A defesa de Fernanda Ayres, uma das acusadas de ter assassinado a facadas a jovem Tainah Luz Brasil Rocha em maio do ano passado, entrou com um pedido de afastamento do promotor Benigno Filho do caso por ter convívio com o pai do advogado da ré, que também atua como promotor de Justiça no Tribunal do Júri. A alegação de suspeita de parcialidade foi enviada ao juiz da 1º Vara do Tribunal Popular do Júri no último dia 23 de fevereiro.
De acordo com o advogado Regis Marinho Filho, o seu pai, o promotor de Justiça Regis Marinho, e o promotor Benigno Filho, responsável pela acusação contra as rés, atuam há muito tempo junto à Vara do Júri de Teresina, de modo que se conhecem, trabalham e tem certo grau de convivência pessoal entre si. O pedido se estende também aos demais membros do MP com atuação na 1ª Vara do Júri.
Promotor Benigno Filho. (Foto: Arquivo O Dia)
“Há de se evitar, por questão de prudência e zelo com as normas processuais, quaisquer aberturas para eventuais alegações de favorecimento à acusada, em virtude do seu causídico ser filho de Promotor de Justiça com o qual o membro do Parquet em atuação nesta causa tem relação próxima. Inclusive essa condição deve ser aplicada aos demais membros do MP/PI em atuação perante o juízo in casu, seguindo a mesma lógica esposada acima”, diz a defesa.
O pai da vítima, o jornalista Marcelo Rocha, afirmou ao O Dia que foi surpreendido pelo pedido da defesa e revelou que considera a proposta “imoral e ridícula”. Segundo ele, o argumento usado pelo advogado Regis Marinho Filho é uma forma de protelar o julgamento das acusadas Fernanda Ayres e Geovana Thaís.
Fernanda Ayres e Geovana Thais (Foto: Reprodução/Whatsapp)
“Ele está querendo dizer que existe alguma possibilidade, alguma força superior, que possa decidir ou definir qualquer coisa. Se existisse isso, seria o pai pedir um apoio maior para o filho, mas eu conheço o Regis Marinho e ele não é capaz disso. A gente fica indignado, horrorizado, quando se chega a essa fórmula, a essa tentativa de fazer com que possa demorar ainda mais o julgamento”, destacou o pai de Tainah.
Marcelo Rocha disse ainda ter certeza de que o poder judiciário não irá aceitar a proposta da defesa e pede que o Ministério Público do Piauí, através do promotor Benigno Filho e do próprio pai do advogado, se posicione sobre os termos contidos na alegação de suspeita de parcialidade.
“Se esses dois promotores não podem se posicionar, não podem trabalhar porque são colegas, nenhum dos procuradores vai poder trabalhar, porque todos eles são colegas. Todos eles fazem parte daquela casa, que é fiscal das leis”, finalizou.
Entenda o caso
A jovem Tainah Luz Brasil Rocha, de 27 anos, filha do jornalista Marcelo Rocha, morreu no dia 16 de maio de 2022, após ser esfaqueada durante uma discussão ocorrida no bairro Mocambinho, zona Norte de Teresina. A jovem foi atingida com aproximadamente treze facadas na região do abdômen.
Tainah Brasil. (Foto: Reprodução)
Ela chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde recebeu atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos e veio à óbito. Fernanda Ayres, que era ex-namorada de Tainah, e a sua companheira Geovana Thais Silva, foram indiciadas por homicídio triplamente qualificado.