O ex-tenente do Exército Brasileiro, José Ricardo da Silva Neto, que confessou ter assassinado a namorada Iarla Barbosa Lima, em junho de 2017, teve a prisão preventiva revogada nesta segunda-feira (5) e será posto em liberdade provisória. A decisão é do juiz de direito da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Antônio Reis de Jesus Nollêto.
Além da revogação da prisão preventiva, o magistrado decidiu levar o caso à Júri Popular e o ex-tenente deverá ser julgado por homicídio consumado e por dupla tentativa de homicídio, por motivo fútil, sem possibilidade de defesa das vítimas e pela condição das vítimas pertencerem ao sexo feminino (feminicídio). A previsão é de que o julgamento seja realizado ainda no primeiro semestre de 2018.
Para a concessão da liberdade provisória, o juiz levou em consideração o fato do acusado não possuir maus antecedentes e não ser reincidente, o que não caracterizaria ameaça à ordem pública. Por ser réu primário e estar preso há mais de sete meses, além de apresentar bom comportamento e ter comparecido a todos os autos processuais, o acusado, mesmo tendo confessado ter assassinado a namorada, deverá ser posto em liberdade.
Iarla Lima Barbosa e José Ricardo da Silva Neto. (Foto: Reprodução)
Em liberdade provisória, o acusado deverá obedecer às seguintes medidas cautelares: não poderá se ausentar de Recife, no estado de Pernambuco, município onde reside com os familiares; deverá comparecer a todos os autos do processo para os quais for intimado; deverá comparecer mensalmente perante o juízo da Comarca de Recife-PE, para informar e justificar suas atividades; deverá obedecer o recolhimento domiciliar noturno, a partir das 20h; não poderá se envolver em nenhum outro delito; não poderá frequentar casas de eventos.
Entenda o caso
José Ricardo da Silva Neto foi preso em flagrante no dia 19 de junho de 2017 e teve a prisão convertida em preventiva no dia seguinte, pelo assassinato da estudante Iarla Lima e por disparar vários tiros contra a irmã de Iarla, Ilana Lima Barbosa, e a amiga, Joseane Mesquita da Silva.
Durante a audiência de instrução e julgamento do caso, no dia 22 de novembro de 2017, o ex-tenente do Exército Brasileiro confessou ter matado a namorada e contou em detalhes como ocorreu o feminicídio de Iarla Lima. No seu relato, o acusado confessou ser o autor do disparo que matou a estudante, mas negou ter apontado a arma, um revólver calibre 38, e disparado Ilana Lima e Joseane Mesquita.
Em seu depoimento, José Ricardo da Silva Neto alegou que a estudante teria segurado a arma e só então os disparos teriam sido efetuados. Quando questionado pelo juiz Antônio Nolleto sobre o que teria motivado a discussão e se o motivo teria sido ciúmes, Silva Neto disse não se lembrar. Durante a audiência, a defesa do acusado tentou ressaltar o bom comportamento do ex-militar através de depoimentos de amigos e oficiais do Exército que não haviam presenciado o crime.
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