Mofo, infiltrações, falta de
energia. Esses são alguns dos problemas enfrentados pelo empresário Eduardo
Ferreira – dono da loja de roupas esportivas Jump – que se intensificaram desde
o início deste ano. Sem energia elétrica desde o dia 1º de janeiro, Eduardo
conta que vem somando prejuízos tanto nos produtos como na matéria prima usada
para confecção das peças. A loja, que está com os funcionários parados, fica
sob a câmara frigorífica do supermercado Pão de Açúcar, no São Cristóvão, Zona
Leste de Teresina.
Eduardo Ferreira sem energia após as infiltrações. Foto: Assis Fernandes/ODIA
Eduardo relatou que prejuízo já ultrapassa R$ 1,3 milhão. Segundo ele, os danos maiores foram nas perdas das roupas que poderiam ser comercializadas, mas que foram danificadas por causa das infiltrações no teto e nas paredes de várias salas produtivas do estabelecimento. Em uma delas é possível ver o gelo que se forma no teto e água que goteja sobre os tecidos por causa do equipamento do supermercado.
“Eu venho tendo problema com o Pão de Açúcar desde 2012. Inclusive, eu notifiquei a empresa por e-mail que disse que iria solucionar o problema, fato que não aconteceu. Aí o tempo vem passando e venho tendo problemas desde então com as infiltrações da câmara frigorífica, que é sobre a minha loja. Ela cria pontos de gelo que faz com que a água caia sobre os nossos tecidos, nos causando grandes prejuízos. Além disso, por causa da água acumulada, a fiação ficou totalmente comprometida”, relata.
Câmara fria causa gelo no teto da Jump. Foto: Assis Fernandes/ODIA
Com o início do período chuvoso em Teresina, o empresário reafirma que o problema se intensifica por causa da câmara. Segundo ele, isso ocorre quando há mudança de temperatura na capital quando a câmara fria não precisa fazer tanto esforço para eliminar o calor. Antes do período chuvoso, as reformas para conter o problema foram realizadas com recursos da própria empresa. “Não tivemos um período muito chuvoso em Teresina e foi dando para conciliar. Os problemas iam acontecendo e a gente ia conseguindo resolver por conta própria. Então, todo o custo de reforma, de mobília, de mofo e perca de tecido foram custeados pela própria Jump”, conta.
Descaso e falta de assistência
Na João XXIII há mais de 20 anos, Eduardo informou ainda ao PortalODia.com que entrou em contato com o Pão de Açúcar, que só enviou uma equipe de outra empresa, da Bahia, para verificação a situação após a divulgação do caso nas redes sociais. Contudo, as infiltrações ainda persistem e os trabalhadores precisaram cessar suas atividades sem quaisquer respostas do supermercado.
Foto: Assis Fernandes/ODIA
“Foram criadas piscinas de água dentro da loja que molhou matéria prima, tecido e produção daqui. Com a repercussão do caso na imprensa, o Pão de Açúcar mandou a equipe e não corrigiu o problema de forma definitiva. Eles queriam usar a ferragem antiga que eu havia colocado e quando foi pontuado isso, a equipe abandonou a obra”, ressalta.
O empresário revelou ainda que parte do teto da empresa já cedeu devido ao acúmulo de água e que apesar das inúmeras reformas, os pingos são constantes. “Com o passar do tempo, começamos a ter pingos constantes dentro da loja em toda a fiação causados pela câmara. Chegou um dia que uma grande bola de água foi criada no gesso, que caiu e destruiu todo o nosso caixa. Isso comprova que a infiltração é muito grande”, revela.
Com as últimas chuvas, registradas no início do ano, o equipamento voltou a provocar danos na tubulação elétrica, que ficou completamente danificada provando curto-circuito em todos os pontos.
“Quando fui conferir na área das máquinas, começou a espocar fios, lâmpadas e tomadas. Eu saí correndo porque fiquei com medo de uma fagulha causar um incêndio na loja. Dentro destas condições, é impossível a nossa energia ser restabelecida. Estou sem energia desde o dia primeiro e não tenho condições de voltar a trabalhar. Estou com a empresa parada. Vou ter que fazer uma mudança, pois estou até sem energia para tirar os equipamentos”, conclui.
Em um boletim de ocorrência registrado recentemente, o empresário notificou perturbação de sossego devido a uma obra de retirada do piso do Pão de Açúcar, também sobre seu estabelecimento. Os operários usaram martelos e furadeiras de alto impacto o que, segundo ele, prejudicou ainda mais as atividades da empresa. O Pão de Açúcar foi procurado, mas não deu retorno sobre a obra.
Devido à complexidade, o empresário disse que a empresa está aberta para visitação a fim de quem os fatos sejam apurados em loco. Eduardo Ferreira disse ainda que a empresa já entrou na justiça sobre o caso e que agora aguarda os trâmites legais.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o Pão de Açúcar disse, em nota, que “a condução desse fato seguirá no âmbito judicial e não comenta casos em andamento”.