A integração do transporte na zona Sul de Teresina começou a operar oficialmente no último sábado (17), no entanto é nesta segunda-feira (19) que o Inthegra está sendo de fato testado. O contingente de pessoas nas paradas de ônibus é maior e uma deficiência já começou a ser constatada logo nas primeiras horas da manhã: os passageiros estão tendo que esperar mais de uma hora nas paradas dos bairros porque as linhas alimentadoras, que levam aos Terminais de Integração, não param devido à superlotação.

Uma equipe de reportagem do Jornal O Dia esteve às 7h na Avenida Marechal Juarez Távora (Principal do Parque Piauí), zona Sul, para fazer o percurso até outra zona da cidade pelo sistema de integração. Contudo, a espera por uma linha que levasse até o Terminal Parque Piauí durou duas horas. 

Os ônibus da linha Interterminal, que ligam os terminais dos bairros Bela Vista e Parque Piauí, estavam com o limite de passageiros acima da capacidade, sem possibilidade de novos embarques. O intervalo de um coletivo para outra era de, aproximadamente, meia hora, superlotando as paradas de ônibus.

^{Venda de cartões expressos também geram fila nos terminais de integração}

Muitos passageiros estavam parados nos degraus dos ônibus e encostados nas portas, devido falta de espaço. Os motoristas chegavam a parar os veículos alguns metros após a solicitação de descida do passageiro, para evitar que mais usuários tentassem subir, sem êxito. Os poucos coletivos que chegavam a parar eram os que fazem linha diametral, como Rodoviária Circular, Poty Velho-Bela Vista e Mocambinho-Porto Alegre.

Quem reclama da falta de informação e de estrutura para o sistema de integração é a auxiliar administrativa Marinalva de Sousa, 28 anos. Todo dia ela pega a linha Porto Alegre, na Avenida Principal do Parque Piauí, por volta das 6h40 e desce na Praça Saraiva, Centro. Mais de uma hora depois e a auxiliar administrativa ainda aguardava na parada precisando embarcar em um ônibus da linha Rodoviária Circular.

“Desde as 6h40 eu espero ônibus e nenhum para, porque estão todas. Essa hora [7h55] eu já devia estar no meu trabalho. Vou ter que pegar um Rodoviária, descer na Avenida Maranhão e caminhar até a Praça João Luís Ferreira. Essa integração está deixando todo mundo confuso, não tem sinalização nas paradas, a quantidade de ônibus também deveria aumentar. Uma senhora veio falar comigo chorando, que não conseguia pegar ônibus para ir trabalhar porque nenhum parava”, fala.

A estudante Jaqueline Sampaio (23) conta que chegou às 7h da parada, com destino à Universidade Federal do Piauí (UFPI), zona Leste. Ela explica que os veículos não paravam, devido a superlotação. Segundo a estudante, muitos usuários estão desorientados com relação ao funcionamento do novo sistema de transporte e que a demanda de ônibus não está sendo suficiente para atender a população. 

“Eu pego o Rodoviária Circular para evitar o transtorno de ter que pegar dois ônibus, mas ele demora muito para chegar na UFPI. Existe a integração, mas para mim não compensa, porque eu vou pegar um ônibus lotado e pegar outro mais ainda. Prefiro rodar a cidade do que ter que pegar dois ônibus”, acrescenta. 

A estudante Maria Ione Eduardo Barbosa (24) explica que está bastante confusa com o funcionamento de integração, tanto com relação as linhas que integram, como ao novo itinerário e se haverá necessidade de ir para os terminais. “Com esse sistema é para agilizar e facilitar, mas o que a gente vê são muitas pessoas confusas, falta de orientação e pessoas reclamando que estão se atrasando para chegar nos seus compromissos”, enfatiza.

Superlotação também nos terminais

Quem venceu a primeira etapa do percurso, conseguiu pegar um ônibus da linha alimentadora e chegou aos terminais, também enfrenta problemas para integrar o trajeto. Isto porque os ônibus das linhas troncais, que circulam dos terminais para o Centro, também estão passando superlotados e muitas vezes nem chegam a parar. O resultado disso é que as pessoas estão ficando mais tempo que o previsto nos terminais do Parque Piauí e do Bela Vista e não conseguem integrar, tendo, portanto, que pagar outra passagem.

Motoristas também reclamam do congestionamento formado na Avenida Miguel Rosa por causa da manobra dos ônibus para mudar da linha exclusiva em direção à faixa do canteiro central, onde ficam as novas paradas.

Venda de cartões gera filas nos terminais

Como a integração só e feita mediante bilhetagem eletrônica, a procura pelo Cartão Más Fácil Expresso está grande nos terminais da zona Sul. O problema é que há apenas um vendedor disponível para atender a toda a demanda, o que gera filas e ainda mais demora na espera pelo ônibus.

Por: Maria Clara Estrêla, com informações de Isabela Lopes