No começo desta semana, a Prefeitura de Teresina divulgou que a empresa Novo Horizonte Comércio e Serviços LTDA, sediada em Goiânia (GO), foi a vencedora da primeira fase da licitação para a aquisição de 80 ônibus seminovos para Teresina. Com o incremento da frota, a questão que fica é: quem deverá operar esses veículos?
Para Antônio Cardoso, presidente do Sintetro (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Transporte Rodoviário de Teresina), os mais de mil funcionários que foram demitidos durante a pandemia e nos últimos anos devem ser recontratados para operar esses 80 novos ônibus que a capital deve receber.
Em conversa com a reportagem do Portalodia.com, Cardoso comentou que não só motoristas e cobradores foram demitidos, como também funcionários das garagens. São profissionais que, no entendimento da categoria, devem ser realocados em seus antigos postos de trabalho para incrementar a capacidade de atendimento e operacionalização do sistema de transporte da capital.
Para o presidente do Sintetro, a chegada de 80 ônibus seminovos em Teresina não resolve o problema do transporte público da capital, mas apenas tende a amenizá-lo. Levantamento da entidade aponta que a cidade tem 280 ônibus veículos circulando nos horários de pico no atual momento. Nos demais horários, esse número reduz porque, no entendimento das empresas, há redução da demanda.
“Tem regiões de Teresina que ficam com até 20 ônibus a menos nos horários entrepico. Só quem paga é o trabalhador que precisa ir e vir, é quem precisa se deslocar para o Centro ou entre os bairros. A gente espera que com esses ônibus novos a situação melhore um pouco, mas resolver mesmo, não resolve”, afirma Antônio Cardoso.
Idade dos veículos que devem chegar preocupa
O que chamou a atenção no resultado da primeira fase da licitação anunciada pela Prefeitura foi o estado dos ônibus que devem chegar a Teresina para reforçar o transporte público. A entidade representante dos motoristas e cobradores afirma que a aquisição de ônibus seminovos pode acabar criando outro problema: abrir o precedente para a não renovação da frota da capital.
A expectativa do Sintetro é de que os novos veículos sejam pelo menos do ano de 2022, que são considerados novos para o atual padrão de frota de Teresina. No momento, os ônibus mais novos que rodam pela cidade são do ano de 2016. Estes foram os últimos veículos adquiridos pelo poder público e que contavam com ar-condicionado.
A proposta apresentada pela empresa vencedora da primeira etapa da licitação prevê ônibus dos anos de 2019, 2020 e 2021. O primeiro lote (2019) está orçado em R$ 584.975,00 por veículo; o segundo lote (2020) está orçado em R$ 624.950,00 por veículo; e o terceiro (2021) está orçado em R$ 694.950,00 por veículo.
Vale lembrar que no começo de outubro o TCE (Tribunal de Contas do Estado) proibiu que a Prefeitura de Teresina comprasse ônibus seminovos para integrar a frota do transporte coletivo da capital. O Sintetro cobrou do órgão uma fiscalização mais intensa da licitação aberta pelo poder público, sobretudo no que respeita aos valores praticados por veículo.
Sobre a proibição do TCE, a Strans (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) informou que já acionou a PGM (Procuradoria Geral do Município) e que já está tomando as providências cabíveis junto ao Tribunal de Contas.