As chuvas que
atingem várias regiões do Piauí nas últimas semanas acendem o alerta para os
problemas urbanos que se repetem anualmente, como enchentes, alagamentos e muitos
transpormos aos moradores. O risco de famílias ficarem desabrigadas já é real
em alguns municípios, enquanto outros mobilizam equipes para evitar a repetição
do drama de anos anteriores.
Leia também: Bairros da zona Leste de Teresina passam mais de 12 horas sem energia
Norte do Piauí pode ter alagamentos e enxurradas, aponta Cemaden
Para o Conselho
de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU-PI), o problema é motivado pela origem das cidades às margens de rios e o crescimento desordenado sem levar em
consideração dos limites da natureza. O conselheiro Anderson Mourão defende que só
o planejamento com respeito a biodiversidade é capaz de evitar os problemas.
“Todas as
cidades tem o percurso das águas, historicamente. A maior parte das cidades se
localizam próximas de rios, isso é uma estratégia logística e econômica. É preciso respeitar
o limite dos rios e fazer um planejamento de expansão das cidades, um planejamento
econômico, habitacional. Com planejamento, respeitando a biodiversidade, o meio
ambiente é possível evitar esses problemas”, afirma.

Anderson Mourão (Foto: Jailson Soares / O Dia)
Anderson
Mourão orienta que as cidades que já sofrem com os transtornos causados pelas
chuvas devem reorganizar seu desenvolvimento. “Quando se tem a falta desse
planejamento, você tem que conviver com esses problemas de drenagem. O poder
público tem que mapear essas áreas de conflito para tirar as famílias dali e
ocupar áreas seguras. Só assim para evitar que isso se repita todos os anos”,
complementa.
O conselheiro
explica que uma ferramenta para garantir o crescimento planejado das cidades é
o Plano Diretor, instituído desde 2001 para municípios com população acima de
20 mil habitantes. Através dele é possível dialogar com a população e definir
uma expansão respeitando as medidas ambientais. Porém, no Piauí, poucos gestores
aderiram ao plano.
“O Plano Diretor é obrigatório para cidade
acima de 20 mil habitantes. No Piauí, temos cerca de 30 cidades com essa
população e menor da metade tem seu Plano Diretor. Ele é fundamental para entender
melhor a cidade, a movimentação econômica, a preservação ambiental e cultural e
com isso você consegue planejar a cidade antes de ocorrer os problemas”,
finaliza.
É permitida a reprodução deste conteúdo (matéria) desde que um link seja apontado para a fonte!