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Famílias pedem pena máxima para Pablo Santos; Ex-namorada relatou episódios de ciúmes

O empresário é acusado de matar a amiga da ex-namorada, Vanessa Carvalho, e tentar contra a vida de Anuxa Kelly

30/08/2022 10:17

O empresário Pablo Henrique Campos Santos está sendo julgado na manhã desta terça-feira (30) no 2° vara do Tribunal do Júri pelo assassinato da jovem Vanessa Carvalho e pela tentativa de assassinato de sua então namorada, Anuxa Kelly Leite de Alencar, na saída de uma festa de casamento. Serão ouvidas duas testemunhas de defesa e cinco de acusação. A ex-namorada Anuxa Kelly é a primeira testemunha a ser ouvida.

Foto: Divulgação/TJPI

Em seu depoimento, Anuxa afirmou que ela,  a amiga Vanessa Carvalho e o ex-namorado Pablo Santos chegaram juntos e durante a festa ele ficou alterado e se afastou das amigas, sem informar se havia ficado com ciúmes da então namorada. Antes mesmo do início da festa, segundo Anuxa, ele já mostrava estar chateado e o casal passou todo o evento separado. Em um determinado momento, Anuxa lembra que Pablo chegou a xingar ela diante dos amigos.

“Teve uma hora que todo mundo desceu pra pista de dança, ele dançou com minhas amigas, eu dancei, a noiva chamou todas as amigas pra ficarem na frente do palco, mas não sei o motivo dele ficar alterado.
Do meio da festa pro fim a gente ficou separado, ele ficava de um lado e eu de outro com minhas amigas”

A ex-namorada disse também que Pablo sempre demonstrou ciúmes, desde o início do namoro. Eles namoraram por um ano e chegaram a morar juntos.

“Ele
não chegou a dizer que tinha ficado com ciúmes por ter dançado com o cantor,
todo mundo dançou. A única vez que ele chegou perto de mim, foi quando eu estava
sentada e ele bateu no meu ombro e disse: você vai me pagar. A gente saiu da
festa, eu fui acompanhada da Vanessa. Ela tinha deixado a chave de casa dentro
do carro dele, quando a gente estava pegando a chave dela, ele veio correndo de
dentro do buffet, eu sai e dei a volta no quarteirão e ele saiu correndo atrás”,
conta a ex-namorada.

Anuxa Kelly relatou que não lembra do momento em que foi atingida pelo carro de Pablo Santos. 

“Eu conversei com a Vanessa e a gente decidiu que eu ia dormir na casa dela, e eu resolvi voltar.Quando voltei, ele ainda não tinha voltado, porque ele estava a pé e dei a chave na mão da Layara, para ela entregar para ele, e pegamos a chave do carro da Layara para irmos juntas pro carro. E não vi mais nada, porque eu estava de costas, e acordei no hospital. A minha amiga disse que a gente voou por cima do carro, cai com o rosto dentro do esgoto, não sei como não fiquei desfigurada”.

Anuxa Kelly falou pela primeira vez com a imprensa após depoimento. Foto: Nathalia Amaral/ODIA

O depoimento de Anuxa Kelly durou mais de uma hora. Durante esse tempo, ela foi questionada sobre o dia do ocorrido, o relacionamento com Pablo e o comportamento dele durante o tempo de namoro e no dia do fato. Segundo ela, ele sempre demonstrou ciúmes e tinha o costume de beber excessivamente. Por diversas vezes, quando o casal brigava, o acusado saía de onde estivesse com Anuxa e a deixava sozinha.

"Eu me senti péssima em ter que reviver tudo de novo, mas espero que acabe aqui.
Ele pode pegar mil anos que não vai trazer a Vanessa de volta"


O segundo depoimento foi do atual coordenador da Central de Flagrantes de Teresina, o delegado Diego Paschoal. Ele é irmão do noivo e estava na festa como convidado. A testemunha relatou em seu depoimento que presenciou o Pablo acelerar o carro e desviar a trajetória para acertar as vítimas.

"A impressão que eu tive foi que ele reduziu a marcha e acelerou o carro para atingir as meninas. Inclusive, ele quase bate no meu carro, mas ele conseguiu desviar e seguiu pela Homero"


A terceira testemunha é a amiga das vítimas, Layara Ferreira. Ela confirmou que o casal brigava com frequência e, na maioria das vezes, o acusado deixava a namorada no lugar em que estivessem e ia embora. Segundo ela, Pablo Santos não gostava de ver Anuxa Kelly conversando com outras pessoas e demonstrava ciúmes. 

"Quando me aproximei [depois da colisão], elas estavam desacordadas e eu voltei gritando pedindo ajuda. É a parte que eu lembro, porque eu desmaiei e acordei na cadeira do vigia do buffet. Quando acordei, meu esposo estava com a Anuxa, segurando o rosto dela, porque ela tinha caído com o rosto na vala. Ela até meio que falou, mas a gente não podia mexer".

Fotos: Nathália Amaral/ODIA

"Não aguardei a Vanessa ser colocada na ambulância, não deixaram a gente se aproximar. A chave do nosso carro estava nas mãos da Vanessa, então meu esposo precisou abrir a mão a dela para pegar a chave para ir para o hospital. Eu não sei se ela já havia morrido porque só fiquei sabendo no hospital. A gente viu uma ambulância chegando e ficou esperando a outra chegar e não chegava, foi quando soubemos que ela tinha vindo a óbito"


Os crimes aconteceram quase três anos atrás, no dia 29 de setembro de 2019, na saída de uma festa na zona Leste de Teresina. Pablo Santos está preso desde então, na cadeia pública de Altos. 

No começo, ouve um princípio de confusão porque os familiares não foram autorizados a acompanhar o julgamento. O grupo de familiares e amigos ficou na porta da sala de audiência. Dentro, só os estudantes de direito e pessoas envolvidas diretamente no processo. Mesmo com a negativa, a mãe de Vanessa Carvalho afirmou que vai permanecer no local até o final da audiência.

“Esperei quase três anos para esse julgamento e fui impedida de entrar. É um absurdo. Eu vim preparada para isso. Estou com três dias que não durmo e estou aqui querendo justiça. Eu quero pena máxima, ele tem que apodrecer na cadeia. Não foi acidente”, afirmou Vânia Maria Chaves de Carvalho. 

O assistente de acusação e advogado das vítimas, Leonardo Queiroz, ratificou que o atropelamento de Vanessa Carvalho não foi um acidente. "Hoje queremos pôr um fim a essa saga, que a defesa tentou por diversas vezes, esgotando todas as hipóteses de recursos, tentando evitar esse julgamento. O acusado está sendo julgamento pela prática do duplo feminicídio, um consumado e um tentado. Um crime de homicídio com três qualificadoras, por motivo fútil, com impossibilidade de defesa das vítimas e o feminicídio. As provas são claras quanto à intensão do acusado", pontuou.

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