No Piauí, existe uma persistente violação de direitos
humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs). É o que
faz entender o relatório do Disque Direitos Humanos (Disque 100),
disponibilizados pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da
República, que mostra que, há seis anos, o Piauí passeia entre as cinco
primeiras colocações por conta do maior número de denúncias, considerando a
proporção por número de habitantes, registradas em todo o país. Tudo isso mesmo
com realização constante de campanhas que buscam conscientizar a população.
De acordo com o levantamento, nos últimos seis anos, o
estado já ocupou três vezes a primeira colocação na quan-tidade de denúncias.
Os anos mais violentos no estado foram os de 2011, 2013 e, até então, 2016. No
primeiro ano da pesquisa, o Piauí registrou 107 denúncias, ficando com a taxa
de 3,43 para cada 100 mil habitantes, número quase seis vezes maior que a média
nacional, que foi 0,61 no respectivo ano.
Neste ano, o primeiro lugar se repete. Já foram registradas
11 denúncias de agressões ao público LGBT de janeiro a abril, o que corresponde
a uma taxa de 0,35 para cada 100 mil habitantes, acima da média nacional de
0,22.
As várias ações de conscientização ainda não reduziram os números negativos (Foto: Arquivo O Dia)
É preciso entender o que é caracterizado no relatório.
Entende-se por homofobia, o preconceito ou discriminação (e demais violências
daí decorrentes) contra pessoas em função de sua orientação sexual e/ ou identidade
de gênero presumidas, que possui um caráter multifacetado e abrange mais do que
as violências tipificadas pelo código penal.
Mesmo os números apontando grave quadro de violências
homofóbicas, acredita-se que haja uma subnotificação de casos. Em 2013, de
acordo com o Disque 100, o Estado voltou a figurar na primeira posição,
registrando 104 denúncias.
O levantamento destaca os tipos de violência registradas.
Entre elas estão a discriminação, violência física, institucional, psicológica
e sexual. Os registros mais comuns no Piauí são a discriminação, violência
física e psicológica. Sendo essa última, manifestada através de ameaças,
calúnia, injúria ou difamação, chantagem, hostilização, humilhação e
perseguição a gays, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais.
Além disso, há perfis que sofrem esses tipos de violação de
forma ainda mais intensa. Ao analisar o relatório, é possível identificar o
perfil das vítimas e dos suspeitos de praticar os diversos tipos de agressão
aos LGBTs no Piauí.
As vítimas geralmente têm o sexo biológico masculino, são
travestis com idade entre 18 e 24 anos, de cor parda ou negra. Os agressores
são a maioria homens, brancos, das mais variadas idades. Geralmente são
desconhecidos ou vizinhos das vítimas.
Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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