A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu nesta quarta-feira (06) o inquérito acerca da divulgação de Fake News envolvendo um suposto relacionamento entre o humorista piauiense Whindersson Nunes e a jovem Jéssica Canedo, 22 anos. As investigações apontaram que foi a própria Jéssica quem criou e espalhou o boato sobre o affair com Whindersson através da criação de perfis falsos.
Com perfis falsos, Jéssica se passava por amiga que tiveram acesso a conversas íntimas dela com Whindersson e enviaram para páginas de fofoca. É o que detalha o delegado Luciano Alves.
“Ela criou perfis falsos, três perfis falsos, e através deles enviou para páginas de fofoca a notícia de que esses perfis se passavam por pessoas que eram ligadas a ela e que teriam prints de conversas dela com o humorista. Esses perfis falsos passaram para essas agências que eles teriam furos envolvendo um humorista famoso e que poderiam divulgar. Esses perfis criados por ela enviaram esses prints, uma página fez a divulgação e a partir daí a coisa viralizou. Outras páginas foram republicando e tomou a proporção que tomou”, explicou o delegado Luciano Alves.
Após a divulgação das conversas, Jéssica passou a sofrer uma onda de hate (ódio) nas redes sociais. A jovem começou a receber mensagens contendo ameaças que incentivavam o suicídio. No dia 23 de dezembro de 2023, ela precisou ser internada após sofrer uma overdose de medicamentos. Jéssica morreu dois dias depois.
Conforme o inquérito da polícia, ficou confirmado que Jéssica recebeu uma mensagem de cujo conteúdo a instigava a cometer autoextermínio. A autora dessa mensagem, que teria sido o gatilho para a jovem, foi identificada. Trata-se de uma menina de 18 anos, da cidade de Rio das Ostras/RJ. Ela vai responder criminalmente por instigar suicídio.
Entenda o caso
Jéssica Canedo, de 22 anos, morreu em 22 de dezembro de 2023, após a repercussão de uma fake news que a apontava como um novo affair do humorista piauiense Whindersson Nunes. A notícia foi compartilhada por diversos perfis nas redes sociais, incluindo a página Choquei, que possui mais de 21 milhões de seguidores no Instagram.
A família de Jéssica afirma que ela sofria de depressão e que a fake news agravou seu estado mental. Ela foi encontrada morta por suicídio em sua casa em Araguari, Minas Gerais.
Após a morte de Jéssica, a página Choquei foi criticada por sua cobertura do caso. Alguns usuários acusaram a página de sensacionalismo e de contribuir para a morte de Jéssica. A página foi, inclusive, investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais por incitação ao suicídio.
Na véspera de Natal, Whindersson se pronunciou pela primeira vez sobre o caso e contou como ficou sabendo sobre os falsos prints.
“Do meu lado foi que uma página de fofoca mandou uma mensagem minha falando que estava mandando uns prints de umas conversas minhas, mas que não ia postar porque não parecia ser eu nas conversas. Perguntou se queria que mandasse para mim. Perguntei quem era a pessoa e falaram que era a Jéssica. Como se eu conhecesse alguma Jessica. Eram dois caras mandando para site de fofoca falando: ‘Você viu que vazou o Whindersson conversando com uma menina?’. Não sei o porquê o pessoal gosta de construir uma novela e colocar você como personagem. Dá muito engajamento. Não conhecia a Jéssica e nunca tinha visto ela na vida”, desabafou.
Whindersson Nunes ainda destacou que é acostumado com notícias desse tipo com o nome dele e, por isso, ele não costuma falar nada. “Estava fora do país e de férias. As pessoas sempre fazem isso comigo e para minimizar, não falo nada. Deixei quieto. Deixo tudo quieto”, pontuou.
Nunes se dirigiu à mãe da jovem e, após consultas com amigos, disse que vai acompanhar as investigações e iniciar um movimento para que seja feita uma Lei Jéssica Vitória, para regulamentação de perfis nas redes sociais - proposta já defendida pelo ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, e que é consenso no governo Lula.
O humorista pediu ainda para que as pessoas parem de atacar e postar fotos dos administradores da página Choquei, no Instagram, que vêm sendo responsabilizados pelos pela morte da jovem. “A gente não quer mais vítimas aqui”, finaliza.