Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Livro "O Tempo das Coisas" será lançado nesta quarta-feira

O lançamento será às 10h, no auditório da Cenajus, prédio da Justiça Federal, na Praça da Bandeira, centro da cidade.

22/01/2019 11:32

Acontece nesta quarta-feira (23), o lançamento do livro "O Tempo das Coisas", autoria de Josilene Neres, com capa, ilustrações e projeto gráfico do cartunista Jota A. A obra é destinada ao público infanto juvenil e gira em torno do ambiente escolar, com suas singularidades. 

Os contextos do livro são crianças de escolas privadas e as diferentes realidades presentes neste espaço. O foco do enredo é a vida de duas crianças em situação de abandono no seu nascimento, com história positiva de acolhimento e adoção em diferentes situações familiares, quais sejam: uma menina que considerava avó e tias como mães e a de um menino adotado por pais homoafetivos. 

Essas crianças, na escola, vivem em meio a outras que se consideram como famílias “normais” – aquelas cujo parâmetro é o modelo tradicional, burguês, patriarcal e heteronormativo. O Tempo das Coisas ensina e nos desafia a acreditar e a respeitar o nosso tempo, o tempo das pessoas e das coisas. Mostra que se deve constantemente ir ao passado ou valorizá-lo, em meio ao tempo presente e a luta em vivê-lo e transformá-lo em direção ao porvir, envolvido pelos receios do que nos espera no tempo futuro.

A autora mostra-se inteira no seu dizer verdadeiro ao afirmar que é possível aprender com os idosos e com a natureza, que essas possuem sabedoria e ensinam, como quando o avô responde ao neto: “Gosta sim, mas a natureza ensina aos animais as coisas da vida. Ela já nasce sabendo que os filhotes, depois da amamentação, e às vezes antes, sempre têm que ir embora, cuidar de si próprio. [...] É muito difícil uma cadela criar seus filhotes até ficarem cães adultos. - Eu sei, estou feliz. Mas com pena do Zeus, ele vai crescer longe da mãe, como eu.”

O livro ensina e mostra que é preciso sair do lugar, questionarmo-nos e às instituições educativas, a exemplo da escola onde se passa parte da narrativa das histórias. A escola é uma das mais eficientes instituições criadas em nossa sociedade ocidental para fixar quem nós somos e quem são os outros. Com isso, estabelece uma cisão entre os ditos “normais” e os chamados de “anormais”, produzidos em seus espaços pelas tecnologias de normalização – parte de um sistema de saber-poder em que certas representações são autorizadas e outras invisibilizadas, proibidas e invalidadas, produzindo, a cada enunciado, o heteroterrorismo cultural – incentivos ou inibições de comportamentos vividos pelas protagonistas da história, a exemplo das piadas LGBTfóbicas. São as reiterações dos gêneros e da heterossexualidade.

Josilene da Silva Neres é assistente social, especialista em Gestão de Cidade - Fundação Getúlio Vargas, (FGV); servidora da Prefeitura Municipal de Teresina; foi coordenadora Arco do ProJovem Urbano (2006-2010); assessora e projetista da Fundação Wall Ferraz - idealizadora do Projeto Profissionalizar Mulher (2011-2012); professora da Faculdade Adelmar Rosado (2008-2011) das disciplinas-Pesquisa Social I, Serviço Social e Meio Ambiente, Serviço Social e Habitação, Planejamento Social, Estágio Curricular e Trabalhos de Conclusão de Curso. Coordenadora do Projeto Artes de Teresina ARTHE - Instituto Samara Sena/Secretaria de Economia Solidária do Município de Teresina (2013), e, atualmente, chefe da Divisão Pedagógica da Fundação Wall Ferraz e membro do Conselho Municipal dos Direitos da população LGBT.

Por: Marco Antônio Vilarinho
Mais sobre: