Um balanço realizado pelo #Disque100 divulgou o número de casos de denúncias de violências contra LGBT no primeiro semestre de 2018. O Piauí ocupa a terceira posição no ranking nacional, quando se leva em consideração a taxa de denúncias recebidas a cada grupo de cem mil habitantes. Com 16 casos repassados para a Secretaria de Direitos Humanos, a taxa de denúncias do Estado é de 0,51.
Para efeito de comparação, em primeiro lugar está o estado da Paraíba, com 30 casos e uma taxa de 0,80 casos para cada grupo de cem mil habitantes. Em segundo lugar aparece Goiás com 32 casos e uma taxa de 0,53.
Segundo o levantamento do Disque 100, em todo o Brasil foram contabilizadas 713 denúncias. Estas denúncias contemplam 1.187 diferentes tipos de violências contra LGBT, sendo as mais frequentes a violência física, psicológica e discriminação. Além dessas, também aparecem no levantamento outras tipificações como assédio sexual e assédio moral, por exemplo.
Aqui no Piauí, segundo dados do Grupo Matizes, que luta pelos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, em 2017 foram registradas duas mortes por intolerância de gênero. Até agosto desse ano, já foram oito homicídios contabilizados pela organização.
De acordo com a coordenadora do grupo Matizes, Marinalva Santana, o melhor caminho para diminuição da violência contra LGBT é a denúncia. “Infelizmente, o Piauí tem se notabilizado por ser um dos estados em que mais há registro de violação dos direitos contra os LGBT, e isso só mudará se houver manifestações e denúncias. Silêncio não é resposta”, afirma.
Marinalva Santana, coordenadora do Grupo Matizes (Foto: Moura Alves/O Dia)
A presença do preconceito no cotidiano de pessoas LGBT foi sentida de perto por Camille Sousa, mulher transexual que uma das vítimas de intolerância por gênero. “Eu estava em uma casa de show, quando fui ao banheiro e o dono pediu que os seguranças me barrassem. Eles, no meio de todo mundo, me disseram para entrar no banheiro de deficientes. Questionei que tipo de deficiência eu tinha”, relata.
De acordo com Camille é importante denunciar para que essas situações de intolerância não fiquem impunes. “Existe muita falta de compreensão, de se colocar no lugar do outro”, completa. Camille menciona ainda que enfrentou dificuldades em usar seu nome social na instituição de ensino superior onde estuda.
“Quando cheguei à faculdade, não me respeitavam por eu optar por meu nome social e não meu nome de registro. Por isso é importante denunciar, para que suas escolhas sejam respeitadas”, finaliza Camille.
Edição: Maria Clara Estrêla e Viviane MenegazzoPor: Geici Mello