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Cartilha contra a exploração sexual e o trabalho infantil é lançada pela ASA

O encarte foi totalmente elaborado por educandos dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos Casa de Zabelê, Novos Meninos e Meninas e Integrar.

14/09/2022 13:11

Nina é uma adolescente de 14 anos que, assim como outras duas colegas de classe, foi abusada sexualmente pelo seu professor de matemática. A história, que é fictícia, foi escrita por uma das crianças e adolescentes atendidas pelos serviços da Ação Social Arquidiocesana (ASA) e faz parte da cartilha “Fortalecendo o Trabalho em Rede em Defesa das Crianças e Adolescentes”, lançada nesta quarta-feira (14). 

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Além da história de Nina, as outras histórias contidas na cartilha buscam chamar a atenção da sociedade para a violação de direitos de crianças e adolescentes, a partir da visão dessa população. O encarte foi totalmente elaborado por educandos dos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos Casa de Zabelê, Novos Meninos e Meninas e Integrar.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

A coordenadora do Centro de Convivência Novos Meninos e Meninas, Maria Valdenira Silva, explica que os textos e desenhos do encarte foram desenvolvidos a partir da imaginação dessas crianças, tendo como pano de fundo, além da própria imaginação, os relatos que ouviram nas suas comunidades ou até mesmo casos dos quais também foram vítimas. Os trabalhos foram desenvolvidos após oficinas socioeducativas conduzidas a partir da imersão nessas temáticas.

“Antes das histórias surgirem houve todo um preparo. Eles colocaram para fora essas histórias, alguns com a imaginação, outros porque ouviram na própria comunidade e, é claro, eu não posso dizer que não houveram situação em que, infelizmente, eles relataram as suas próprias vivências”, afirma.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

A estudante Ana Lilian de Oliveira, de 14 anos, teve um texto publicado na cartilha. No conto, Ana Lilian relata a história de Miguel, um menino de sete anos vítima de trabalho infantil. Com a promessa de que lhe daria a oportunidade de estudar,  o menino saiu da casa dos pais para morar com a tia e era obrigado a desenvolver atividades domésticas. O texto teve como inspiração a história de uma pessoa do seu ciclo de convivência de Ana Lilian.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

“A inspiração foi a história que uma vizinha minha me contou. Ela me falou sobre a vida dela, eu me inspirei e troquei o sexo e o nome para não a expor. Estou muito feliz em ter um texto na cartilha e inspirada pra continuar escrevendo”, destacou.

Segundo Maria Valdenira, a segunda etapa do projeto Florada dos Ipês, da qual o lançamento da cartilha faz parte, tem como objetivo estimular a consciência crítica da sociedade a respeito das problemáticas relacionadas a exploração sexual e o trabalho infantil e chamar a atenção para o combate a essas violações no dia-a-dia.

“Essa causa precisa ser uma causa de todos os dias e não só em datas comemorativas. A Florada dos Ipês surge na perspectiva de desenvolver esse trabalho dentro das nossas unidades, que são os centros de convivência da ASA no município de Teresina. Esses meninos já são atendidos por nós e o projeto deu tão certo que estamos fazendo a segunda etapa um pouco mais ousada, em que a gente chama a rede de garantia de direitos para o centro da discussão e para o fortalecimento das instituições e da sociedade como um todo”, destaca.

Após o lançamento da cartilha, as crianças e adolescentes beneficiadas com os projetos da ASA retornarão para as escolas como protagonistas, levando a discussão sobre os temas para os outros alunos em uma linguagem de fácil entendimento. Em média, 350 crianças e adolescentes e suas famílias estão inseridas nesse processo.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

“A partir desse projeto, nós podemos ter perspectiva de uma sociedade melhor, de teresinenses mais sensíveis a essa causa, ou seja, de agentes de proteção no futuro e no presente. Com esse projeto estamos fortalecendo a autodefesa delas, potencializando isso, para que elas não fiquem caladas. A violência sexual é cercada pelo muro do silêncio porque muitos agressores estão na convivência diária com essas crianças”, destaca o coordenador pedagógico da Casa de Zabelê, Francisco Moreira.

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