O Hospital e Maternidade do Satélite está com uma campanha para arrecadar fracos de vidro para o posto de coleta de leite materno. Até dezembro, a unidade tinha vidros sobrando, pois a doação de leite foi pouca. Mas em janeiro, com a boa arrecadação de leite materno, os frascos estão escassos.
“A quantidade de leite que recebemos em janeiro foi quase equivalente a todo o ano de 2019. Foram 2.000 ml, o que significa 2 litros de leite; é muito. Porque cada mãe doa no máximo 80 ml. Em janeiro, foram nove doadoras ativas”, explica Luciana Sebim, diretora do hospital.
Luciana detalha que as mães que fazem a ordenha em casa recebem orientação e um kit, com luva, touca, máscara, o frasco de vidro e um isopor. Toda mãe pode ser doadora, desde que tenha leite suficiente para saciar o bebê.
“Precisamos estar estimulando tanto a doação de leite como a dos frascos de vidro com tampa de plástico. Ele é caro, por volta de R$ 12,00, e nem todo mundo pode comprar”, pontua.
Equipe presta todas as informações e tira dúvidas das mães sobre a doação do leite - Foto: Assis Fernandes/O Dia
O leite recolhido na Maternidade do Satélite é encaminhado para a Maternidade Evangelina Rosa, onde ele é preparado para alimentar os bebês que estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Nós temos um espaço humanizado há 4 anos. A sala de coleta possui uma nutricionista, que é a responsável, e duas técnicas de enfermagem. As técnicas orientam sobre a amamentação e fazem o manuseio de como fazer a coleta do leite. A mãe que quer doar, não precisa marcar, é só vir e dizer que quer ser doadora”, orienta a diretora do hospital.
Já a mãe que quer doar de casa, faz a primeira retirada do leite, anota a data e pode colocar no mesmo frasco até no máximo 10 dias, sempre congelando. Mas Luciana Sebim recomenda que, com 5 dias de coleta, a lactante ligue para o hospital, pois tem um funcionário específico para buscar.
“Elas ligam pra cá porque o leite precisa vir dentro da bolsa térmica, temos um motoboy exclusivo, tanto para buscar o leite e levar o novo frasco esterilizado quanto para recolher frasco de doação. É importante que a mãe venha receber as orientações no hospital, pois a nutricionista aproveita para observar a pega do bebê, pesa a criança e fica fazendo avaliação nutricional de 0 a 2 anos”, conclui Luciana Sebim.
Empresa oferece suporte para mães coletarem leite no retorno da licença maternidade
O leite materno é o alimento mais importante para o bebê. Ele protege a criança contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, além de reduzir em 13% a mortalidade em crianças menores de 5 anos e também reduzir o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta. Esse tipo de alimentação, que deveria ser exclusiva pelo menos até os seis meses de vida do bebê, por vezes, é interrompida devido à necessidade da mãe voltar ao trabalho. Pensando neste momento delicado, uma indústria têxtil que atua em Teresina há 47 anos proporciona a suas colaboradoras um suporte especial.
“Quando a mãe retorna para trabalhar, ela tem todo o apoio no sentido de estar fazendo a ordenha nos períodos pré-determinados. A gente faz o armazenamento no congelador e, ao final do dia, ela leva pra casa. Fora isso, tem o acompanhamento da alimentação da mãe; elas têm que comer de três em três horas”, explica Luana Lima, do setor de Recursos Humanos da empresa.
Rosilda Vieira, de 40 anos, trabalha no estabelecimento têxtil há 15 anos e tece seu primeiro filho há nove meses. Ela descreve como foi o retorno ao trabalho após a licença maternidade.
“O primeiro dia foi muito ruim, tinha muita saudade do meu bebê, eu nem almocei no dia. Mas foi tranquilo, quando eu vim dar entrada na licença, a doutora me chamou e conversou comigo, eu já levei o kit para deixar o leite armazenado em casa uma semana antes de voltar pra empresa. Eu faço a ordenha duas vezes ao dia, às 10h da manhã e às 15h da tarde. O leite fica congelado e no final do dia levo pra casa e minha sogra faz o banho maria e dá para o bebê. Pra mim, é muito importante, eu adoro amamentar o meu filho”.
A gravidez de Rosilda foi sem risco e ela trabalhou até 12 dias antes de ganhar o bebê. Ela tirou férias e licença maternidade, assim, conseguiu ficar cinco meses com a criança. No retorno para a empresa, a rotina mudou, pois a ordenha passou a fazer parte do seu dia a dia.
Por outro lado, Luana Lima conta que algumas mães ainda resistem em fazer a ordenha devido crenças antigas sobre amamentação. “A gente presa pela qualidade de vida das mães, porque a mãe, às vezes, vem trabalhar com o peito cheio e não tem o apoio correto. Aqui temos os potes esterilizados e todas têm o kit que a empresa cede, armazena no congelador e, quando termina o expediente, ela leva pra casa e traz no outro dia”, conclui.
Por: Sandy Swamy, do Jornal O Dia