Na manhã desta segunda-feira (21), os pontos de ônibus em
Teresina amanheceram lotados depois que motoristas e cobradores iniciaram uma nova greve. Diante das crises recorrentes no sistema de transporte coletivo, os
teresinenses buscam alternativas para se locomover pela cidade. É o caso da
vendedora Kelly Lima que, por falta de ônibus, precisa comprometer parte do seu
salário para pagar corridas por aplicativo.

Foto: Assis Fernandes/O Dia
Sem o transporte público nas ruas, o preço das corridas por
aplicativo subiu expressivamente devido ao aumento na procura. Nesta manhã, alguns usuários
chegaram a relatar um acréscimo de mais de 100% no valor das corridas. Kelly
Lima, por exemplo, foi uma das teresinenses que teve prejuízo para conseguir
chegar ao trabalho. Ela conta que, por causa da falta de ônibus, já chegou a
pagar quase um salário mínimo em um mês em corridas por aplicativo.

Foto: Assis Fernandes/O Dia
"Sem contar a demora, comecei a pedir um carro de
aplicativo 6h40 da manhã e só consegui uma corrida às 7h35. Geralmente eu pago
cerca de R$ 12 reais nesse percurso, hoje o valor estava em R$ 33, mas como eu
tinha que ir trabalhar, tive que pagar. Nas paralisações anteriores, já cheguei
a pagar mais de R$800 em um mês pra ir e voltar do trabalho", relata a vendedora.

Foto: Reprodução
Para outras pessoas, o transporte por aplicativo não é uma
opção. No canteiro central da Avenida Zequinha Freire, a diarista Adriana Costa
esperou um ônibus para ir ao trabalho por quase três horas. Ela afirma que fica
no local por causa das péssimas condições da parada. Sem dinheiro para arcar
com o transporte por aplicativo, a única solução é esperar.
"A situação está complicada para quem precisa de ônibus.
Quem tem condições de pagar o transporte por aplicativo, paga. Mas e quem
precisa do ônibus? Estou para desistir e ir pro trabalho a pé mesmo. A gente
tenta ver um lado bom, mas não encontra, porque todo ano tem isso e a cada dia
que passa a situação está piorando", avalia.

Foto: Assis Fernandes/O Dia
A bacharela em Direito Gabriela Rocha também foi uma das
teresinenses que, devido ao cenário de incertezas do transporte coletivo,
precisou tomar uma decisão para conseguir se locomover pela cidade. Apesar do
alto custo, a jovem decidiu comprar um carro para conseguir chegar ao trabalho
sem depender do transporte público.

Foto: Jorge Machado/O Dia
“A única forma para a gente se locomover pela cidade ou era por
meio de carona ou de bicicleta e moto. A gente teve que arranjar um carro para
ir trabalhar, tanto eu quanto como a minha tia Cléo. Quem não tem carona, tem
que arranjar outra forma de vir. Eu consegui um carro, graças a Deus, mas tem
outras pessoas que não conseguiram nada. Eles têm que depender exclusivamente
de ônibus ou pegar um transporte por aplicativo, que está muito caro”, disse.
Para a bacharela em direito Gabriela Rocha, a Prefeitura
de Teresina é a grande responsável pela crise atual no transporte público.
Segundo ela, o transporte é apenas um dos problemas que a Capital enfrenta sem
uma solução efetiva por parte da gestão municipal.
"A
prefeitura não está ajudando em nada. Eu não culpo nem o coitado do prefeito,
porque ele é apenas uma marionete nas mãos do vice-prefeito Robert Rios, que
está ali só roubando o dinheiro da prefeitura. A cidade está jogada às traças,
cheia de mato e lixo nas ruas, cheia de buracos. Os ônibus deveriam ter voltado
100%, os motoristas e cobradores não tem nada a ver [com a crise], eles têm que
receber o salário deles e nem a isso eles têm direito. É extremamente desumano,
eles são trabalhadores também. Não sei onde é que Teresina vai parar",
denuncia.
A reportagem do O DIA entrou em contato com a assessoria do
vice-prefeito Robert Rios e solicitou um posicionamento sobre as acusações, mas
até o momento não obteve resposta. O O DIA reitera que o espaço continua aberto
para quaisquer esclarecimentos sobre a denúncia.
É permitida a reprodução deste conteúdo (matéria) desde que um link seja apontado para a fonte!