Diante da crise do transporte de Teresina, resta aos teresinenses investirem em outras alternativas para poderem ir e vir dentro da cidade, uma vez que os poucos ônibus que circulam demoram a passar e, quando passam, apresentam defeito. É isso o que relatam os passageiros, que acabam desistindo de esperar um coletivo e gastam bem mais que a passagem para ir e vir do trabalho ou da escola, por exemplo.
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É o caso da funcionária pública Célia Andrade, 53 anos. Ela mora no bairro Porto Alegre, zona Sul da capital, e trabalha no Centro, para onde precisa se deslocar todos os dias. Ao Portalodia.com, ela contou que chega a gastar R$ 600,00 por mês em transportes alternativos e carros de aplicativo, já que não há ônibus circulando regularmente pela cidade.
“Quando tem dinheiro, é de ligeirinho ou de aplicativo pagando mais para trabalhar, e numa sorte muito grande a gente consegue ônibus. Isso contando que ele vai passar e que não quebre. Eu moro no Porto Alegre e trabalho no Centro, gasto R$ 600 mensais e para quem ganha um salário mínimo vai mais da metade. Cada ligeirinho é R$ 10, então vai R$ 20 todo dia. Quando é aplicativo, só uma viagem dá R$ 23 a R$ 25, ou seja, mais de R$ 40 por dia”, Célia faz as contas.
Foto: Assis Fernandes~/O Dia
A situação, ela diz, chegou a ponto que chegou porque “falta boa vontade de quem pode resolvê-la”. “Eu acho que falta boa vontade do poder público e dos empresários. Os motoristas, a gente vê que estão tão penalizados quanto os passageiros e quem pode resolver o problema não faz por onde e nem parece interessado”, afirma.
Quem também fica no prejuízo para ir e vir em Teresina são os estudantes, sobretudo agora com o retorno obrigatório das aulas presenciais em todo o Estado. Os relatos são semelhantes: eles recarregam o cartão estudantil para pagar a meia passagem, mas não têm onde usá-lo, porque faltam ônibus na cidade.
É o caso do estudante Luís Fernando da Silva Freitas. Ele tem 17 anos, a turma dele na escola já voltou a ter aulas presenciais e ele precisa se deslocar diariamente para o colégio. Antes da pandemia, Luís usava o cartão Passe Verde Estudantil para pagar R$ 1,35 na catraca, mas com a situação do transporte como está, ele vê a recarga do passe como prejuízo.
“Eu tirei a carteira justamente para pagar menos, mas fica ruim porque eu fiz o cartão, recarreguei e não tenho onde usar, não tem ônibus direito para onde eu moro. Minha casa fica no Esplanada e eu estudo no Lourival Parente, preciso de transporte para me deslocar e o que eu posso pagar, que é o que tem a meia passagem, não passa ou demora demais. Lá em casa a gente gasta muito com ônibus porque minha mãe trabalha e paga passagem inteira e a forma que eu tinha de diminuir essa despesa era com a meia. Mas recarreguei o cartão e fiquei no prejuízo, porque está tudo parado e em greve”, finalizou Luís.