Escolas, igrejas, quadras de esportes, praças. Esses são os
locais mais usados pelas organizações criminosas para a demarcação de
território por meio das pichações. Segundo o secretário de Justiça, Carlos
Edilson, além de utilizar os espaços públicos para sinalizar a dominação de uma
área, as facções também usam os símbolos para habituar a população à presença
da facção e até mesmo atrair crianças para a criminalidade.
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Foto: Assis Fernandes/O Dia
“Um dos pontos mais usados, por exemplo, são os muros
próximos às escolas, porque eles picham para habituar à criança à presença da
facção. Fazer com que elas instiguem a curiosidade e acabem se interessando
pelo mundo do crime. Na região do Dirceu, por exemplo, temos [pichações] em um
campo de futebol, quadras e praças para chamar a atenção e instigar a
sociedade”, alerta o secretário.
Além do Dirceu, os símbolos podem ser facilmente identificados
em várias regiões de Teresina, em especial nas periferias. No bairro Parque
Piauí, na zona Sul da Capital, por exemplo, as pichações são usadas, em sua
maioria, em muros de escolas públicas. A frase "Proibido roubar na quebrada" é uma das mais utilizadas pelas facções para impor a dominação sobre os outros criminosos
que atuam na região.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Para combater a ação dessas facções, a Secretaria de Justiça
iniciou a limpeza de logradouros utilizando a mão de obra carcerária. O projeto
teve início nesta quinta-feira (03), no município de Campo Maior, e será
ampliado para todas as cidades que possuem unidades prisionais no Piauí. Com o
apoio do 15º Batalhão da Polícia Militar, o trabalho aconteceu com o uso da mão
de obra de presos que cumprem pena na Penitenciária José de Arimateia Barbosa
Leite e foi feito em vários bairros da cidade do Norte do Estado.

Foto: Thanandro Fabrício/Sejus
“Essa pichação ‘proibido roubar na quebrada’, tem como função
demarcar o território e mostrar que aquilo é uma área deles. Por isso estamos
fazendo esse projeto, para demonstrar para essas organizações a presença e o
poder do Estado. A sociedade pode achar que é algo muito simples, mas nós
estudamos e acompanhamos a ação dessas facções e entendemos que apagando essas
pichações estamos dando um passo contra essas organizações”, afirma.
Além da ressocialização dos detentos, a Lei de Execução Penal
prevê que o detento tem direito a diminuir um dia de sua pena a cada três dias
trabalhados. A seleção dos apenados que irão participar da ação de limpeza dos
símbolos em logradouros públicos é feita pela direção das unidades prisionais
em conjunto com a diretoria de Inteligência da Sejus. O secretário de Justiça
revela que um dos parâmetros usados é utilizar presos faccionados para realizar
o trabalho.

Foto: Thanandro Fabrício/Sejus
“A ação de Campo Maior foi extremamente exitosa e significativa.
Os próprios internos apagaram os símbolos de organizações criminosas que agem
contra o Estado e a nossa sociedade. Ontem utilizamos três detentos e estamos
organizando como será feito nos próximos municípios. Na próxima semana estarei
com o comandante-geral da PM para definir como será realizado em Teresina”,
finalizou.
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