Em entrevista exclusiva ao O Dia, a delegada Eugênia Villa comentou o perfil das vítimas de feminicídio no Piauí. Em um levantamento realizado para sua tese de doutoramento, a delegada conseguiu traçar o perfil das mulheres assassinadas por violência de gênero no estado.
Segundo ela, a maioria das vítimas é morta aos domingos e dentro da própria residência.
Os dados coletados pela delegada consideram os crimes cometidos no Piauí no período de 10 de março de 2015, dia em que foi instituída a Lei do Feminicídio, e 31 de dezembro de 2018, tendo como fonte os dados registrados no sistema da Polícia Civil, no sistema Themis Web do Tribunal de Justiça do Piauí e nas peças dos inquéritos policiais.
Os dados são resultado da tese de doutoramento da delegada Eugênia Villa. (Foto: Arquivo O Dia)
De acordo com a pesquisa, os crimes contra a mulher por razões da condição de sexo feminino são cometidos predominantemente aos domingos e no âmbito familiar, ou seja, na casa da própria vítima. Além disso, a delegada comenta que as vítimas são, em sua maioria, adultas, com idades entre 30 a 59 anos.
“No Piauí, podemos dizer que prevalecem como vítimas as mulheres de cor parda e solteiras. [Vale ressaltar] que a vítima não é autodeclarada, então fica a critério do médico legista dizer qual é a cor da vítima, assim identificamos que em sua maioria são mulheres da cor parda”, destaca a delegada.
Além disso, em contraponto aos dados divulgados pelo Painel de Violência Contra Mulheres, relatório do Senado Federal, que aponta que a maioria das vítimas no Piauí, entre 2015 e 2016, foram mortas pelo uso da arma de fogo, a pesquisa realizada pela delegada mostra que durante os três anos de vigência da Lei do Feminicídio o instrumento mais utilizado para a prática do crime foi a arma branca.
O perfil traçado pela delegada pode ser percebido em crimes de grande repercussão no estado, como o caso da professora Selene Veras, assassinada com 26 facadas dentro da própria residência em um domingo, dia 03 de junho de 2018. O crime ocorreu no povoado Lameiro, próximo à cidade de Luís Correia, litoral do Estado. A vítima deixou uma filha de apenas sete anos.
Por: Nathalia Amaral