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Covid no Piauí: pico da segunda onda pode ter 40 mortes por dia, diz pesquisador da UFPI

Segundo o matemático, o estado ainda está no início da segunda onda e deve atingir o pico no final de março.

08/03/2021 11:36

Com o crescente número de casos confirmados e óbitos por covid-19 nos últimos dias no Piauí, confirmam as previsões matemáticas que apontavam que o estado enfrentaria uma segunda onda da doença no início de 2021. De acordo com o professor de Matemática da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Jefferson Leite, a estimativa é de que o estado alcance o patamar de 40 mortes diárias até o final de março. O maior número registrado até o momento foi de 36 mortes, no dia 03 de julho de 2020.

Foto: Mário Oliveira/Fotos Públicas

O professor faz parte do Grupo de Pesquisa do Hospital de Campanha do Estado, que reúne diversos pesquisadores para analisar os números da pandemia no estado desde março do ano passado. Segundo ele, a situação crítica pela qual o Piauí está passando já era prevista pelos pesquisadores há três meses. “Desde novembro fizemos um estudo que previu uma segunda onda no Piauí em meados de fevereiro. Faço parte do grupo de matemáticos que integra o Consórcio Nordeste e já sabíamos disso há meses, então não é uma surpresa”, afirma.

De acordo com os dados divulgados pelo Painel Covid, da Secretaria de Estado de Saúde (Sesapi), março vem se consolidando como o mês com maior número de óbitos desde o pico da primeira onda do novo coronavírus, entre os meses de julho e agosto. No entanto, para o pesquisador, a curva de contaminação deve piorar ainda mais nos próximos dias.

“Isso é reflexo de 15 a 20 dias atrás, o que nos leva a perceber que essa segunda onda vinha forte desde fevereiro. Estamos observando que as eleições, festas de fim de ano e o carnaval com festas clandestinas influenciaram para que essa segunda onda se tornasse mais forte no mês de março, porque fez com que várias pessoas tivessem contato com o vírus”, destaca.

O professor avalia que a quantidade de casos registrados na última semana, como o recorde de casos da última sexta-feira (05), só terá um reflexo no número de mortes no decorrer do mês, uma vez que, os óbitos registrados hoje, por exemplo, são o reflexo de um contágio que ocorreu dias atrás. “Se formos olhar para trás, essas 25 mortes vieram dos 600 casos que estavam sendo registrados. Esses números vão piorar para meados desse mês, vamos chegar em uma média de 30 a 40 mortes por dia”, afirma. 

Sistema de saúde de Teresina está em colapso, avalia professor

Outro ponto que deve contribuir para o elevado número de óbitos pela doença, é a crise do sistema de saúde. Segundo o professor Jefferson Leite, Teresina já enfrenta um colapso na Saúde, com uma taxa de 86% de ocupação dos leitos exclusivos para pacientes com covid-19. Dos 242 leitos de UTI disponíveis para pacientes graves, apenas 39 estão vagos, sendo 29 na rede pública (incluindo seis leitos para gestantes e seis para crianças). Nos hospitais privados, por exemplo, quase não há mais vagas. Além disso, quatro dos cinco hospitais da rede particular com UTIs para pacientes com covid-19 estão com ocupação acima de 90%.

“Vamos passar por mais dificuldades porque não nos preparamos como nos preparamos na primeira onda. Tínhamos mais leitos de UTI disponíveis, tínhamos hospitais de campanha que faziam a regulação de pacientes e desmontamos esses hospitais de campanha. Agora chegou a hora em que precisamos efetivamente e estamos a mercê. Todos os hospitais públicos estão lotados, você só consegue leito de UTI se alguém morrer. Temos relatos informando que já existem pessoas na fila esperando leitos de UTI, e é algo que não passamos na primeira onda”, denuncia.

Segundo ele, sem medidas mais rígidas de isolamento social, como o lockdown, não há como barrar o crescimento do número de pessoas contaminadas pelo vírus. O professor faz um comparativo com a primeira onda, em que as medidas de isolamento social, com o fechamento das atividades econômicas e sociais, fizeram com que o surto da doença fosse controlado no Piauí.

“Em maio do ano passado, fizemos um trabalho com a Prefeitura de Teresina para tentar barrar o crescimento dos casos. Agora, com uma onda mais forte, não fizemos lockdown e nem isolamento social, o que nos faz ter certeza de que estamos numa crescente no número de casos”, finaliza.

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