Desde a última segunda-feira (04) o transporte coletivo de Teresina encontra-se operando em um número reduzido e restrito apenas aos trabalhadores dos setores essenciais que dependem de ônibus para ir e vir do serviço durante esta pandemia. Mas até para eles, o deslocamento na cidade está comprometido. Isto porque em pouca quantidade, os veículos demoram a passar e as paradas de ônibus vão enchendo de gente e formando pequenos aglomerados.
Relato recebido pelo Portal O Dia dá conta de que os trabalhadores da zona Sul que não foram dispensados do serviço, especialmente aqueles que moram em bairros mais distantes, têm passado mais de duas horas nas paradas aguardando por um ônibus. Muitas vezes a espera vira desistência. É o caso do encarregado de pátio de uma concessionária na Frei Serafim, Antônio Marcos Ferreira.
Morador do Porto Alegre, ele conta que o bairro onde vive está sendo atendido por apenas uma linha que leva ao Centro, mas que o ônibus não tem horário certo para passar e demora até mais de uma hora no terminal entre uma viagem e outra. “Hoje cheguei na parada às 7h15 e não passou nenhum ônibus para o Centro. Eu vi ele descendo no sentido da parada final no bairro umas 8 horas, mas fiquei até 9 horas esperando ele voltar e nada. Então chamei um carro para não me atrasar ainda mais”, explica.
Moradores de bairros da zona Sul chegam a passar mais de duas horas esperando ônibus nas paradas - Foto: O Dia
De acordo com ele, a espera pelo ônibus, que em dias normais dura de 20 a 40 minutos, durante estes dias tem passado das duas horas. E o mesmo problema da ida para o trabalho se repete na volta para casa. Na terça-feira (05), Antônio Marcos conta que saiu do serviço por volta das 15h30 e a demora por um ônibus que fosse no sentido de seu bairro partindo da Avenida Frei Serafim foi tanta que ele só conseguiu chegar em casa por volta das 19 horas. Foram mais três horas de espera em uma parada de ônibus.
Antônio diz que entende a situação e as medidas que estão sendo tomadas pela Prefeitura no sentido de reduzir o número de gente circulando pela cidade, mas critica a forma como o funcionamento do transporte coletivo foi alterado. No entendimento dele, reduzir os ônibus em circulação significa aumentar o tempo de espera das pessoas que precisam sair para o trabalho e, consequentemente, contribuir para a formação de aglomeração nas paradas.
“Querem controlar a quantidade de pessoas que saem na rua, mas isso não está funcionando. Os ônibus demoram, a gente vai se acumulando nos pontos e quando o ônibus vem, as vezes não tem nem como ficar longe um do outro porque ele já chega com alguma lotação”, explica.
Frota está reduzida e operando apenas para os trabalhadores dos serviços essenciais - Foto: O Dia
E os prejuízos, segundo ele, não ficam apenas no tempo perdido em espera por uma condução e na exposição à violência nas paradas de ônibus com a cidade praticamente vazia. Antônio Marcos também tem sentido no bolso os impactos da pandemia no transporte coletivo. Na viagem de ida para o trabalho em um carro por aplicativo, por exemplo, ele diz que gasta até cinco vezes mais que o valor da passagem de ônibus.
“Se não tiver alguém que vá deixar e pegar, uma carona que seja, a gente tem que tirar do próprio bolso se quiser continuar trabalhando e não são todos os setores que pararam. Ainda tem alguma demanda e seria bom se revissem isso”, finaliza.
O outro lado
O portal O Dia procurou a Superintendência de Transportes e Trânsito de Teresina (Strans) que informou, por meio de sua assessoria, que o novo modelo de funcionamento do transporte coletivo da capital está sendo diariamente avaliado para se identificar quais linhas estão tendo mais demanda. Os ajustes serão feitos de maneira gradual e o órgão estudará como está a distribuição das linhas de ônibus.
A Strans lembrou ainda que no primeiro dia, a quantidade reduzida de ônibus tinha suprido a necessidade, mas que tem se visto mais pessoas nas ruas e gente descumprindo o decreto de isolamento social. Tudo isto está sendo levado em conta, segundo o órgão, para que sejam feitos os ajustes necessários.
Confira a nota da Strans na íntegra:
Sobre a denúncia de pouco ônibus no porto alegre a Gerência de Planejamento da Strans informa que está fazendo avaliação da forma de funcionamento do transporte coletivo exclusivamente para trabalhadores dos serviços essenciais. Adequações estão sendo feitas conforme a demanda e reforço está sendo providenciado.
Por: Maria Clara Estrêla