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“Ele nunca aceitou ela refazer a vida sem ele” diz irmão de mulher morta a facadas

Valdir Eugênio diz que Valdirene era perseguida por Ezequiel e que ele havia ido até a casa dela na noite anterior já na intenção de matá-la.

06/02/2024 às 08h35

Atualizada às 10h32min

A família de Valdirene Torquato está presente no julgamento de Ezequiel Rodrigues. Em conversa com a reportagem de O Dia, o irmão dela, Valdir Eugênio, pediu a aplicação da pena máxima pelos crimes cometidos e destacou o comportamento agressivo de Ezequiel. Segundo Valdir, ele havia procurado Valdirene na noite anterior ao homicídio já na intenção de matá-la e só não tirou a vida dela porque não a encontrou em casa.

Ele contou que Ezequiel perseguia a ex-mulher e demonstrava descontrole sempre que percebia que ela estava refazendo sua vida longe dele.

“Minha irmã sempre foi perseguida por ele. Desde a separação ele nunca aceitou ela refazer a vida dela. Dois dias antes ele foi deixar o filho na casa dela e encontrou com o namorado dela lá. Eu vi que ele não tinha gostado, que ele ficou com um olhar de vingança. Tão tal que na segunda que antecedeu o crime, ele foi na casa dela para fazer o serviço, mas ela não estava. Ele ficou esperando por ela. A roupa que ele usou no dia que matou minha irmã era a mesma que ele usava no dia anterior".

Valdir Eugênioirmão de Valdirene Torquato
Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento - (Reprodução/Whatsapp) Reprodução/Whatsapp
Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento

Valdir fez um pedido ao júri popular para que reflitam sobre o que foi feito com a vida de sua irmã e apliquem a pena máxima a Ezequiel. Ele destacou a brutalidade com que o crime foi praticado e pediu sensibilidade de quem for julgar o réu. “Ele deu uma surra nela, quebrou o nariz, o maxilar, quebrou dois dentes e começou a dar as facadas. Foram 17 facadas. Isso aí não se faz com nenhum ser humano. Não se faz. A gente aguarda que a justiça seja feita, porque se a dos homens não funcionar, a justiça de Deus sempre funciona”, pediu Valdir.

“Réu tinha aversão a mulheres”, diz promotor

Ezequiel Rodrigues de Araújo será julgado por homicídio quadruplamente qualificado, segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPPI). João Malato, representante do MP e responsável pela acusação, destacou que o crime foi cometido por motivo fútil, devido ao ciúme exagerado da vítima; com emprego de meio cruel, pela quantidade de facadas desferidas; e sem dar chance de defesa à vítima.

A quarta qualificadora do assassinato de Valdirene, segundo a denúncia do MP, é o feminicídio. O promotor João Malato rebateu a tese da defesa de Ezequiel de que não houve feminicídio pelo fato de os dois já não estarem em um relacionamento. Para o promotor, o fim do relacionamento e não aceitação disso por parte de Ezequiel foi justamente o que motivou a morte de Valdirene.

João Malato foi incisivo ao afirmar que Ezequiel demonstrou desprezo pela vida de Valdirene e que ele tem aversão a mulheres. “Essas alegações da defesa não devem prosperar porque as provas são cabais de que o Ezequiel matou a Valdirene em um crime premeditado. Abordou a vítima com ela saindo de casa, correu atrás dela, deu 17 facadas sendo oito nas costas e tudo isso em virtude do relacionamento conjugal que ele teve com ela. Por aversão às mulheres. Ele tinha um histórico de agressão muito grande”, pontuou o promotor.

Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento, promotor João Malato - (Arquivo O Dia) Arquivo O Dia
Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento, promotor João Malato

A defesa de Ezequiel, feita pelo advogado Smailly Carvalho, rebateu as alegações da promotoria e afirmou que as qualificadoras não encontram sustentação dentro do processo. “Por mais que tenha se jogado o feminicídio na sociedade, não existe no processo essa qualificadora fundamentada. Não existe provas, até porque os dois já estavam separados há 5 anos. Vamos pedir a condenação do réu, mas uma condenação justa e da forma que tem que ser”, afirmou Smailly.

Iniciada às 8h35min

Será julgado nesta terça-feira (06) o homem acusado de ter matado a facadas a ex-esposa no bairro Ilhotas, em Teresina. Ezequiel Rodrigues de Araújo foi preso em flagrante após esfaquear Valdirene Torquato Silva no dia 25 de janeiro de 2022. O crime chocou a população teresinense pela forma como foi cometido. Ezequiel atacou e tirou a vida de Valdirene no meio da rua quando ela estava a caminho do trabalho.

Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento - (Raimundo Lima/ O Dia) Raimundo Lima/ O Dia
Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento

Na sessão de julgamento nesta manhã, serão ouvidos, além do réu, 10 testemunhas. Ezequiel será julgado pela 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri.

Valdirene Torquato foi assassinada a facadas no meio da rua no bairro Ilhotas - (Reprodução/Whatsapp) Reprodução/Whatsapp
Valdirene Torquato foi assassinada a facadas no meio da rua no bairro Ilhotas

Entenda o caso

Em janeiro de 2022, a empregada doméstica Valdirene Torquato da Silva, 42 anos, teve sua vida ceifada pelo ex-marido, Ezequiel Rodrigues de Araújo, enquanto ia para o trabalho. Ela foi assassinada a facadas no meio da rua no bairro Ilhotas. O acusado fugiu, mas acabou sendo preso horas depois no metrô de Teresina portando a faca usada para cometer o crime.

Familiares informaram, à época, que Ezequiel tinha um histórico de agressão e ameaças para com Valdirene e que ela já havia inclusive procurado a polícia para denunciar o ex-marido e pedir medidas protetivas contra ele. A polícia, no entanto, negou que houvesse qualquer registro de boletim de ocorrência e denúncias contra o acusado.

Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento - (Assis Fernandes/O Dia) Assis Fernandes/O Dia
Homem que matou mulher a facadas no Ilhotas vai a julgamento

Como acontece o julgamento

A sessão de julgamento de Ezequiel Rodrigues começou às 8h e não tem um horário previsto de término. Na audiência serão ouvidas as testemunhas de acusação, as testemunhas de defesa e, por fim, o réu. A acusação será feita por um representante do Ministério Público e a defesa, pelos advogados de Ezequiel. Ao final, o Conselho de Sentença, formado por representantes da sociedade civil, votarão para definir de ele é ou não culpado das acusações.