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Tapete de aguapés começa a se formar no Rio Poti e Prefeitura aciona pescadores para fazer retirada

A ação iniciou ainda no mês de setembro e deverá ser feita até o final de novembro

07/10/2023 às 11h11

Após um ano sem aparecer, a formação de aguapés no leito do Rio Poti voltou a mudar a paisagem urbana de Teresina. O tapete verde já pode ser visto por quem passa pela Ponte Estaiada, entre a zona Norte e Leste da capital. Com o retorno das plantas, a Prefeitura de Teresina deu início a uma operação para fazer a limpeza nas margens do rio. A ação iniciou ainda no mês de setembro e deverá ser feita até o final de novembro.

Aguapés são prejudiciais para a saúde do rio.  - (Glayson Costa/ODIA) Glayson Costa/ODIA
Aguapés são prejudiciais para a saúde do rio.

Todo o serviço está sendo realizado de forma manual, com três pescadores em dois barcos motorizados, usando escadas, garrafas pet e bambus, devido à dificuldade de acesso das máquinas pesadas, como retroescavadeiras, às margens do Rio Poti. De acordo com Abib Salim, fiscal de limpeza da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Semduh), os aguapés estão sendo direcionados para o Rio Parnaíba, que possui uma correnteza mais forte.

"Estamos conduzindo os aguapés do Rio Poti, partindo da ponte do Dirceu, até o Rio Parnaíba. Isso permite que elas sigam seu curso natural e evite o acúmulo nas margens. Controlar o excesso de aguapés é fundamental para a preservação do ecossistema aquático e a qualidade da água na região”, explicou.

Aguapés revelam poluição do rio Poti.  - (Glayson Costa/ODIA) Glayson Costa/ODIA
Aguapés revelam poluição do rio Poti.

Além de melhorar a saúde do rio, a ação visa prevenir impactos negativos na biodiversidade, no equilíbrio ecológico e na qualidade de vida das pessoas que dependem dos rios, como é o caso dos pescadores que moram na região. Em 2019, por exemplo, os trabalhadores acumularam prejuízos após a atividade de pesca cair pela metade com o desaparecimento dos peixes devido a água suja, já que a presença dos aguapés em conjunto com a sujeira acaba por inibir a presença de oxigênio no rio, tornando a sobrevivência dos peixes que vivem dentro dele ainda mais difícil.

Para o biólogo Ribamar Rocha, a retirada das plantas aquáticas, no entanto, não irá resolver o problema, uma vez que o crescimento de aguapés indica poluição no rio, já que as águas despejadas são de uso doméstico e repletas de substâncias que favorecem o surgimento das plantas.

Esse acúmulo é um fenômeno comum durante o período de seca, porque o nível de água fica mais baixo e com uma correnteza quase inexistente. De acordo com o biólogo, a temporada de seca, comum no Piauí nos últimos meses do ano, cria condições favoráveis para a proliferação dessas plantas aquáticas que têm facilidade para se reproduzir rapidamente.

“A melhor solução seria tratar com respeito essa importante fonte de água do nosso estado. O ideal seria não lançar o esgoto sem um devido tratamento ambiental. Os aguapés não são vilões. Mas eles são um indicativo de que existe um nível de sujeira elevado na água”.

Ribamar RochaBiólogo
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Para além da ação realizada pela prefeitura, algo que contribui com a redução de aguapés nos rios é o esgotamento sanitário. Na capital, a responsável pela coleta e tratamento de esgoto é a concessionária Águas de Teresina. De acordo com a empresa, o serviço de esgotamento é uma das maneiras de reduzir o problema, uma vez que quando os esgotos deixam de ser depositados nos rios, há menos poluição e, consequentemente, menos aguapés.

Vale ressaltar que um olhar mais sensível da população em relação ao assunto também é importante. Uma ação fundamental é a conexão das residências à rede pública de esgoto, o que garante a coleta e o tratamento adequado e de forma ecologicamente responsável.