Moradores do Parque Piauí e de outros bairros da zona sul de Teresina iniciaram neste domingo (4) a ocupação da praça localizada em frente ao Clube dos Cem, na Avenida Henry Wall de Carvalho.
Eles querem impedir que a Prefeitura de Teresina derrube as árvores da praça para construir um novo terminal de integração do transporte público.
Grupos de 15 a 20 pessoas estão se revezando no local e pretendem manter a ocupação durante os próximos dias, pois eles temem que o corte das árvores inicie ainda esta semana.
Há cerca de cinco dias a Prefeitura começou a colocar tapumes ao redor da praça. Na manhã deste domingo, moradores da região e participantes do movimento denominado #OcupaAPraça retiraram algumas das placas de metal.
Para impedir novos ataques à estrutura, a Polícia Militar foi acionada e deve permanecer no local acompanhando a ocupação.
A professora Iuna Paiva, que mora há 28 anos no bairro Parque Piauí, reclama que a Prefeitura não ouviu os moradores da região antes de decidir transformar a praça num terminal de ônibus."Não fomos informados sobre a quantidade de árvores que precisarão ser sacrificadas nem o prazo previsto para realização da obra. Sequer um projeto foi apresentado aos moradores. A única certeza que nós temos é que haverá um grande impacto ambiental. Antes, a gente já sabia que seria construído um novo terminal, mas não imaginávamos que seria preciso derrubar árvores", protesta Iuna.
A professora acrescenta que a praça tem um grande valor sentimental para os moradores da região. Alguns deles, inclusive, ajudaram a plantar as árvores que hoje estão ameaçadas.
Os ativistas sugerem que o terminal de integração seja construído no distrito industrial da zona sul, que fica próximo da praça. Eles pedem que a Prefeitura esclareça as dúvidas a respeito da obra e discuta com a população uma alternativa, para que a praça não sofra intervenções em sua estrutura.
Matheus Mendes, da Rede Ambiental do Piauí (REAPI), entidade que participa do movimento #OcupaAPraça, ressalta que praticamente todos os moradores do Parque Piauí e dos bairros adjacentes apoiam a causa. "Muitos estão participando da ocupação e outros estão nos dando o maior apoio, trazendo água, alimentos, redes e colchões. Com a implantação desse terminal na praça o fluxo de veículos deve crescer de forma expressiva, aumentando a poluição do ar e a poluição sonora. Um agravante é que nos arredores da praça existem várias casas, boa parte delas com idosos, que terão a saúde afetada", argumenta Matheus.
Outro lado - Em resposta ao movimento #OcupaAPraça, a Prefeitura de Teresina informou que todos os locais onde estão sendo construídos os terminais de integração foram escolhidos após uma ampla consulta popular, inclusive com a opinião dos moradores da região, que salientaram a necessidade de o terminal ser erguido num ponto acessível e estruturado.
A PMT destaca que o distrito industrial, além de não atender esse requisito, também não possui uma área pública apta a receber um terminal de ônibus.
"A Prefeitura ouviu a população e fez um levantamento para decidir em quais pontos seriam construídos os terminais, que são indispensáveis para melhorar a mobilidade urbana em Teresina. É importante esclarecer que todas as 177 árvores retiradas da praça serão replantadas em outros locais na região. Além disso, mais 177 novas árvores serão plantadas para compensar o impacto causado", informou a Secretaria de Comunicação da PMT.
O órgão acrescenta que na atual gestão foi criado o Comitê de Arborização da cidade, e que cerca de 200 mil novas árvores foram plantadas apenas nos últimos dois anos.