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Concluir estudos e montar pet shop: os sonhos de quem vende doces nas ruas de Teresina

Perfil desses trabalhadores informais nas ruas de Teresina mudou: hoje, muitos são jovens, até com grau técnico ou superior.

05/06/2022 13:42

O Piauí tem cerca de 737 mil pessoas que estão na informalidade, segundo os dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do 3º trimestre de 2021. E todo esse contingente é mais do que um número: são pessoas de carne, osso e sonhos! Diante da atual crise econômica e da falta de empregos formais no mercado de trabalho, muitos se tornaram ambulantes e se viram como podem para não perderem os objetivos de vida.

Sonhos dos mais variados. Desde abrir um negócio próprio, a ajudar familiares ou concluir os estudos, como é o caso do estudante com as iniciais L. G.. Ele preferiu não se identificar na reportagem. Vende balas à base de gelatina no centro comercial de Teresina e tem receio de ser reconhecido pelos colegas do curso técnico de Enfermagem. Ele é mineiro, mas vive aqui na capital com a mãe, que é assalariada. Ele decidiu ir às ruas para conseguir o valor para pagar o curso. 

Estudante L. G., de 30 anos, não conseguiu emprego formal e vende balas para manter o curso. (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

“Decidi vender coisas nas ruas por causa do meu curso. Quero concluir pois, se você tem um sonho, você tem que ir atrás e não olhar para os problemas. Já tentei emprego de carteira assinada várias vezes, deixei currículos e tudo, mas está muito difícil conseguir emprego. Eu espero que futuramente eu possa conseguir um trabalho”.

Porém, sem um emprego formal para bancar os estudos, nem todos conseguem manter o curso em andamento. É o caso do Rafael Borges, 34, vendedor ambulante e que antes da crise econômica provocada pela pandemia, era consultor imobiliário. “Eu fazia o curso de Administração, estava no quarto período. Mas tive que parar por conta dos problemas financeiros. Eu quero voltar a estudar e concluir meu curso. Essa venda com certeza vai me ajudar”.

Avenida Miguel Rosa, esquina com a Rua São Pedro. Centro Sul de Teresina. Lá, o jovem Luiz Felipe, 26, espera o sinal fechar para ir de carro em carro oferecer paçocas. Um real cada. E de doce em doce vendido, ele fica mais próximo do sonho dele e da esposa, veterinária: montar um Pet Shop no bairro Mocambinho. O amor pelos animais e a vontade de melhorar de vida é o que move o ambulante, que tentou de todas as formas conseguir um emprego de carteira assinada.

Luiz Felipe e a esposa querem montar um Pet Shop. Para isso, ele foi às ruas vender paçocas no Centro de Teresina. (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

“Comecei em Fortaleza. Lá estávamos com muitas dificuldades e iniciei a venda de paçocas para pagar um moradia para eu e minha esposa. Como aqui em Teresina conseguimos uma casa, decidi continuar a venda por esse sonho específico. E é uma meta que já estamos realizando! Já adquirimos o espaço físico e aos poucos estamos montando o nosso pet shop. Muito disso só com as paçoquinhas”, brinca.

(Foto: Assis Fernandes / O DIA)


Cartão, apps e até PIX: moedas de “troco” estão ficando no passado

L. G; Rafael Borges; Luiz Felipe. Personagens da vida real e que sabem que precisam se adequar a realidade, para vender os produtos. E é assim que eles têm agido quanto à forma de pagamento dos doces que vendem. Apesar de serem doces e bombons de pequeno valor, todos os três aderiram aos meios digitais de recebimento de dinheiro. Cartão de crédito e débito, aplicativos de pagamento e até o PIX, agora são usados.

Rafael vende doces no Centro. A maioria das vendas ocorre tendo o PIX e cartão de crédito como formas de pagamento (Assis Fernandes / O DIA)

“Eu aceito cartão e PIX. Hoje, as pessoas não estão mais andando com dinheiro no bolso. Tudo é PIX. E eu aderi a essas modalidades. Facilita pra todo mundo, para o cliente e para mim. Aquelas moedas de troco estão ficando no passado. E quem quer ganhar dinheiro para realizar um sonho, tem é que facilitar o pagamento”, finalizou L. G.

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