A revista Isto É, de circulação
nacional, publicou
reportagem em seu site,
nesta semana, que o Parque
Nacional da Serra da Capivara,
sítio arqueológico mais
importante no Brasil, localizado
em São Raimundo
Nonato, a 600 Km ao Sul
de Teresina, irá fechar por
falta de recursos.
Segundo a arqueóloga
Niéde Guidon, diretora
da Fundação Museu
do Homem Americano
(Fumdham), que administra
o parque, os repasses
financeiros que recebia do
governo e de empresas doadoras
secaram.
Segundo a revista, a
organização precisa de
no mínimo de R$ 500 mil
para encerrar o ano com as
contas em dia. Em caixa,
conta com R$ 307 mil. A
falta de verbas já culminou
em perdas irreparáveis
para a memória do Brasil e
do mundo. Sem vigilância,
caçadores invadiram um
dos sítios arqueológicos e
praticaram tiro ao alvo em
pinturas rupestres. Recentemente,
1/3 dos funcionários
foi dispensado. Das
28 guaritas, só doze estão
abertas. Das cinco equipes
de ronda, resta uma.
“Tivemos que demitir os
outros e vender os carros”,
afirma Niéde à Isto É.
O abandono ameaça os
172 sítios que mudaram o
entendimento sobre a chegada
do homem à América.
Antes da descoberta,
cientistas acreditavam que
o homo sapiens havia cruzado
o estreito de Bering,
que liga a Ásia ao atual
Alaska, há cerca de 12 mil
anos. Com o aparecimento
de vestígios humanos
na Serra da Capivara
datando de 50 mil anos,
o modelo foi revisto. “As
pesquisas de Niéde foram
uma revolução na arqueologia
porque questionaram
a origem do homem no continente”,
diz Carlos Xavier,
da Universidade Federal
da Paraíba.
A responsabilidade pela
conservação do parque é
do governo federal, mas
nos últimos anos caíram
os investimentos. Através
do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), vinculado
ao Ministério do Meio
Ambiente, o País dava à
Fumdham dinheiro de
compensação ambiental de
obras que devastam a natureza.
A entidade chegou a
receber até R$ 2,7 milhões
em 2012. No ano passado,
entraram R$ 400 mil. “O
parque fechar ou não é
decisão do governo”, diz a
cientista. O ICMBio afirma
que os locais beneficiados
pela compensação são os
mais afetados pelos empreendimentos
responsáveis
pela destruição. E que
nem sempre eles estão nas
regiões das instituições que
querem receber a verba.
A segunda fonte de
recursos importante para
o projeto é a Petrobras,
que investiu R$ 15 milhões
desde 2001. O problema é
que as doações de 2014 e
2015 foram de R$ 480 mil
e R$ 720 mil, contra R$ 1,3
milhão de 2013. A arqueóloga
se preocupa porque
um novo contrato não
foi firmado. A Petrobras
informou que as negociações
para a renovação não foram
iniciadas e que vai avaliar a
continuidade do apoio.
Por: Robert Feitosa - Jornal O Dia