Estratégias de segurança voltadas para a prevenção ao crime baseadas na coletividade. É assim que o secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, define o modelo de segurança dos países asiáticos que pode vir a ser implantado no Estado. Chico Lucas integrou a comitiva piauiense que visitou a China, a Coreia do Sul e o Japão para tentar entender como os índices de violência destes países são tão baixos.
A conclusão a que os gestores chegaram foi a de que na Ásia, a segurança é trabalhada de maneira preventiva, não tendo apenas caráter punitivo, mas se articulando com outras áreas da administração pública para impedir que o crime venha a ser cometido em primeiro lugar. Isso, aliado a um sistema altamente tecnológico, permite que as autoridades policiais asiáticas consigam manter em um patamar mínimo as taxas de violência.
A questão tecnológica já havia sido apontada pelo governador Rafael Fonteles (PT) como uma das principais frentes de atuação na segurança asiática e que o Piauí deve adotar a partir de 2024. “A tecnologia oferece soluções inteligentes e possibilita a integração das ações de prevenção e combate ao crime, como serviço de atendimento de chamadas de emergência e a vigilância no trânsito”, afirmou o chefe do Executivo Piauiense.
Mas para o secretário de Segurança, Chico Lucas, além da tecnologia, o que mais chamou atenção no modelo de segurança dos países asiáticos e que é passível de ser aplicado no Piauí foi o ensino da cultura da coletividade como prevenção ao crime. De acordo com o secretário, na Ásia os cidadãos costumam ter bastante respeito pelo espaço do outro e não o violar. Dessa não violação, vem a cultura da paz.
O secretário afirma que o modelo de segurança dos países asiáticos se pauta na civilidade e no respeito às regras de convivência, algo que, segundo ele, ainda precisa ser trabalhado no Piauí e no Brasil como um todo.
“Se não tiver níveis de civilidade em que haja o respeito ao espaço comum, a pessoa não vai respeitar o patrimônio nem a vida do outro. Faz parte dessa evolução que a gente torne as pessoas respeitadoras das regras de convivência. A gente tem isso de não respeitar. A gente não respeita o outro. Na Ásia a cultura da coletividade é muito forte. Aqui a gente tem um individualismo exacerbado”, disparou o secretário.
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“A Segurança é a última etapa do processo de convivência”
No entendimento de Chico Lucas, a Segurança é a última etapa do processo de convivência. Antes da punição, há uma série de proibições que, segundo ele, as pessoas precisam entender para evitar chegar no último recurso, que é a privação da liberdade.
“Se você comete uma infração de trânsito e é multado, entenda aquilo como uma advertência para não fazer mais. O problema é que as pessoas entendem isso como um perdão pelo ilícito e fazem de novo. A gente precisa entender que regras precisam ser cumpridas. Temos uma tendência em desrespeitar as regras e, por consequência, desrespeitar o outro. Daí vem o crime. Daí a necessidade de punição e daí a a necessidade de acionar mais a segurança. Seria mais simples se a gente evitasse chegar na etapa final e prevenir o ilícito em primeiro lugar”, finaliza Chico Lucas.
Como acontece na prática?
No Japão, o policiamento é baseado no policiamento comunitário, sendo considerado por especialistas como um modelo mais preventivo que reativo. Na Coreia do Sul, o destaque é para o videomonitoramento das vias públicas com o uso de tecnologias de identificação e de vigilância. Na China, a tecnologia também é bastante empregada, inclusive com recursos de reconhecimento facial em câmeras de vigilância nas ruas e cruzamento de informações entre setores de Inteligência.