A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) está considerando uma reestruturação em sua oferta de cursos de graduação no Campus Clóvis Moura, localizado na zona Sudeste de Teresina. A proposta da reitoria é concentrar todos os cursos de licenciatura no Campus Poeta Torquato Neto, situado na zona Norte da cidade.
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A intenção é manter apenas cursos como Direito, Administração, Ciências Contábeis e futuros cursos a serem criados no Campus Clóvis Moura, enquanto os cursos de licenciatura como Geografia, História, Letras/Português, Pedagogia, Matemática, seriam mantidos somente no Torquato Neto.
Segundo apurado pelo Portal O Dia, a instituição argumenta que o número de vagas oferecidas atualmente seriam mantidas. No entanto, a medida tem gerado controvérsias entre os membros da comunidade acadêmica, especialmente entre alunos e professores do Campus Clóvis Moura.
O professor Carlos Rerisson Rocha da Costa, coordenador do curso de Geografia no Campus Clóvis Moura, explica que, embora a proposta assegure a manutenção das vagas, há incertezas quanto à viabilidade a longo prazo, principalmente no que diz respeito à dificuldade em manter a oferta constante desses cursos em um único campus.
De acordo com a proposta, essa mudança não afetaria imediatamente os alunos já matriculados, mas significaria que novas turmas dos cursos transferidos não seriam mais abertas no Clóvis Moura a partir de 2025, o que levaria ao gradual desaparecimento desses cursos no campus.
O impacto dessa reestruturação, conforme Carlos Rerisson, seria sentido pelos futuros estudantes da UESPI. Para ele, a concentração dos cursos no Torquato Neto pode dificultar o acesso dos alunos da região Sudeste e Sul de Teresina, onde reside a maioria dos estudantes atuais do Clóvis Moura.
Durante um levantamento realizado pelo professor junto ao corpo discente, foi constatado que quase 50% dos alunos dos cursos do Campus Clóvis Moura moram na zona Sudeste enquanto outros 25% são da zona Sul. Uma parcela significativa escolheu esses cursos devido à proximidade com suas residências. Ao todo, 342 estudantes foram ouvidos.
“Ao serem questionados sobre a escolha dos cursos, 68,8% mencionaram que a principal motivação foi a proximidade de casa. Com isso, percebemos que essa estratégia de unificar a oferta de cursos, na verdade, restringe o acesso a esses cursos a boa parte dos estudantes que moram nessas regiões periféricas”, acrescenta.
Outro ponto destacado pelo coordenador do curso de Geografia é a questão do transporte público na capital. Com a transferência dos cursos de licenciatura da zona sudeste, os futuros alunos enfrentarão deslocamentos mais longos até a universidade. Em uma cidade onde há escassez de ônibus, isso pode resultar em um aumento na evasão universitária.
Para debater o tema, a Associação dos Docentes da Uespi convocou uma plenária na quarta-feira (19). Segundo a entidade, os professores se posicionam “contrários a essa junção dos cursos”.
“Os prejuízos são para os filhos e filhas dos trabalhadores do Piauí e de Teresina, da nossa periferia e do Grande Dirceu. A universidade precisa considerar os problemas existentes nos cursos, a falta de professores, as disciplinas descobertas. Tudo isso são problemas que precisamos enfrentar, a exclusão dos cursos não parece ser a solução mais socialmente eficiente”, finaliza o professor Carlos Rerisson.
A reportagem do Portal O Dia entrou em contato com a Uespi sobre o assunto e aguarda retorno da instituição. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.
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