Juntas
há 10 anos, a correspondente bancária Ludmila Chaves e a assistente social
Cindy Andrade decidiram oficializar a união. As noivas então iniciaram a busca
por orçamentos para a cerimônia, que ainda não tem data marcada, mas deve
acontecer ainda este ano. Dentre os itens a serem pesquisados, estava um dos
mais importantes, aquele que deixaria registrado esse momento tão especial: a
filmagem.
Cindy,
uma das noivas, entrou em contato com uma empresa especializada, em Teresina, para saber sobre a
disponibilidade de datas e valores. Algo comum para qualquer pessoa que busca
melhores preços. Porém, Cindy e Ludmila foram surpreendidas por uma resposta
que, no mínimo, era inesperada. A empresa se recusou a oferecer orçamento para as jovens, alegando não realizar “casamentos homoafetivos”.
“A
Cindy entrou em contato com a empresa apenas para saber o orçamento e foi
recebida daquela forma agressiva. Depois desse contato eles não deram mais
nenhuma resposta, e, após a repercussão, eles desativaram o perfil no Instagram
para que ninguém marcasse ou entrasse em contato com eles”, conta Ludmila.
Os
prints da conversa viralizaram nas redes sociais e se tornou um dos assuntos
mais comentados do Twitter na noite do último domingo (10). “A gente não
imaginava que chegaria a esse ponto, mas que bom que chegamos. Estamos no
Século 21, que deveríamos sim ser mais respeitados. Além disso, iríamos pagar
da mesma forma, o nosso dinheiro não teria diferença. A empresa foi totalmente
preconceituosa, foi consentido, eles não falaram aquilo à toa. Eles deixaram
bem explícita a opinião deles”, enfatiza.

Ludmila
Chaves comenta que o casal tem recebido muitas mensagens de apoio, inclusive de
profissionais de diversas áreas que estão oferecendo seus serviços
gratuitamente. Elas ainda não decidiram quais os próximos passos que tomarão,
mas destacam que já conversaram com alguns advogados sobre o caso.
“Nesse
momento estamos apenas discernir o que está acontecendo, pensar e ver o que
fazermos a partir de agora. Muitas pessoas vieram falar conosco, estamos sendo
bem recebidas e abraçadas por todos. Alguns advogados vieram falar conosco e
ofereceram ajuda sem custo algum”, acrescenta Ludmila Chaves.
“Nenhuma empresa pode se negar a atender um cliente”,
diz advogado do Consumidor
“Um
dos direitos fundamentais, previsto na Constituição Brasileira, é a vedação ou discriminação por orientação sexual, raça ou religião. Dessa forma, nenhuma
empresa pode se negar a atender um cliente por conta da orientação sexual dele,
ou seja, isso não pode acontecer de jeito nenhum”, enfatiza o advogado do
Consumidor Thiego Sena.
Segundo
o especialista, o caso de Ludmila e Cindy deve ser tratado como homofobia por apresentar
uma conduta discriminatória em relação à orientação sexual das clientes. O
advogado comenta que a situação sofrida pelas jovens caberia uma ação no
judiciário pedindo uma reparação por danos morais.
“Isso
viola gravemente os direitos fundamentais e do consumidor. Essa foi uma conduta
discriminatória e totalmente contra os preceitos que vigoram hoje em dia na
nossa sociedade e ordenamento jurídico. A empresa teve uma conduta totalmente deselegante;
se eles não quisessem atender, deveriam ter encaminhado para outra empresa que
fizesse esse serviço. O cliente não quer saber qual a religião da empresa, ele
quer saber do bom atendimento”, frisa o advogado Thiego Sena.
Contraponto
A equipe de reportagem do PortalODIA.com tentou contato com a empresa, mas as ligações não foram atendidas. O espaço está aberto para esclarecimentos.
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Por: Isabela Lopes