Atualizada às 10h32min
A família de Valdirene Torquato está presente no julgamento de Ezequiel Rodrigues. Em conversa com a reportagem de O Dia, o irmão dela, Valdir Eugênio, pediu a aplicação da pena máxima pelos crimes cometidos e destacou o comportamento agressivo de Ezequiel. Segundo Valdir, ele havia procurado Valdirene na noite anterior ao homicídio já na intenção de matá-la e só não tirou a vida dela porque não a encontrou em casa.
Ele contou que Ezequiel perseguia a ex-mulher e demonstrava descontrole sempre que percebia que ela estava refazendo sua vida longe dele.
Valdir fez um pedido ao júri popular para que reflitam sobre o que foi feito com a vida de sua irmã e apliquem a pena máxima a Ezequiel. Ele destacou a brutalidade com que o crime foi praticado e pediu sensibilidade de quem for julgar o réu. “Ele deu uma surra nela, quebrou o nariz, o maxilar, quebrou dois dentes e começou a dar as facadas. Foram 17 facadas. Isso aí não se faz com nenhum ser humano. Não se faz. A gente aguarda que a justiça seja feita, porque se a dos homens não funcionar, a justiça de Deus sempre funciona”, pediu Valdir.
“Réu tinha aversão a mulheres”, diz promotor
Ezequiel Rodrigues de Araújo será julgado por homicídio quadruplamente qualificado, segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPPI). João Malato, representante do MP e responsável pela acusação, destacou que o crime foi cometido por motivo fútil, devido ao ciúme exagerado da vítima; com emprego de meio cruel, pela quantidade de facadas desferidas; e sem dar chance de defesa à vítima.
A quarta qualificadora do assassinato de Valdirene, segundo a denúncia do MP, é o feminicídio. O promotor João Malato rebateu a tese da defesa de Ezequiel de que não houve feminicídio pelo fato de os dois já não estarem em um relacionamento. Para o promotor, o fim do relacionamento e não aceitação disso por parte de Ezequiel foi justamente o que motivou a morte de Valdirene.
João Malato foi incisivo ao afirmar que Ezequiel demonstrou desprezo pela vida de Valdirene e que ele tem aversão a mulheres. “Essas alegações da defesa não devem prosperar porque as provas são cabais de que o Ezequiel matou a Valdirene em um crime premeditado. Abordou a vítima com ela saindo de casa, correu atrás dela, deu 17 facadas sendo oito nas costas e tudo isso em virtude do relacionamento conjugal que ele teve com ela. Por aversão às mulheres. Ele tinha um histórico de agressão muito grande”, pontuou o promotor.
A defesa de Ezequiel, feita pelo advogado Smailly Carvalho, rebateu as alegações da promotoria e afirmou que as qualificadoras não encontram sustentação dentro do processo. “Por mais que tenha se jogado o feminicídio na sociedade, não existe no processo essa qualificadora fundamentada. Não existe provas, até porque os dois já estavam separados há 5 anos. Vamos pedir a condenação do réu, mas uma condenação justa e da forma que tem que ser”, afirmou Smailly.
Iniciada às 8h35min
Será julgado nesta terça-feira (06) o homem acusado de ter matado a facadas a ex-esposa no bairro Ilhotas, em Teresina. Ezequiel Rodrigues de Araújo foi preso em flagrante após esfaquear Valdirene Torquato Silva no dia 25 de janeiro de 2022. O crime chocou a população teresinense pela forma como foi cometido. Ezequiel atacou e tirou a vida de Valdirene no meio da rua quando ela estava a caminho do trabalho.
Na sessão de julgamento nesta manhã, serão ouvidos, além do réu, 10 testemunhas. Ezequiel será julgado pela 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri.
Entenda o caso
Em janeiro de 2022, a empregada doméstica Valdirene Torquato da Silva, 42 anos, teve sua vida ceifada pelo ex-marido, Ezequiel Rodrigues de Araújo, enquanto ia para o trabalho. Ela foi assassinada a facadas no meio da rua no bairro Ilhotas. O acusado fugiu, mas acabou sendo preso horas depois no metrô de Teresina portando a faca usada para cometer o crime.
Familiares informaram, à época, que Ezequiel tinha um histórico de agressão e ameaças para com Valdirene e que ela já havia inclusive procurado a polícia para denunciar o ex-marido e pedir medidas protetivas contra ele. A polícia, no entanto, negou que houvesse qualquer registro de boletim de ocorrência e denúncias contra o acusado.
Como acontece o julgamento
A sessão de julgamento de Ezequiel Rodrigues começou às 8h e não tem um horário previsto de término. Na audiência serão ouvidas as testemunhas de acusação, as testemunhas de defesa e, por fim, o réu. A acusação será feita por um representante do Ministério Público e a defesa, pelos advogados de Ezequiel. Ao final, o Conselho de Sentença, formado por representantes da sociedade civil, votarão para definir de ele é ou não culpado das acusações.