O dono de um posto de gasolina, que não teve a identidade revelada, perdeu R$ 27 mil após cair em uma nova modalidade de estelionato conhecida como “golpe da novinha”. De acordo com o delegado Odilo Sena, titular do 13º Distrito Policial, os criminosos se passam por menores de idade para conseguir manter uma conversa íntima com as vítimas pelo whatsapp. Depois, entram em contato por telefone se passando por policiais ou pelo pais das menores, para extorquir dinheiro.
“A pessoa entra em contato com ela e desenvolve uma conversa bem picante. Eles migram para o whatsapp, trocam fotos e vídeos nuas, o cara enlouquece e não percebe que está caindo em uma armadilha. No dia seguinte, alguém liga, normalmente se passando pelo pai ou mãe, dizendo que você destruiu a família e que vai denunciar para a polícia. Logo em seguida, uma pessoa se passando por policial ou delegado, liga dizendo que é da cidade tal e diz que vai prender a pessoa por pedofilia e a pessoa cai como um patinho”, diz o delegado.
Criminosos se passam por menores de idade para extorquir dinheiro da vítima (Foto: Reprodução/Pixabay)
Segundo o delegado, as maiores vítimas do golpe são homens que, por vergonha de pedirem ajuda, acabam depositando dinheiro na conta dos criminosos. Ao pagarem, as vítimas acreditam que a falsa denúncia não será levada adiante. A forma como o golpe acontece, geralmente com um espaço de poucas horas entre as ligações dos criminosos, impede que a pessoa perceba que está caindo em um golpe.
“Eles usam da libido, principalmente da libido masculina, porque o homem normalmente é o que vai para cima, é galanteador, então ele está mais suscetível a esse golpe. A situação constrange a pessoa e tumultua o raciocínio lógico, e a pessoa cai. Aqui, um empresário, dono de um posto de gasolina, começou pagando R$ 5 mil, depois foram pedindo mais. No final das contas, ele pagou quase R$ 30 mil, até que não aguentou mais e pediu ajuda”, afirmou o delegado Odilo Sena.
Delegado Odilo Sena alerta sobre o "golpe das novinhas" (Foto: Arquivo O DIA)
O titular do 13º DP alerta que a melhor forma de evitar cair em golpes como esse é a prevenção. As pessoas devem evitar expor detalhes da sua pessoa nas redes sociais ou manter contato com pessoas que não conheçam. É importante também que os usuários evitem clicar em links desconhecidos ou suspeitos.
“Uma investigação desse naipe é cara, porque geralmente esses caras são de outros estados. Imagine se tivermos que levar equipe, fazer diligências, se aqui já é difícil, imagine fora. Se pensarmos em todos os golpes que são feitos por pessoas de fora, não temos estrutura, são poucos policiais que ainda fazem esse tipo de investigação”, avalia.
Golpe dos faccionados
Diferentes tipos de golpes por meio da internet estão cada vez mais comuns. Além do “golpe da novinha”, outro tipo de crime citado pelo delegado Odilo Sena é o “golpe dos faccionados”, no qual uma mulher entra em contato com a vítima (geralmente um homem), seja por meio do facebook, tinder, ou outra rede social, e começa a desenvolver uma conversa. A partir daí, outra pessoa entra em contato afirmando que a mulher é casada com um líder de uma facção e ameaça a vítima de morte.
"Geralmente é uma mulher bonita que entra em contato com a vítima falando que é casada, mas que não se importa e que está buscando uma aventura. Eles desenvolvem a conversa, trocam telefones, whatsapp, as vezes até imagens. No dia seguinte uma outra pessoa manda vários prints para a vítima, que normalmente é um homem que namora ou é casado ou que tem uma reputação a zelar. Durante a conversa eles dizem que sabem que a pessoa se envolveu com a mulher que é casada com um faccionado e ameaçam a vítima de morte”, explica o delegado.
Criminosos se passam por mulher casada com faccionado para aplicar golpe (Foto: Emelly Alves/ODIA)
Diante das ameaças, a vítima acaba entrando em desespero. Com isso, os golpistas passam a pedir uma quantia em dinheiro para deixá-la em paz. “Quando eles notam que a vítima está dominada, eles começam a pedir que a pessoa mande R$ 3 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e tudo fica resolvido”, ressalta.
O delegado reforça que muitas pessoas acabam caindo nesse golpe por não terem cautela na hora de conversas com pessoas aleatórias na internet e expor suas intimidades. Segundo ele, casos desse tipo já aconteceram no Piauí, nos municípios de Piripiri, Campo Maior, Elesbão Veloso, Guadalupe e Uruçuí.
"Muita gente cai porque, infelizmente, não tem cautela na hora de se expor e conversar com quem conhece apenas pelo aplicativo. Na internet, muitas vezes aquela foto ou vídeo que lhe mandam, não é da pessoa que está falando com você, mas é utilizada para enganar o sujeito que acaba caindo no conto do vigário. Então, é preciso ter muito cuidado com quem você fala e o que expõe nas redes sociais”, conclui Odilo Sena.