O sorriso aberto, a
alegria contagiante e a conversa fácil são as marcas registradas do Matheus PG.
Características que fazem você, logo de cara, nem dar tanta atenção aos
aspectos físicos dele. O nanismo, um transtorno que se caracteriza por uma deficiência no crescimento
corporal, em pouco tempo de conversa com ele fica em segundo, terceiro, quarto
plano.
Mas a verdade é que precisamos falar sobre a realidade vivida
pelas pessoas de baixa estatura. E o Matheus traz à tona o tema de uma forma bem
especial: através do esporte. Ele é ala esquerdo da Seleção Brasileira de
Futebol de Nanismo, o primeiro piauiense e o segundo do Nordeste a fazer parte
da “Brasa Seleção”, a Canarinho voltada para quem possui a deficiência. Em
julho deste ano, ele disputou a Copa América de Nanismo, em Lima no Peru, chegando
disputar a final.

(Foto: Assis Fernandes / O DIA)
Na decisão, os brasileiros foram derrotados sabe para quem?
Para a Argentina! Mas se a taça foi para os hermanos,
do lado de cá a conquista principal é levantar a bandeira da inclusão de quem tem
nanismo na sociedade. “Desde os seis anos sempre gostei de jogar, nos colégios,
nas faculdades. Nesses ambientes, no meu nicho, não percebia diferenças entre
eu e meus familiares ou amigos. Mas a partir da adolescência, quando eu comecei
a sair do meu nicho, aí comecei a tocar. Comecei a ser excluído, colocado nas
partidas por último”.
Mas Matheus PG é persistente. Foi superando tudo isso e
sempre entrava nos jogos. E não se importava em disputar partidas com pessoas
de estatura “normal”. Ele atribui a isso o desenvolvimento das habilidades no
futebol. “Eu tinha que jogar no ritmo deles. Isso me influenciava a dar o meu
melhor”, conta, dizendo que assim ocorria a verdadeira inclusão, ele jogando
com pessoas ditas “normais”.
Daí, do amador para o profissional, bastou apenas ele ser
visto por um professor desportista da faculdade, onde ele cursou Direito.
Matheus foi informado que havia uma seleção de nanismo. “Não sabia da existência.
A partir do momento que eu soube da Brasa Seleção, isso mudou a minha cabeça.
Me tornou mais profissional”.

(Foto: Assis Fernandes / O DIA)
Próximo passo: profissionalizar o futebol de
nanismo
Apesar de todo crescimento, o futebol de nanismo ainda tem
muitas carências. As principais são o reconhecimento como modalidade por parte
do COI, o Comitê Olímpico Internacional e também da CBF, no âmbito nacional,
além da necessidade de padronização da estrutura para jogos envolvendo atletas
com nanismo.
“Temos por exemplo a questão da trave. Precisa de adaptação
para nós, como aconteceu lá em Lima, onde a trave foi reduzida para 1,70m. E a
quantidade de atletas em campo, que ainda não está definido”. Outra questão é
relacionada aos vários tipos de nanismo. São mais de 300. O mais comum é a
acondroplasia, que é o caso do Matheus. E para participar das competições é
estabelecido os tipos específicos de nanismo que serão aceitos. E o atleta é
obrigado a fazer um exame genético, que custa caro e não é acessível para
muitos desportistas.
Empecilhos que o Matheus quer contribuir com a superação de
cada um. Ele está liderando a criação de uma federação de futebol de nanismo e
de uma competição, agora em setembro, para movimentar e animar os jogadores com
baixa estatura do Estado. Com a garra e força demonstrados por ele nestes 24
anos de vida, alguém duvida que ele irá realizar tudo isso??
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