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Por causa do coronavírus, venda de vitamina C cresce 234% no Piauí

No Brasil, a média de crescimento na venda do medicamento ficou em 180,01%

04/05/2020 17:32

A pandemia do novo coronavírus influenciou a população do Piauí no consumo de medicamentos, segundo apontou uma pesquisa do Conselho Regional de Farmácia do Piauí (CRF-PI). Os dados mostram que cresceu a venda de medicamentos que de alguma forma foram relacionados com a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. 

A tradicional vitamina C (ácido ascórbico), que através de Fake News foi tida com uma forma de prevenir a doença, foi o medicamento que mais apresentou crescimento de procura nas farmácias. Em comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas do ácido no Piauí subiram 234%. No Brasil, a média de crescimento na venda do medicamento ficou em 180,01%.

A busca por sulfato de hidroxicloroquina e da vitamina D (Colecalciferol), apresentados como medicamentos que ajudaram na recuperação de pacientes infectados, também cresceu acima da média no Piauí. Em todo país, a alta foi de 67,93% e 35,56%, respectivamente. Por outro lado, no Piauí, o crescimento foi de 81% e 44%.

De acordo com a pesquisa, os medicamentos indicados para aliviar sintomas da Covid-19 tiveram crescimento menor. O Piauí seguiu a tendência nacional de aumento na comercialização de Paracetamol (75%) e Dipirona Sódica (48%), assim também como acompanhou a queda nas vendas de Ibuprofeno (-2), que em certo momento foi relacionado ao agravamento da doença.

O uso indiscriminado desses medicamentos, contudo, é carregado de perigos. O presidente do Conselho Regional de Farmácia do Piauí (CRF-PI), Luiz Júnior, alerta que o uso de qualquer medicamento nesse período deve ter orientação de um profissional farmacêutico.

"As pessoas estão mais vulneráveis e mais propensas a se automedicarem durante a pandemia, muitas vezes por ler alguma informação na internet, que pode estar descontextualizada. Sendo assim, elas precisam ser orientadas sobre o uso correto de qualquer fármaco, pois às vezes, a automedicação pode acarretar uma piora nos sintomas da patologia ou causar uma intoxicação, agravando o quadro da doença que sofre", afirma.

Luiz Junior, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Piauí (Foto: Divulgação)

Veja os perigos

Os conselhos de Farmácia alertam que todos os medicamentos oferecem riscos. Mesmo os isentos de prescrição podem causar danos, especialmente, se forem usados sem indicação ou orientação profissional. Dependendo da dose o paracetamol pode causar hepatite tóxica. A dipirona oferece risco de choque anafilático e o ibuprofeno é relacionado a tonturas e visão turva. Já o uso prolongado da vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça. E com a ingestão excessiva de vitamina D, o cálcio pode depositar-se nos rins e até causar lesões permanentes.

Os riscos são mais graves em relação a hidroxicloroquina, medicamento indicado para tratar doenças como o lúpus eritematoso. Da mesma forma que a cloroquina (indicada para a malária, porém disponibilizada apenas na rede pública), a hidroxicloroquina pode causar problemas na visão, convulsões, insônia, diarreias, vômitos, alergias graves, arritmias (coração batendo com ritmo anormal) e até parada cardíaca. O uso de hidroxicloroquina ou cloroquina em pacientes internados com teste positivo para o novo coronavírus ainda não tem evidências representativas. Portanto, se justifica apenas com supervisão e prescrição médica, atualmente, com retenção de receita. 

Por: Otávio Neto
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