Um movimento liderado por pais e mães de alunos, que têm entre quatro e oito anos de idade, está buscando diálogo com os candidatos à Prefeitura de Teresina para pedir o retorno das aulas presenciais no início de 2021. Para os manifestantes, o desenvolvimento das crianças está sendo prejudicado com a paralisação imposta pela pandemia do novo coronavírus.
A empresária Ana Paula Ramalho conta como tem sido a rotina educacional do filho de três anos e oito meses. “Tem sido bastante difícil. Ele não consegue ficar muito tempo em frente à tela. E eu, como mãe, tendo que, de certa forma, ter ele 24 horas dentro de casa, sem o convívio e a socialização que ele precisa nesse momento. E como Teresina não oferece muito para nossas crianças, fica insustentável”, desabafa.
Foto: Michael Appleton / Mayoral Photography Office / Fotos Públicas
Para a servidora pública Ilara Madeira, sem estar no ambiente escolar, a criança perde toda oportunidade de socialização. “Eles não conseguem ficar tanto tempo assistindo aulas online e, com isso, perdem o conteúdo. Mas o principal é porque eles perdem o convívio com outras pessoas. É justamente nessa época da vida que formam as conexões neurais para socialidade, aprender a ceder, perder, a respeitar o espaço do outro”, argumenta.
Ilara ressalta ainda que, antes mesmo da pandemia, já exercia suas atividades profissionais em casa e, por ter internet na residência, o processo de aprendizagem dos filhos ficou mais fácil. Porém, segundo ela, nem todas as mães têm acesso à internet e nem onde deixar os filhos ao sair para trabalhar.
“Eu trabalho em casa há quatro anos e já tenho esse contato com os meus filhos e a pandemia não alterou isso para mim, mas eu faço parte de uma classe privilegiada que, infelizmente, não é a maioria da sociedade, pois aqui eu tenho internet, conforto. Mas a maioria das mães não tem, especialmente de baixa renda, pois ela tem que sair para trabalhar, já que tudo reabriu, e não tem com quem deixar o filho”, completa.
Mesmo com a dificuldade de garantir o distanciamento social das crianças nas primeiras séries, os pais que integram esse movimento de retorno das aulas no Piauí acreditam que há confiança nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Tendo um protocolo a ser seguido, ele regulamenta a segurança desse retorno assim como determina em bares, restaurantes, shoppings e outros lugares que são frequentados por crianças. Então, as escolas onde os pais vão matricular os filhos com certeza são locais de confiança dos pais”, defende a empresária Renata Barbosa.
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí, Marcelo Siqueira, confirmou que há diálogo permanente sobre o assunto com a atual gestão municipal, mas o retorno das aulas só vai acontecer no próximo ano.
“Existe um decreto legislativo no qual o estado de emergência no Brasil vai até dia 31 de dezembro. A partir desse dia, as escolas já estão autorizadas a funcionar. Para que isso não aconteça, é preciso que esse decreto seja renovado ou que aconteça algum fato novo. Então, acreditamos que em janeiro retornaremos às aulas presenciais”, disse Marcelo Siqueira.
Por: Isabela Lopes e Jorge Machado