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Pandemia paralisou doação de orgãos no Piauí

Segundo a Dr. Lourdes Veras essa realidade deve mudar nos próximos dias com a reabertura dos ambulatórios para consultas.

10/09/2020 10:18

O "Setembro Verde" é utilizado por especialistas para trabalhar a conscientização da doação de órgãos. No Piauí, mesmo com a pandemia a fila de espera por transplante de órgão continua com a média de pacientes. Mas segundo a doutora Maria de Lourdes Veras, coordenadora da Central de Transplante do Piauí, isso ocorreu porque a demanda de atendimento está reprimida.


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"Ficamos praticamente cinco meses fechados, as consultas médicas estavam atendendo mais as urgências. Tanto é, que durante a pandemia, só fizemos mais transplante de urgência em relação a córnea, porque todos os transplantes de coração pararam, para manter a segurança das condições sanitária. Nós estamos retirando somente doadores de múltiplos órgãos, por que são esses doares que nos dá tempo de fazer história clínica, epidemiológica e de fazer os exames da Covid- 19", diz Maria de Lourdes Veras.

De acordo com dados cedidos pela Secretaria de Saúde do Estado (SESAPI), há 568 pacientes classificados como potenciais recebedores de órgãos transplantados. São 392 ativos na lista de espera por córnea e 176 ativos na lista de espera por um rim.


Dr. Maria de Lourdes Veras diz que durante a pandemia somente foram realizados transplantes de urgência. Foto: Assis Fernandes 

Em relação aos dados, a Doutora Maria de Lourdes Veras, afirma que esses números podem mudar em breve com a reabertura dos ambulatórios. "A fila da córnea sempre foi alta mais a gente espera que agora, abrindo os ambulatórios para consultas, com certeza esse número vai aumentar muito, porquê fechou pra tudo, e as pessoas não estavam tendo acesso para consulta médicas ambulatoriais. Neste período de pandemia todo mundo postergo e algum problema que podia esperar foi postergado, as pessoas estavam indo procurar atendimento médico somente para urgência ”, conclui.

A nível nacional, a realidade foi outra, no mês de julho, o Ministério da Saúde apontava que a fila era de mais de 46 mil pacientes. Segundo, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) a espera aumentou 30% durante a pandemia de Covid-19, também devido à doença, já que pessoas que vieram a óbito com suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus tiveram que ser descartadas como doadoras.

Transplante

O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas), a fim de aumentar a expectativa de vida ou a qualidade de vida de uma pessoa doente.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Estado do Piauí de janeiro a junho de 2020, possuía 30 notificações de potenciais doadores, porém 28  destes não puderam doar, sendo que 22 pessoas se enquadravam como doadores elegíveis, mas apenas, 2 doadores foram efetivos.


No Piauí, de janeiro a junho tiveram somente duas doadoras efetivas. Foto: Elza Fiúza/ Agência Brasil 

Sobre os dois doadores de órgãos efetivos, o levantamento mostra que eram duas mulheres, sendo que uma faleceu por Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) e outra por Acidente Vascular Cerebral (AVC), ambas possuíam entre 50 e 64 anos.

Em relação ao motivo que as pessoas não puderam ser doadores no Piauí, a ABTO explica que dos 30 possíveis doadores, 16 realizaram a entrevista e 13 se recusaram. Além disso, a pesquisa informa que deste total (30), nove pessoas tiveram contra-indicação médica para doar órgãos,  três sofreram parada cardíaca e outros três, não foram informadas as causas.

Transplante de Córnea

O índice de conscientização da população em relação aos procedimentos envolvidos na doação de órgãos ainda é baixo. No caso da doação de córnea, as pessoas na lista de espera passam por avaliação de um oftalmologista e tem o procedimento indicado somente para doenças da córnea. 

Segundo a oftalmologista, Dra. Natália Brandão, especialista em córnea, vários problemas podem afetar a córnea, como ceratocone, úlceras, infecções, traumas, cirurgias intraoculares, distrofias e degenerações, entre outros.

Dra. Natália Brandão explica que ainda existe muita desinformação a cerca da doação de órgãos. Foto: Ascom

“Com a doação, milhares de pessoas que estão na fila de transplante poderão recuperar a visão. O ato de doar não acarreta gastos a família do doador, os custos envolvidos são cobertos pelo Banco de Olhos, que são os responsáveis pela captação e conservação da córnea doada”, ressalta a médica.

Natália Brandão destaca ainda, que existem dois tipos de transplante de córnea. “O penetrante que consiste em fazer a substituição da espessura total da córnea e o lamelar, também o mais comum, a substituição é parcial”, explica a oftalmologista.

Como ser doador

Para ser um doador é importante conversar com a família a respeito do assunto, pois por lei a doação só será realizada após a autorização da família. Quem pode autorizar a doação: pai, mãe, irmãos, filhos, avós, netos e o cônjuge. Um único doador pode salvar inúmeras vidas, já podem ser transplantados: coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia. Abrace essa causa! Você pode salvar um olhar!

Por: Sandy Swamy
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