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"O campo pode ser o motor do desenvolvimento do Piauí", diz Regina Sousa

Em entrevista ao O Dia para este Dia do Piauí, a governadora do Estado comenta os desafios da gestão e fala sobre seu futuro político.

19/10/2022 12:36

Há sete meses como governadora do Piauí e a dois de deixar o cargo, Regina Sousa (PT) tem a experiência neste 19 de outubro de comemorar o Dia do Piauí com a faixa de chefe do Poder Executivo estadual no ombro. Em entrevista concedida ao O Dia no Palácio de Karnak, a governadora comentou que o campo pode ser o grande impulsionador da economia do Piauí, revelou os desafios de comandar a máquina estadual e comentou sobre seu futuro político. 



Regina Sousa, governadora do Piauí pelo PT - Foto: Jailson Soares/O Dia

A senhora está com 72 anos e pela primeira vez vai celebrar o Dia do Piauí sentada na cadeira de governadora. Qual é o sentimento?

É uma honra ser governadora. Foi um exemplo de superação que serve para as pessoas assimilarem que é possível quem nasceu como eu nasci, que era para repetir o destino de minha mãe, do meu pai, e estou aqui governando o Piauí. Comemorar o dia do Piauí é vivenciar o papel desse estado na história do Brasil. Nessa data a piauiensidade se aflora na gente em saber que o Piauí teve um papel importante na independência do Brasil. O Piauí é responsável pelo Brasil ser do tamanho que é. A história do Piauí é a história da gente. Temos essa missão de repassar para os mais novos para eles se orgulharem do estado que têm. 

No dia 31 de dezembro, a senhora passará a faixa para o governador eleitor Rafael Fonteles. Qual legado será deixado pela sua gestão para o Piauí?

Nove meses é muito pouco para aquilo que as pessoas consideram grandes coisas. Eu considero grandes coisas que fiz a questão do campo, como os títulos de terras, legalizar a terra das pessoas que moram ali há muitos anos. Entreguei título de terra para pessoas que lutaram comigo nos anos 1970 na luta pela terra. Muitos já morreram, mas entreguei para os filhos e foi um momento de grande emoção. Finalmente se tornaram donos da terra. Foram 3 mil títulos de 2019 para cá. As pessoas podem não entender, mas para aquela gente é uma grande obra. E temos muitos projetos de regularização de terra quilombola e indígena. Asfalto é importante, mas entre 50 mil metros de asfalto ou um quintal agroecológico que eu sei que as pessoas vão produzir, o quintal produtivo é muito mais importante. O asfalto custa R$ 6 milhões, o quintal produtivo custa R$ 122 mil e pode sustentar 20 mil famílias. 


"Entreguei título de terra para pessoas que lutavam comigo nos anos 1970. Muitos já morreram, mas os filhos receberam o direito e foi um momento de grande emoção. Para aquela gente, isso é uma grande obra." - Regina Sousa



Foto: Jailson Soares/O Dia

A senhora tem uma história voltada para essa defesa do campo, o que também está na raiz no partido dos trabalhadores. Qual a importância do campo para o Piauí?

O campo é responsável pela segurança alimentar e, principalmente, a agricultura familiar. O agronegócio produz muito mais, gera divisas para o Estado, mas não é o alimento comum da gente. É muito mais para a exportação. Precisamos investir na agricultura familiar. 35 mil famílias do Piauí saíram da extrema pobreza através de programas voltados para o campo, da criação de pequenos animais, da extração do mel, da castanha de caju. O campo é o celeiro da alimentação saudável. O povo do campo come melhor que o da cidade. O campo pode ser um grande desenvolvedor desse estado. É só investir um pouco mais nele. 

O agronegócio tem se expandido muito no Piauí. Qual o papel desse setor na economia do Piauí?

O agronegócio não é incompatível com a agricultura familiar. O problema é que quando o agronegócio chega já com os tratores e assusta. Não precisa isso. Tem que chegar conversando com a comunidade que já mora ali naquele lugar e explicar que está chegando para trabalhar como parceiro. Você vai chegar com suas máquinas, que tal oferecer uma máquina para esse cidadão que está lá te rejeitando? É possível conviver sem nenhuma prejudicar a outra. O problema é forma de chegada. 


Foto: Jailson Soares/O Dia

Após esses nove meses como governadora, o que a senhora planeja para o seu futuro político? 

Estamos num esforço para fechar as contas. Quem termina governo não pode deixar pendência para o outro governo. Tenho que sair deixando tudo “redondinho” e entregar para o governador. Eu já tinha experiência de gestão como secretária. Mas governar o todo o desafio é você saber de tudo que acontece. Tem coisa que acontece que você vai saber depois. O governo é uma máquina de moer. Não é fácil. Nesses últimos dias tenho trabalhado de 10 a 12 horas direto, sem sair para almoçar. Dizem que depois da tempestade vem o arco-íris. Acho que vou correr atrás dele. Claro que não vou deixar de cuidar da minha missão nessa terra e do meu resto de vida que é cuidar de quem mais precisa. 

Rafael Fonteles foi eleito governador e vai receber a faixa da senhora. Com a sua experiência de vida e de governo, qual orientação passará para o novo governador? 

O Piauí é um estado único, assim como cada pessoa tem seu jeito. Cada um tem seu jeito de governar. Agora, a gente governa com as ideias do Partido dos Trabalhadores e seus aliados. Não vamos fugir disso. A gente pode fazer um Estado melhor se a gente conhecer o Estado. Conhecer o estado não é só conhecer o “miolo” das cidades. Tem que ter tempo para chegar nas comunidades. Sempre digo ao Rafael (Fonteles) que é preciso um tempo para visitar as comunidades. Não tenho dúvida que o Rafael vai fazer um grande governo. O povo do Piauí vai se orgulhar muito.

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