O teresinense foi surpreendido com a paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus do transporte coletivo da capital nas primeiras horas desta quinta-feira (22). Só que, mais surpresa do que os milhares de passageiros que dependem do transporte coletivo municipal, está a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (Strans). O superintendente da pasta se disse “surpreendido” com a paralisação dos operadores do transporte público municipal.
Bruno Pessoa, superintendente da Strans (Foto: Assis Fernandes / O DIA)
Em uma reunião realizada na manhã de hoje, a Prefeitura informou ter feito o repasse para o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) e disse não entender por quê do valor não ter sido usado para pagar os trabalhadores. Entretanto, nenhum representante do Setut compareceu à reunião.
“Nas primeiras
horas da manhã fomos surpreendidos com essa paralisação. Apesar de que a Prefeitura
de Teresina e a Strans vem fazendo repasses de fevereiro a setembro, em torno
de R$ 2 milhões. Nos meses de outubro e novembro foram mais de R$10 milhões. Então não se justifica esse descumprimento no contrato entre trabalhadores e patrões”, disse Bruno Pessoa, superintendente da Strans.
(Foto: Assis Fernandes / O DIA)
A Strans também se posicionou sobre os repasses e a paralisação:
A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS) informa sobre os valores já repassados aos consórcios que operam o sistema do transporte público de Teresina que, desde o mês de fevereiro do ano de 2022, mensalmente, foram repassados cerca de R$ 1 milhão e 200 mil até o mês de setembro, além disso, desde abril de 2022 até outubro deste ano, houve um complemento financeiro de mais R$ 850 mil, totalizando mais de R$ 2 milhões de reais.
Nos meses de outubro e novembro, foram destinados para os consórcios mais de R$ 8 milhões, sendo parte desse valor referente ao aporte do idoso do governo federal. Vale ressaltar que a Prefeitura Municipal de Teresina antecipou o valor da parcela desse aporte do mês de dezembro para novembro, para que os consórcios pudessem efetuar o pagamento do décimo terceiro salário dos funcionários, ou seja, só no ano de 2022, foram injetados, aproximadamente, R$ 24 milhões no sistema de transporte público de Teresina.
Enquanto isso... trabalhadores seguem sem receber e população sem ônibus!
O Sintetro afirmou que os trabalhadores vão continuar fazendo paralisações durante os próximos dias. “[Se houve o pagamento] cadê as notas desse repasse? Eu nunca tinha visto isso em Teresina. Na campanha foi tanta promessa, mas a situação do transporte só piora, é ladeira abaixo. Essa é a situação de Teresina. O 13º salário foi pago, mas a segunda quinzena [do salário] eles disseram que não vão pagar porque a Prefeitura não fez o repasse”, denunciou Antônio Cardoso, presidente do Sintetro.
(Foto: Arquivo / O DIA)
A PMT, por sua vez, afirmou que o próximo repasse para o Setut só será feito no dia 4 de janeiro de 2023. "Queremos pedir desculpa à população, mas vamos combinar paralisando até que tenhamos uma resposta positiva para os trabalhadores", finalizou Cláudio Gomes, secretário de imprensa do Sintetro. A manifestação encerrou às 10h e os ônibus voltaram a circular. Porém, à tarde haverá nova paralisação: das 15h às 19h. Na sexta-feira também terá nova paralisação: das 5h às 10h e das 15h às 19h.
Repasses da Prefeitura são insuficientes para custear o sistema
"O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) esclarece que são inverídicas as declarações realizadas pela Strans. A prefeitura realizou aportes de R$ 850 mil durante 10 meses, mas em valor insuficiente para o tamanho do débito contratual. Atualmente, para manter o sistema são necessários aportes de R$ 5 milhões/mês, ou seja, apenas nesse ano já está acumulado em R$65 milhões.
Esse recurso para subsidiar o transporte público é obrigatório contratualmente e extremamente necessário para a manutenção do equilíbrio financeiro do sistema. O Setut segue tentando o diálogo com os entes municipais, mas não não existe um compromisso da gestão atual com o transporte público da capital."