Ofendido por causa da cor de sua pele no jogo Altos e Ypiranga pela Série C, o goleiro Caique, da equipe gaúcha, concedeu entrevista à CBF e falou abertamente sobre o episódio ocorrido no Estádio Lindolfo Monteiro. O defensor disse ter ficado “triste” pelo crime ter sido cometido por uma pessoa da mesma cor.
Natural de Salvador, Caique, 25 anos, deu um exemplo de como agir em situações assim. Não é uma decisão fácil, mas necessária. “Ele fez menção ofensiva à cor da minha pele. Fez duas vezes. Na segunda, consegui identificá-lo e deu no que deu, com a ação rápida da polícia. O que me deixou mais triste é que a agressão partiu de um homem da minha cor. Isso me feriu demais”, contou Caique.
Caíque fez a denúncia ao árbitro Arthur Gomes Rabelo, o jogo foi paralisado e o agressor acabou preso. Depois de muitas mensagens de apoio, de amigos, parentes, colegas e profissionais do clube e de dirigentes do Ypiranga-RS, Caique tentou esquecer o problema. Porém, no domingo, de folga, ele resolveu assistir pela TV à partida entre Real Madrid e Valencia, pelo Campeonato Espanhol. Foi quando se surpreendeu e se revoltou com as manifestações contra Vinícius Júnior.
“Aquilo me deixou muito indignado. Eu estava sob o efeito do que havia me ocorrido na véspera e vi a barbaridade que fizeram contra o Vinicius Júnior. Aí desabei.”
Caique defende punições severas contra o racismo nos estádios (e fora deles). Lembra que o ato se trata de um crime. Para o goleiro, seria importante que os torcedores também ajudassem a identificar os autores das ofensas durante os jogos. “É uma questão que está acima da paixão pelo clube. Já sofri com o racismo em outras partidas e sofro em situações do dia a dia. A gente não aguenta mais isso”, finalizou