O dia 18 de janeiro de 2021 entrou
para a história do Piauí como uma data de esperança. O Estado foi o primeiro do
Nordeste a iniciar sua Companha de Vacinação contra o novo coronavírus. O
primeiro piauiense a ser imunizado foi o médico Joaquim Vaz Parente, de 76
anos, que atua na Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) há 45 anos e já
realizou cerca de 20 mil partos ao longo de sua carreira.

Foto: Jailson Soares/ODIA
Para o médico, o convite para ser o
primeiro piauiense a receber a vacina teve um significado mais que especial,
pois se tratava de uma oportunidade para inspirar as pessoas nesse momento tão
delicado que vivemos.
“Quando fui convidado para receber a
vacina, entendi muito mais que um convite, era uma convocação, e não devemos
fugir disso quando se trata de uma situação que pode dar visibilidade no
sentido positivo. Achei que se pudesse aproveitar aquele momento para dizer o
que penso, sobre o Butantan e da oportunidade que tive, que seria importante
falar”, comentou.
No âmbito municipal, a primeira
pessoa a ser vacinada foi a infectologista da Fundação Municipal de Saúde (FMS)
Amariles de Sousa Borba, de 77 anos. Reconhecida por sua incansável defesa em
prol das campanhas de vacinação, ela destacou que se sentiu honrada com o
convite de ser uma das primeiras pessoas imunizadas em Teresina, e reforçou que
a vacina não causou nenhuma reação adversa.
“Eu nem senti a aplicação da vacina,
e não senti nada, nem no local que foi aplicado e nem nos dias seguintes. Não
aconteceu nada de diferente comigo. Fui escolhida pelas autoridades municipais
para representar Teresina e estou tentando fazer o trabalho da melhor maneira
possível, com todas as dificuldades que aparecem, mas também mostrando para as
pessoas que a vacina é coisa séria, que não é feita de qualquer maneira”,
falou.
Não senti nenhuma complicação e não tive nenhuma reação
desde a aplicação
Outros
profissionais da saúde também foram vacinados durante o lançamento da campanha.
A técnica em enfermagem Modestina Bezerra da Silva, de 60 anos, trabalha há 35
anos no Hospital Infantil Lucídio Portella. Desde que a pandemia teve início,
ela tem atuado na UTI Covid-19 do hospital.
Sobre a vacina, ela conta não ter sentido nenhuma reação adversa
e que ficou muito lisonjeada com o convite em fazer parte dos primeiros a serem
imunizados no Piauí. “Não senti absolutamente nada, estou ótima e muito feliz
por ter sido escolhida para fazer parte dos primeiros a receberem a vacina.
Gostaria que as pessoas se espelhassem em mim e tomassem a vacina. Tomem, não
tenham medo. Isso de que vai doer não deve ser desculpa. Além de não doer,
ainda vai fazer um bem para todos. Eu já estou até me preparando para a segunda
dose”, reforçou.

Foto: Divulgação/ Redes Sociais
A enfermeira Ana Maria Brito dos Santos, de 52 anos, atua há 26
anos na área e estava na linha de frente da ala Covid-19 do Hospital da Polícia
Militar. Segundo ela, receber a vacina contra o novo coronavírus foi uma imensa
honra, não somente por inspirar as pessoas a também se imunizarem, mas por
poder voltar a rever sua mãe, que é idosa e estava isolada para não contrair o
vírus.
“Não senti nenhum sintoma após ser imunizada, como o músculo
dolorido, que costuma ficar após tomar alguma vacina, nem mal-estar ou febre.
Estou satisfeita e muito agradecida. Todo esse tempo na luta contra a Covid me
sensibilizou com muitas perdas. Tenho uma mãe idosa, mas precisei me afastar e,
para mim, foi um presente [ser imunizada]. Agora me sinto mais confiante em
poder ficar próxima dela”, comemorou.
Apesar da vacinação estar na fase inicial, Ana Maria pede às
pessoas que estão nos grupos prioritários e têm direito à dose que não deixem
de se imunizar. Aos que ainda não irão tomar a vacina, a enfermeira reforça que
logo haverá doses suficientes para todos e pontua que os cuidados com a
sanitização devem ser mantidos.
“Sou uma das
pessoas que fez parte dessa marcha para todos lutarem juntos. É uma luta de
esperança, de podermos fazer o que estávamos reprimindo e mostrar para todas as
pessoas que a vacina é importante, confiável e precisa, que não temos o que
temer, pois tem credibilidade e todos devem se vacinar. É preciso ter paciência
até que todos recebam as doses e, enquanto não chega sua vez de se imunizar,
que todos continuem tomando as recomendações necessárias, fazendo sua parte e
não relaxar, mantendo o distanciamento, usando máscara e usando o álcool em gel
para limpar as mãos”, pontuou.
Sheyla Barbosa dos Santos, de 33 anos, que atua na UTI Covid-19
do Hospital Natan Portella, foi responsável por receber o primeiro paciente com
o vírus na unidade de saúde. A profissional também recebeu a primeira dose da
CoronaVac e contou sua experiência por estar na linha de frente, atendendo
pacientes com o vírus.
“Não senti nenhuma complicação e não tive nenhuma reação desde a
aplicação. Trabalho em um hospital que é referência para o coronavírus e foi
uma batalha muito grande para conseguirmos adequar a estrutura física, equipe,
para essa situação inesperada. Embora com todas as dificuldades, conseguimos
muita coisa boa para o hospital, apesar de, infelizmente, termos tido algumas
ruins, mas que serviram de muito aprendizado”, acrescenta.
Vacina é segura e aprovada por órgãos de saúde
No último
domingo (17), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso
emergencial de seis milhões de doses da CoronaVac. No mesmo dia, o estado de
São Paulo iniciou a imunização do grupo prioritário da 1ª fase, imunizando
profissionais da saúde que atuam em hospitais de referência no combate à
pandemia, além de integrantes de populações indígenas e quilombolas.
Ao todo, cerca de 4,6 milhões de doses foram entregues ao
Ministério da Saúde para o uso dos demais Estados, enquanto 1,4 milhão ficaram
em São Paulo para a primeira parte do Plano Nacional de Vacinação contra a
Covid-19. Para o Piauí, foram destinadas 61.160 doses da CoronaVac.
Joaquim Vaz Parente, médico e primeiro piauiense a ser vacinado
no Piauí, fala sobre a importância desse imunizante. Ele enfatiza a qualidade
da vacina, que foi desenvolvida e aprovada por órgãos de referência no Brasil.
“A vacina é produto de um trabalho científico dentro e fora do
Brasil. Aqui no país, a responsabilidade pelo envasamento e distribuição da
vacina é do Butantan, uma instituição que tem 120 anos de existência e é
conhecida como uma instituição de excelência. Por outro lado, a vacina foi
aprovada pela Anvisa, que tem um crivo extremamente rigoroso. Quando ela aprova
um imunizante, é porque de fato aquele produto é de qualidade”, pondera.
O médico explica ainda que a vacina é fabricada a partir do
vírus inativado, ou seja, um vírus morto e que, por isso, não apresenta risco à
saúde. Os resultados apresentados foram positivos e mostram que 100% das
pessoas que tomaram a vacina não adquiriram a forma grave ou moderada da
doença. Já quem adquiriu a forma leve, poucos ou quase ninguém necessitou de
cuidados hospitalares ou médicos.
“Não sei como as pessoas preferem enfrentar uma doença com o
vírus vivo, do que uma vacina com vírus inativado. No meu entendimento, jamais
temeria tomar uma vacina de um vírus morto, mas eu tenho medo de contrair a
doença com o vírus vivo. Quero dizer às pessoas que, pela primeira vez, depois
de quase um ano, da gente transitando em uma estrada obscura, com apenas alguns
lampejos de claridade, que estamos diante de uma arma que verdadeiramente
funciona no combate ao coronavírus”, destaca o médico Joaquim Vaz Parente.
Negacionismo, os anti-vacina
Enquanto o
mundo inteiro enfrenta a pandemia da Covid-19 e cientistas lutam diariamente
para encontrar uma forma de salvar vidas, algumas pessoas são contra as vacinas
que estão sendo desenvolvidas e distribuídas em diversos países. No Brasil, a
CovornaVac, do Instituto Butantan, já chegou em diversos estados e municípios e
centenas de pessoas já estão sendo imunizadas.
Apesar disso, algumas pessoas ainda não se sentem à vontade para
se imunizar. Entre piadas e descrenças, os negacionistas prejudicam o trabalho
dos cientistas ao espalharem Fake News, não temem por sua saúde e nem pelas
consequências que a falta de imunização pode acarretar, como a demissão por
justa causa.
“Eu preciso pensar”, disse uma pessoa que também preferiu não se
identificar, mas assegura que não deseja se imunizar, pontuou que “só vou tomar
a vacina se a empresa me obrigar a apresentar o cartão de vacinação atualizado
com o registro da vacina de Covid-19”, disse.
Vale
lembrar que, mesmo tendo tido Covid-19, é possível adquirir novamente o vírus,
ou seja, a pessoa não está imune à uma nova reinfecção, vez que os anticorpos
só ficam ativos no corpo por alguns meses.
O trabalhador que não se imunizar pode pegar justa causa, já que
estará trazendo riscos para os colegas
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