o que requer empatia e compreensão de todos.
“O luto está diretamente ligado ao amor e a essa convivência de troca benéfica. Quando a gente passa por um luto, independente de ser uma pessoa ou um pet, vai existir o luto. Mas a sociedade costuma não validar esse luto, por isso temos vários tabus sobre o luto, vários preconceitos, as pessoas julgam como que o outro deve viver o luto. Muitos tutores ouvem coisas que só piora a dor dele, pessoas dizendo que ele deve adotar outro animal, sendo que eles não são objetos. Ele é um animal que era parte da família, que era considerado um filho, um neto, e isso nem sempre é validado”, explica a médica veterinária.
(Foto: Reprodução/Freepik)
Cíntia Rezende ressalta ainda que, neste momento de luto pela perda de um animal de estimação, é preciso estar ao lado de pessoas que validem sua dor e ofereçam apoio. Além disso, os enlutados devem buscar redes de apoio e pessoas que também passaram por isso, que saberão como fazer este acolhimento.
“Muitas pessoas não encontram um lugar onde elas possam falar e expressar seus sentimentos, e um processo muito importante para passar pelo luto é você conseguir expressar seus sentimentos e falar sobre isso. Você não pode entrar em um processo de negação, e se você fica perto de pessoas que não validam esse sentimento e em um lugar hostil, você vai entrar em um caminho contrário. Isso fica dentro de você, vai para algum lugar, e mais cedo ou mais tarde isso vai aparecer e não será benéfico”, orienta a psicóloga.
Evite presentear um enlutado com outro pet
É muito comum que, após a perda de um animal de estimação, algum familiar ou amigo queira presentear o enlutado com outro pet, na tentativa de amenizar essa dor. Porém, o que poucos sabem é que esta atitude não é saudável para aquele que perdeu seu bichinho. A médica veterinária e psicóloga Cíntia Rezende explica que isso pode gerar um problema, uma vez que aquela pessoa que perdeu seu animal de estimação pode não estar preparada psicologicamente para cuidar deste novo pet.
“Aquela pessoa, às vezes, não vai ter nem condições de cuidar daquele animal, pois ela está enlutada, passando por um processo difícil e com um vazio na casa dela. Primeiro ela precisa abrir caminhos para ressignificar a vida dela, porque agora está tudo desorganizado. Aquela rotina que existia foi quebrada, que era levar o animal para passear, brincar, tinha o cantinho dele, e vim com outro animal nem sempre é bom. Essa é uma decisão que tem que vir do tutor, se ele quer ou não ter outro animal. E muitos não aceitam exatamente por isso, porque não se sentem preparados para essa demanda emocional”, reforça a especialista.
Uma das alternativas para amenizar essa perda, segundo Cíntia Rezende, é criar um espaço que faça o tutor lembrar do seu animalzinho de estimação. De acordo com ela, escolher um local da casa e colocar itens que lembre do bichinho pode ajudar nesse processo de luto.
“Esse ritual é muito benéfico, pois irá mantê-lo presente, mas cada caso é um caso, pois há tutores que não conseguem ver nada que lembre do seu bichinho. Por isso é importante ter o acompanhamento de um profissional da área, para que ele dê suporte nesse momento, para que seja um processo saudável e ele seja acolhido. Vale lembrar que o animal também tem sentimentos, a única diferença do ser humano é que ele não fala. Eles também se apegam ao tutor, se sentem pertencentes àquela família, então quando seu tutor falece, ele também sente falta e precisa de cuidados”, conclui a médica veterinária e psicóloga Cíntia Rezende.