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Alunos e pais relatam sentimento de insegurança na volta às aulas da UFPI

A UFPI informou que adotou medidas de segurança para tranquilizar a comunidade acadêmica e prevenir que novos casos de violência não sejam registrados

06/05/2023 10:18

Teve início, nesta semana, mais um ano letivo na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Entretanto, muito tem se comentado entre os estudantes como está a situação dos campi em relação à segurança prestada dentro do campus. O assunto veio a ser debatido com mais ênfase após o caso que vitimou a jovem estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra. A discente foi morta, no dia 28 de janeiro, após uma festa universitária dentro do campus Ministro Petrônio Portella, em Teresina.

Assis Fernandes/ODIA

Diante disso, a UFPI informou que adotou medidas de segurança para tranquilizar a comunidade acadêmica e, além disso, prevenir que novos casos de violência não sejam registrados novamente dentro da instituição de ensino.

O O Dia andou pelas dependências internas do campus da UFPI em Teresina, zona Leste da capital, para conferir de perto quais foram as medidas adotadas pela gestão administrativa, bem como saber o ponto de vista de alunos e pais sobre o assunto.

O estudante Lucas Gabriel, de 21 anos, afirma que nada de muito considerável mudou após os episódios de violência ocorridas nas dependências da universidade. Ele pontua que assaltos e furtos eram “comuns”, pois não eram vistos com muita frequência. Porém, ele ressalta que há algum tempo casos de violência dentro da universidade têm ganhado visibilidade, assustando quem precisa frequentar a universidade para estudar ou trabalhar.

Assis Fernandes/ODIA


“Um pouco antes, apesar de ter assaltos e furtos, era ‘comum’, não tão constante [...]. Aumentou muito [a questão de assaltos] e, hoje em dia, eu até recomendo que as pessoas não andem só dentro da universidade, que é algo bem perigoso de se fazer atualmente. Eu já vi as câmeras, mas não sei se são tão eficazes. A questão de policiamento, também, tenho visto rondas em alguns momentos, mas não me sinto seguro de dar pelos corredores e pelo próprio campus”, destaca.


A estudante de educação física, Kailane Ellen, de 20 anos, relata que diariamente se desloca para o campus de Teresina, e se sente insegura até mesmo durante o trajeto feito no transporte público até a UFPI, em especial nas paradas de ônibus dentro da universidade. Ellen destaca ainda que percebe o sentimento de insegurança no campus.

Assis Fernandes/ODIA


“Para mulher, tem sempre aquela insegurança. Não confio também muito em ônibus, por conta justamente da falta de segurança em paradas relacionada aqui na UFPI. Tem vários relatos de assédio e assaltos nas paradas e fica meio que aquela sensação de insegurança absurda”, disse.


Questionada sobre como ela avalia as novas medidas de segurança, Ellen ressalta que se sente mais segura em seu departamento, localizado no Setor de Esporte, em uma parte mais isolada da UFPI. Porém, ela argumenta que em outros locais há uma percepção mais forte da falta de medidas que protejam os alunos.

“Aqui no setor eu já não sinto tanto essa insegurança porque aqui já é um lugar mais fechado, é um lugar isolado com alunos daqui. Tem policiamento dentro do setor, tem segurança, mas quando a gente sai, que a gente vai visitar outros setores, são lugares desconhecidos aqui para gente e já é muito inseguro. É muito frequente ter assalto nas paradas e ter assalto nos corredores da UFPI”, explica.

Assis Fernandes/ODIA

Kailane Ellen finaliza dando conselhos preventivos aos novos alunos que iniciaram o período letivo. Ela aconselha que os estudantes andem em grupos e, caso queiram se descolarem para pontos mais distantes da universidade, que utilizem de outros meios para se locomoverem.

“A gente costuma aconselhar para calouros que chegaram agora para não andarem sozinhos. Sempre andar em grupos, ainda sendo perigoso, porém é mais reconfortante. Evitar se locomover de pé pelo campus, tanto que se a gente quiser sair daqui para ir ali pro Espaço Rosa dos Ventos a pés a gente já não aconselha muito, então é bom esperar o Fantasmão que é o ônibus aqui da UFPI ou então pegar carona”, concluiu.

Pais compactuam sentimento de estudantes

A técnica em enfermagem, Kleidimar Reis, de 40 anos, mãe de aluna recém chegada na universidade, afirma que só percebeu a falta de segurança após o ocorrido com a estudante Janaína Bezerra. “Eu não era muito inteirada sobre a questão de segurança, mas depois do acontecido com o caso da Janaína a gente ficou um pouco assustada em saber que aqui a insegurança é tão grande”, relata.

Assis Fernandes/ODIA

Ela avalia com apresso a situação atual, e pondera que não sabe o que poderá acontecer com a filha futuramente. “É uma mistura de sentimentos, eu fico feliz por ter chegado até aqui, pois é o sonho de toda mãe que o filho passe no vestibular, mas há o medo de toda a insegurança da gente deixar a filha vir aqui e não saber o que vai acontecer”, destaca.

Medidas de segurança propostas pela UFPI

Por parte da Universidade, no Campus Sede, estão mantidos os 188 profissionais, entre vigilantes efetivos e terceirizados, armados e desarmados, e serviço de motoronda. Está em vigor também, desde fevereiro, o controle de acesso a vias exclusivamente internas do Campus a partir das 22h e nos finais de semana. Além disso, os serviços abrangem troca de lâmpadas e reforço na vigilância.

A Central de Monitoramento, atualmente, analisa dados fornecidos por 155 câmeras, 24h por dia, com a gravação das imagens em servidores, e, segundo a UFPI, em breve, haverá câmeras nas paradas de ônibus. Também foi feito reforço na iluminação com troca de mais de 1.200 lâmpadas nos Centros e Setores da Administração Superior.

Assis Fernandes/ODIA

Fonte: Ezequiel Araujo, sob supervisão de Nathalia Amaral
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