Na semana passada, uma mãe flagrou a própria filha sendo abusada pelo padrasto em Teresina. Também em Teresina, uma diarista foi violentamente estuprada por um advogado e outras vítimas do acusado já começaram a sair do silêncio e fazer novas denúncias. A despeito das consequências judiciais destes crimes, o que ficam também são sequelas psicológicas em quem sofre este tipo de violência.
Aqui em Teresina, pelo menos 1.051 mulheres vítimas de violência já buscaram atendimento junto ao Centro Esperança Garcia entre os meses de janeiro a julho deste ano. Desde sua criação até hoje, já são 5.700 mulheres acolhidas e assistidas. O centro é referência e espaço de oportunidade para a ruptura do ciclo de violência praticada contra elas e este número reflete não só um avanço no enfrentamento dos abusos praticados contra as mulheres, como também mostra que elas têm buscado sair de seu ciclo de silêncio para serem vistas e ouvidas.
“Mesmo a demanda velada ainda sendo grande, os atendimentos realizados destacam que as mulheres estão buscando essa liberdade e percebendo a necessidade de procurar ajuda para romper os ciclos de violência às quais estavam submetidas”, explica a coordenadora do Centro Esperança Garcia, Lidiane Silva.
Foto: Divulgação
De acordo com ela, a maior parte das mulheres atendidas pelo Centro já passaram por diversos tipos de violações de direitos, indo desde a violência física à violência patrimonial. É o que também pontua a psicóloga Tanadra Calassa, que atual no Esperança Garcia: “elas chegam aqui no limite, na maioria das vezes são mulheres que vêm já com um grande risco de sofrerem feminicídio. E aqui elas encontram acolhimento sem julgamentos, respeitando sempre o tempo delas e buscando preservar a vida em um trabalho de desnaturalizar as violências, de fazê-las perceberem e terem consciência do que se passa e direcionar quais são as medidas que elas irão tomar quando desejarem”.
No Centro de Referência Esperança Garcia, as mulheres vítimas de violência encontram atendimento personalizado e sigiloso, além de acompanhamento psicológico, assistência social e orientação jurídica. Também são realizadas práticas integrativas como forma de enfrentamento às violações de direito sofridas.
Uma das que teve seus direitos violados e encontrou apoio para superar o ciclo de violência no trabalho realizado pelo Centro foi M.A.S, de 42 anos. Ela conta que sofria violência psicológica e patrimonial do antigo companheiro e que, após uma visita ao Conselho Tutelar, foi orientada a procurar o Centro Esperança Garcia. “A gente tem que entender que podemos ser mulheres mais fortes, mais livres e que podemos também ajudar outras mulheres em situações semelhantes”, afirma.
O Centro de Referência Esperança Garcia é mantido pela Ação Social Arquidiocesana (ASA), fica localizado na Rua Benjamin Constant, 2170, Centro-Norte, e funciona de segunda a sexta das 8h às 17h. Também são feitos atendimentos por telefone através dos números (86) 99416-9451 ou 3233-3798.
Por: Com informações da Ação Social Arquidiocesana