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Grades na frente do Palácio da Cidade simbolizam distância entre prefeitura e teresinenses

Encastelados nos gabinetes, com direito a ar-condicionado, carrões alugados, coffee break disponível, o prefeito Dr. Pessoa e o vice Robert Rios vivem uma realidade paralela e bem distante do cotidiano enfrentado pela população

26/03/2022 08:22

O olhar atento do repórter fotográfico Assis Fernandes, do Sistema O DIA de Comunicação, capturou nesta sexta-feira (25) uma cena que simboliza o que o povo teresinense tem vivenciado com a gestão de Dr. Pessoa à frente da prefeitura. Além das portas fechadas, as grades colocadas na entrada principal da sede do Poder Executivo municipal demonstram a verdadeira face do sentimento daqueles que hoje comandam o Palácio da Cidade.

Encastelados nos gabinetes, com direito a ar-condicionado, carrões alugados, coffee break disponível e um forte esquema de proteção da guarda municipal e assistência militar, o prefeito Dr. Pessoa e o vice Robert Rios vivem uma realidade paralela e bem distante do cotidiano enfrentado pela população. Atualmente, ao enviarem seus filhos para as escolas da rede municipal de ensino, os teresinenses encontram os prédios fechados por causa da greve dos professores. Os mesmos teresinenses que já nem vão para a parada de ônibus, pois tem-se a certeza que o ônibus não passará.

De portas fechadas. Foto: Assis Fernandes/ODIA 

Na área da infraestrutura urbana, em 15 meses da gestão de Dr. Pessoa, os 300 metros que faltam para a conclusão da avenida Ulisses Marques, na zona Leste, não avançaram sequer 1 centímetro. Nem a iluminação da parte já concluída da mesma avenida - deixada pela antiga gestão - a Prefeitura foi capaz de executar. Sem conseguir retomar obras já projetadas, é impensável que tamanho desequilíbrio administrativo seja capaz de captar recursos junto a bancos internacionais para obras estruturantes. É improvável que uma equipe comandada por Dr. Pessoa tenha a competência para solucionar os problemas de drenagem da cidade – que demandam vultosos investimentos e articulação técnica e política para conseguir recursos.

Sem condições de responder à altura os questionamentos sobre Teresina, a equipe da Prefeitura cuida de blindar Dr. Pessoa de quem pratica um jornalismo independente. Na última quinta-feira (24), o secretário de Comunicação da Prefeitura, Lucas Pereira, tentou impedir o prefeito de conversar com a equipe do jornal O DIA. A tentativa de afastar o gestor da imprensa independente demonstra que o prefeito se cerca de quem não tem compromisso com a eficiência e com o respeito à sociedade – o que no final das contas, ajuda a explicar o porquê do prefeito viver em um mundo paralelo.

Foto: Assis Fernandes/ODIA 

Dr. Pessoa debocha da greve dos professores por reajuste: “33 é a idade de Cristo”

O prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, debochou do movimento grevista deflagrado pelos professores da rede municipal. Há 46 dias sem retornar às salas de aula, os profissionais da educação reivindicam o reajuste de 33,24% linear, frente aos 16% encaminhado pelo prefeito e aprovado por grande maioria na Câmara Municipal. A Prefeitura de Teresina oficialmente alegou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para deixar o reajuste abaixo do estabelecido pelo Governo Federal, o prefeito Dr. Pessoa, contudo, tentou justificar que os professores de Teresina têm o melhor salário do Nordeste e afirmou que o reajuste de 16% será mantido mesmo com a greve. “O salário dos professores (de Teresina é) melhor do Nordeste, é o 10º do Brasil. Tudo isso salário, não dizendo proventos outros, não. Quem quiser bater tambor pode bater. O prefeito fez, dentro de um olhar republicano, fez o que podia fazer”, disse. Ao ser interpelado pela imprensa de que os professores cobram 33% de reajuste, o prefeito Dr. Pessoa debochou. “33 é a idade de cristo. É a idade que mataram Cristo”. O gestor logo em seguida se retirou e não respondeu aos demais questionamentos dos repórteres.

Prefeitura Publica Decreto que permite reajuste do passe estudantil para R$ 2 em Teresina

Um decreto municipal publicado no Diário Oficial do Município (DOM), permite que a venda do passe estudantil seja no valor correspondente à 50% da passagem inteira em Teresina. Com isso, a passagem para estudantes, que custa atualmente R$1,35 (um real e trinta e cinco centavos) pode ser reajustada para R$2,00 (dois reais), valor que corresponde metade da tarifa inteira na capital, que atualmente é de R$4,00. O texto do decreto, que está no artigo 38 do DOM, diz que a “empresa responsável pela operação do sistema de bilhetagem somente poderá fornecer o Passe Estudante se a primeira aquisição for no mínimo de 10 (dez) créditos correspondentes ao valor da passagem estudantil, que corresponde a, no máximo, 50% (cinquenta por cento) do valor da tarifa em vigor na data da compra”. Por lei, já é estabelecido que o valor da passagem estudantil seja, no máximo, a metade do preço da passagem inteira. Porém chama a atenção que essa decisão tenha sido publicada no DOM após a Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (ETURB), comandada por João Pessoa, o Pessoinha, que é filho de Dr. Pessoa, assumir o controle da bilhetagem eletrônica, que até então pertencia às empresas de transporte público.

Nouga Cardoso descarta possibilidade de contraproposta para professores em greve

O secretário de Educação de Teresina, Nouga Cardoso, descartou que a gestão municipal apresente uma contraproposta para os professores da rede de ensino da capital. Nouga explicou a decisão pelo reajuste parte do prefeito, mas que não há essa tendência. “Essa é uma decisão do prefeito e do vice-prefeito. Pelo que a equipe da Secretaria de Finanças tem demostrado é que essa possibilidade não existe nesse momento, porque a proposta que foi enviada para a Câmara é aquela que estava no limite das possibilidades’, afirmou ao O Dia. O secretário observa um avanço nas negociações após o Ministério Público iniciar uma intermediação entre a Prefeitura e o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsem). Representantes dos lados envolvidos nas discussões já se reuniram duas vezes e voltarão a discutir uma solução na próxima segunda-feira (28/03). “Na segunda-feira se reúnem a equipe da Prefeitura e do Sindicato para apresentar as tabelas dos repasses para chegarmos a conclusão daquilo que a Prefeitura entende que já fez e já apresentou no aumento, mas também mostrar para o Sindicato de que mais não pode ser feito nesse momento”, disse Nouga Cardoso.

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