Porém, muitos pacientes reclamam da suspensão do serviço, que facilitava a busca pelas consultas nem a necessidade de faltar ao trabalho. É o que explicou o auxiliar de pedreiro Paulo Henrique Costa da Silva, de 39 anos, que precisou se ausentar das atividades nesta sexta-feira (10) para se consultar. 

“Nem todo mundo pode faltar ao trabalho para vir se consultar, mas é o jeito. Se o Ambulatório do Trabalhador voltasse a funcionar, dava para ir trabalhar durante o dia e a noite eu vinha fazer a consulta, principalmente para o homem, que já não gosta de ir ao médico e ainda trabalha o dia todo, aí já usa isso como desculpa para não procurar um médico”, disse. 

O pedreiro Raimundo da Silva, de 45 anos, também enfatizou que a reativação do Ambulatório do Trabalhador traria muitos benefícios à população, sobretudo pelo horário de atendimento ser após o expediente, permitindo que os trabalhadores não faltem ao emprego. 

“Ter médico à noite é bom, e eu acho que deveriam reativar o ambulatório. Eu estou faltando no trabalho hoje para consultar, mas vou ter que compensar outro dia para pagar a falta de hoje. Fora que perdemos o dia inteiro no hospital esperando a consulta porque tem muita gente esperando atendimento”, destacou o pedreiro. 

O auxiliar serviços gerais Inácio de Sales Barbosa, de 32 anos, é da cidade de Miguel Alves e desde a quinta-feira (09) está indo de um lado para o outro no Hospital Lineu Araújo realizando suas consultas. “Se o ambulatório funcionasse à noite eu podia vir no final da tarde e ir embora pela manhã, mas como não funciona, eu tive que vir para cá na quinta e perder dois dias de trabalho”, finalizou. 

Segundo o diretor geral do Hospital Lineu Araújo, Herbert Marques, o Ambulatório do Trabalhador deixou de funcionar por razões jurídicas. Ele explicou que os médicos que atendiam os pacientes no turno noturno também clinicavam no período da manhã ou tarde, e que foram convidados a trabalhar no horário da noite. Contudo, o setor jurídico da Fundação Municipal de Saúde (FMS) alegou que essa atitude era irregular, vez que haviam médicos concursados aguardando a convocação. 

 “Os médicos da noite tiveram que sair porque estavam ilegais, e os concursados foram chamadas para assumir suas vagas normais, mas não no turno da noite, e por conta disso o ambulatório parou de funcionar. Além disso, também teve a questão da demanda, que era pequena, ainda mais porque as ruas aqui próximas ao Lineu Araújo são muito desertas porque as pessoas tinham receio de vir para cá a noite”, frisou. O diretor geral enfatizou que não há perspectivas de que o Ambulatório do Trabalhador volte a funcionar, vez que os médicos que atendem no turno manhã e tarde estão conseguindo atender à demanda de pacientes que buscam o hospital. Herbert Marques acrescentou ainda que, quando há alguma demanda reprimida em alguma especialidade, são feitos mutirões que acontecem quinzenalmente.