Motoristas e cobradores do transporte público de Teresina realizaram nesta terça-feira (08), a entrega de cestas básicas para os profissionais da área que estão com salários e direitos trabalhistas em atraso. Foram arrecadadas cerca de 45 cestas, que estão sendo distribuídas na Rodoviária da zona sudeste e na garagem da Emtracol.
O motorista Antônio Cardoso explica que as entregas são feitas para os trabalhadores que possuem número maior de membros na família, ou que são a única fonte de renda. “O setor pessoal faz um levantamento junto com a gente de quais são os funcionários com três filhos ou mais, os que são única fonte de renda da família e que não estão recebendo por parte da empresa”, conclui.
As arrecadações de alimentos chegaram ao fim na zona sudeste. Com essa iniciativa, a ação será estendida à zona norte de Teresina, que tem como ponto de entrega a praça do Poty Velho para quem deseja fazer suas doações.
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Salários atrasados e dificuldade de ter o básico
A situação dos motoristas e cobradores de ônibus de Teresina está intimamente ligada à crise do transporte público da capital, que se agravou ao longo do último ano com a pandemia de covid-19. No decorrer de 2020, as empresas que operam no transporte público da cidade afastaram ou reduziram a jornada de boa parte de seus funcionários em razão da queda da demanda de passageiros e da dificuldade financeira de manter a operação em funcionamento.
Com essas medidas, os profissionais viram seus salários reduzirem e, em alguns casos, as empresas descumprirem os contratos previstos na Medidas Provisórias 1.045/2021 que garantia a manutenção dos vencimentos em sua integralidade a partir da divisão do custeio entre o ente público e as empresas privadas.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Pela MP, publicada em abril deste ano, ficou instituído o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para evitar demissões e garantir a renda dos trabalhadores na pandemia. O texto prevê a possibilidade de suspensão contratual de trabalho ou de redução dos salários com redução proporcional da jornada. Na prática, os trabalhadores que tiveram seus contratos suspensos tinham seus vencimentos pagos mediante divisão entre o Governo Federal e as empresas.
Só que nem todas as empresas honraram com os compromissos. Segundo denúncia recebida pelo Portalodia.com do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Ônibus (Sintetro), há empresas de Teresina que estão obrigando seus funcionários a trabalharem mesmo com contratos integralmente suspensos ou sem pagar o que lhes compete na divisão dos salários com a União pela redução de jornada.
Sem receber seus vencimentos em dia desde o início do ano e às vezes recebendo apenas diárias ao invés do piso previsto mensalmente pela CLT, os motoristas e cobradores de ônibus de Teresina seguem em indefinição quanto ao seu sustento.
“Tem motorista que está recebendo R$ 300 a R$ 320 por mês. É o retrato do transporte público hoje em Teresina. Pedimos que se sensibilizem com a nossa situação, porque tem trabalhador passando necessidade, acometidos por doenças e sem saber o que vai acontecer. Precisamos que o dinheiro chegue nas nossas mãos para podermos colocar o alimento na mesa”, fez um apelo o motorista Antônio Cardoso.
Por: Glória Maria Ribeiro, especial para o Portal O Dia