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Transtorno do espectro autista: entenda porque diagnóstico não deve assustar pais

No Dia Nacional de Conscientização do Transtorno do espectro autista, a presidente da Ama explica como o diagnóstico pode melhorar a qualidade de vida.

02/04/2024 às 09h47

Nesta terça-feira, 02 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve a avaliação dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente e com a coleta de informações, por meio de entrevistas com familiares e cuidadores, sobre o histórico de desenvolvimento e rotina da pessoa. Porém, para muitas mães e pais, receber o diagnóstico de que seu filho tem o espectro autista pode não ser tão fácil assim.

Transtorno do espectro autista: entenda porque diagnóstico não deve assustar pais - (Roberto Suguino/Agência Senado) Roberto Suguino/Agência Senado
Transtorno do espectro autista: entenda porque diagnóstico não deve assustar pais

Teresa Ramos é presidente da Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA) e mãe de Gustavo Henrique, de 15 anos, que recebeu o diagnóstico quando tinha apenas três anos. Ela conta que, no início, foi desesperador, até mesmo porque a família não tinha conhecimento do que era o autismo, como ocorre com muitos pais, o que pode gerar desespero nessa fase inicial. Entretanto, Teresa comenta a importância de colocar o filho em primeiro lugar, entendendo suas necessidades e tendo paciência.

“Eu quero dizer para essas mães que não é o fim. Claro que existe uma dor, a gente se ressente muito, pois, para que não entende, é o fim do mundo, mas depois, quando começa a fazer as terapias, a qualidade de vida muda e a gente começa a entender que o autismo não é nada, é só ter a paciência, o amor pelo seu filho e correr atrás das terapias”, destaca Teresa Ramos.

Transtorno do espectro autista: entenda porque diagnóstico não deve assustar pais - (Sthefany Cavalcante/O Dia) Sthefany Cavalcante/O Dia
Transtorno do espectro autista: entenda porque diagnóstico não deve assustar pais

Segunda a presidente da AMA, um dos maiores empecilhos para combate o estigma do autismo é o preconceito. Teresa Ramos enfatiza que o respeito deve prevalecer, independentemente da existência de leis.

As pessoas têm muito preconceito em relação aos autistas. Como mãe de autista, vemos o preconceito e sentimos na pele a sociedade julgando seu filho e você. A mentalidade das pessoas precisa mudar, porque se não mudar, não adianta ter leis. Aquilo que a gente faz com amor, fazemos bem feito, mas aquilo que se faz obrigado não é bem-vindo. Eu preciso que tenha uma lei defendendo meu filho autista para que a sociedade respeite ele, sendo que é um direito do meu filho ser respeitado, independente de deficiência ou não dentro da sociedade

Teresa Ramospresidente da Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA)

Segundo Rosália Sousa Oliveira, diretora pedagógica da AMA, apesar da existência de leis que instituem direitos e garantias para as pessoas com transtorno do espectro autista, muito ainda precisa ser feito. Ela comenta que há barreiras, especialmente no âmbito escolar.

“Apesar de terem leis trazendo esses direitos e garantias, no dia a dia e nas atitudes das pessoas, ainda há muitos preconceitos e barreiras, especialmente nas escolas, pois muitos profissionais da educação precisam de um acompanhamento continuado, de um suporte e, às vezes, não é interpretado da forma adequada. Temos autistas que estão na escola regular, recebem um acompanhamento, mas não permite que esse acompanhante ajude o aluno com o ensino e aprendizagem, que é uma das grandes barreiras que os autistas têm”, acrescenta.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Transtorno do Espectro Autista é um transtorno de desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação e/ou interação social. A condição não possui cura, no entanto, o diagnóstico precoce frequentemente melhora o prognóstico e reduz os sintomas. “Através da intervenção precoce, muitos conseguirão no futuro trabalhar, estudar, e ter autonomia para cuidar de si”, afirma a fonoaudióloga especialista em ABA (Análise do Comportamento Aplicada), Giovanna Stefani.

Características como dificuldade de interação, comunicação limitada, hipersensibilidade sensorial, atraso no desenvolvimento motor e comportamentos repetitivos podem indicar a presença do Transtorno do Espectro Autista. Embora o diagnóstico formal ocorra geralmente entre os 4 e 5 anos de idade, a psiquiatra Sônia Maria Martins conta que é possível perceber o autismo a partir dos seis meses de vida. No Brasil, o primeiro diagnóstico ocorre em média próximo aos seis anos.

"Após os 18 meses, os traços de autismo tornam-se mais evidentes. O pediatra deve investigar qualquer atraso de linguagem verbal ou não-verbal. Os pais podem desconfiar do autismo quando os bebês não buscam o olhar da mãe ao serem amamentados, não respondem a brincadeiras de outras pessoas ou às gracinhas típicas da idade. Além disso, a falta de demonstração da diferença entre o colo dos pais e ou de desconhecidos, crianças que não reconhecem seu nome quando são chamadas e a demora em pronunciar as primeiras palavras, são características típicas de TEA", destaca a psiquiatra Sônia Maria Martins.

AMA oferece serviços a pessoas com autismo há 24 anos

A Associação de Amigos dos Autistas do Piauí (AMA) foi fundada em 2000 por pais e amigos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Na associação, são disponibilizados atendimentos à pessoa com autismo e à família que não tem condições de pagar pelo tratamento.

A AMA atua com atendimento educacional especializado junto a uma equipe multiprofissional formada por fonoaudiólogo, fisioterapeuta, psicólogo, neurologista, entre outros, profissionais necessários para o acompanhamento dos pacientes.