Em uma mistura de música, interação artística e resgate pela cultura regional e local, artistas piauienses se apresentaram em festival realizado em Teresina neste fim de semana. Apresentações musicais com Preto Kedé, Amanda Santi, Bia e os Becks, Validuaté, Caju Pinga Fogo, dentre outros, trouxeram a valorização e resistência da arte teresinense à cerca de 6 mil pessoas que estiveram presentes no evento.
Durante o festival, os artistas locais tiveram a oportunidade de se apresentar junto a grandes nomes da música nacional, como Alceu Valença, Emicida, Duda Beat, Frejat, entre outros. Para Amanda Santi, cantora piauiense de MPB, é necessário que artistas locais ocupem os espaços culturais.
“É muito importante que eventos como esse aconteçam em nossa terra. A junção de artistas locais e independentes com artistas nacionais tem grande valor e também agrega na nossa arte, cultura e no nosso fazer artístico”, diz a cantora.
Amanda Santi destaca a importância de festivais em Teresina (Foto: Reprodução/Instagram)
“Eu sou da comunidade. Ocupo espaços para levar a voz da periferia”, diz o artista teresinense Preto Kedé
Levar a dança e a voz das comunidades para o palco. Essa foi uma das propostas de Cledeilson Barreto, conhecido como Preto Kedé, que começou a sua carreira artística ainda criança, utilizando a dança como forma de representatividade. Para ele, a apresentação no festival foi uma forma de mostrar a história do povo preto e levar ao público músicas que não se costumam ouvir em outros eventos de Teresina.
“Eu sou das comunidades. Sou um dos representantes da cultura negra. Isso tem uma grande importância para mim porque ocupo um espaço para levar a voz da periferia e, claro, levar a história do meu povo preto, das pessoas pretas, trazendo a representatividade necessária para cima do palco”, disse.
Preto Kedé leva cultura e valorização da arte negra ao palco (Foto: Divulgação/BLR)
Ainda segundo Kedé, ocupar esses espaços permite o debate sobre a importância do combate ao racismo na sociedade através da música. Mais do que ocupar espaços de poder fala, artistas negros vêm construindo caminhos para a igualdade racial no Piauí. Frente a diversas políticas públicas de Estado, eles trazem consigo o sentido da coletividade e dão base para que outros homens e mulheres negras também ocupem esses espaços.
Em 2019, Preto Kedé protagonizou um curta metragem “Deixa a chuva cair” e começou com a sua carreira solo, que desde então vem se desafiando, aprendendo, se modificando, misturando novos ritmos e aprimorando os seus conhecimentos na dança. A ideia é levar a sua arte para outros festivais pelo país.
“São 10 anos de resistência na arte do estado”, conta a cantora Bia Magalhães
O grupo musical teresinense Bia e os Becks também fez sucesso no festival. A banda comemora mais de 10 anos de existência e, durante sua apresentação, buscaram trazer diversidade e pluralidade.
Em suas redes sociais, a vocalista da banda, Bia Magalhães, destaca que uma das coisas mais importantes que um artista deve fazer é quebrar os tabus e paradigmas através da arte.
“Somos sinônimo de transgressão, choque, diversidade, alegria, pluralidade e tudo junto e misturado. São mais de 10 anos de resistência na arte do estado e acredito que somos muito bons no que fazemos. Meu corpo, minha voz e minha arte sempre será politica”, disse a artista.
Bia e os Becks encantam público durante apresentação no Festival (Foto: Divulgação/BLR)
Uma das maiores bandas da cena musical piauiense, Bia e os Becks anunciaram, durante o festival, uma pausa em suas atividades. Em suas músicas, o grupo busca trazer reflexões sobre o cenário político brasileiro, além de falar sobre relações e liberdade com um toque de regionalismo.