O dinheiro de emendas parlamentares que deputados federais e senadores piauienses enviam para serem investidos no tratamento de pessoas com câncer atendidas pelo Hospital São Marcos não tem chegado nas contas da unidade de saúde. São R$8 milhões que atualmente estão barrados na Fundação Municipal de Saúde e a equipe comandada pelo prefeito Dr. Pessoa (MDB) não demonstra capacidade de destravar o recurso.
Atualmente, o Hospital São Marcos é responsável por 100% do atendimento de oncologia infantil no Piauí e 98% no tratamento de adultos com câncer. A instituição prevê fechar o ano com déficit de R$24 milhões e o dinheiro retido na Fundação Municipal de Saúde ajudaria a equilibrar as contas.
O prefeito, Dr. Pessoa; o vice-prefeito, Robert Rios, e Gilberto Albuquerque, presidente da Fundação Municipal de Saúde (Foto: Rômulo Piauilino/PMT)
Ao ODIA, um parlamentar federal que destinou emendas para o Hospital São Marcos, afirmou que ficou sabendo pela direção da Casa de Saúde que o dinheiro de sua emenda repassado para a FMS não chegou ao Hospital. “Não precisa de projeto, nem nada. Emenda minha eu direciono o destino. Quando a FMS retém, o Hospital São Marcos poderia acionar a Justiça”, pontuou o parlamentar, reclamando que o dinheiro não poderia ser retido pela Fundação.
O diretor-adjunto do Hospital São Marcos, Joaquim Almeida, lamenta a situação. “É dinheiro parado na burocracia da Prefeitura. Emendas federais que nunca foram efetivadas. Os gestores parecem que não entendem, é algo que ninguém consegue solucionar”, lamenta, acrescentando que a instituição já sofre com a defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde, sendo obrigada a pagar aos profissionais da medicina a diferença do preço pago pelo Poder Público. “Aqui fazemos procedimentos caríssimos, de ponta, o que o SUS paga está congelado há 15 anos. Você acha que o médico ganha 10 reais numa consulta? É óbvio que se paga a diferença, e é isso que forma o déficit”, explica.
Gustavo Almeida, presidente da Associação Piauiense de Combate ao câncer, ressalta que as emendas levam muito tempo para serem liberadas e que é preciso uma política de repasse tanto do município quanto do Estado para equilibrar a situação do São Marcos. “As emendas levam muito tempo, é muita burocracia pra gente receber, não se pode contar no final do mês. Quando ela vem é fantástica, mas a gente precisa de uma coisa que seja permanente. A gente precisa que essas verbas sejam liberadas e precisamos contar com elas para fechar o caixa”, pontua.
O ODIA tentou contato com a Fundação Municipal de Saúde, que por meio da assessoria de imprensa, informou que mandaria um comunicado posteriormente.