Nesta terça-feira, 02 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve a avaliação dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e com a coleta de informações, por meio de entrevistas com familiares e cuidadores, sobre o histórico de desenvolvimento e rotina da pessoa. Porém, para muitas mães e pais, receber o diagnóstico de que seu filho tem o espectro autista pode não ser tão fácil assim.
Teresa Ramos é presidente da Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA) e mãe de Gustavo Henrique, de 15 anos, que recebeu o diagnóstico quando tinha apenas três anos. Ela conta que, no início, foi desesperador, até mesmo porque a família não tinha conhecimento do que era o autismo, como ocorre com muitos pais, o que pode gerar desespero nessa fase inicial. Entretanto, Teresa comenta a importância de colocar o filho em primeiro lugar, entendendo suas necessidades e tendo paciência.
“Eu quero dizer para essas mães que não é o fim. Claro que existe uma dor, a gente se ressente muito, pois, para que não entende, é o fim do mundo, mas depois, quando começa a fazer as terapias, a qualidade de vida muda e a gente começa a entender que o autismo não é nada, é só ter a paciência, o amor pelo seu filho e correr atrás das terapias”, destaca Teresa Ramos.
Segunda a presidente da AMA, um dos maiores empecilhos para combate o estigma do autismo é o preconceito. Teresa Ramos enfatiza que o respeito deve prevalecer, independentemente da existência de leis.
Segundo Rosália Sousa Oliveira, diretora pedagógica da AMA, apesar da existência de leis que instituem direitos e garantias para as pessoas com transtorno do espectro autista, muito ainda precisa ser feito. Ela comenta que há barreiras, especialmente no âmbito escolar.
“Apesar de terem leis trazendo esses direitos e garantias, no dia a dia e nas atitudes das pessoas, ainda há muitos preconceitos e barreiras, especialmente nas escolas, pois muitos profissionais da educação precisam de um acompanhamento continuado, de um suporte e, às vezes, não é interpretado da forma adequada. Temos autistas que estão na escola regular, recebem um acompanhamento, mas não permite que esse acompanhante ajude o aluno com o ensino e aprendizagem, que é uma das grandes barreiras que os autistas têm”, acrescenta.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Transtorno do Espectro Autista é um transtorno de desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação e/ou interação social. A condição não possui cura, no entanto, o diagnóstico precoce frequentemente melhora o prognóstico e reduz os sintomas. “Através da intervenção precoce, muitos conseguirão no futuro trabalhar, estudar, e ter autonomia para cuidar de si”, afirma a fonoaudióloga especialista em ABA (Análise do Comportamento Aplicada), Giovanna Stefani.
Características como dificuldade de interação, comunicação limitada, hipersensibilidade sensorial, atraso no desenvolvimento motor e comportamentos repetitivos podem indicar a presença do Transtorno do Espectro Autista. Embora o diagnóstico formal ocorra geralmente entre os 4 e 5 anos de idade, a psiquiatra Sônia Maria Martins conta que é possível perceber o autismo a partir dos seis meses de vida. No Brasil, o primeiro diagnóstico ocorre em média próximo aos seis anos.
"Após os 18 meses, os traços de autismo tornam-se mais evidentes. O pediatra deve investigar qualquer atraso de linguagem verbal ou não-verbal. Os pais podem desconfiar do autismo quando os bebês não buscam o olhar da mãe ao serem amamentados, não respondem a brincadeiras de outras pessoas ou às gracinhas típicas da idade. Além disso, a falta de demonstração da diferença entre o colo dos pais e ou de desconhecidos, crianças que não reconhecem seu nome quando são chamadas e a demora em pronunciar as primeiras palavras, são características típicas de TEA", destaca a psiquiatra Sônia Maria Martins.
AMA oferece serviços a pessoas com autismo há 24 anos
A Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA) foi fundada em 2000 por pais e amigos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na associação, são disponibilizados atendimentos à pessoa com autismo e à família que não tem condições de pagar pelo tratamento.
A AMA atua com atendimento educacional especializado junto a uma equipe multiprofissional formada por fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, neurologista, entre outros, profissionais necessários para o acompanhamento dos pacientes.