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Greve dos ônibus em Teresina: “a situação é de colapso e miséria", diz Sintetro

A greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina completa 15 dias nesta segunda-feira (04). Apesar das tentativas de acordo por parte dos trabalhadores do transporte público, até o momento não há previsão de tratativa do problema. Assim, a população permanece prejudicada com a falta de ônibus, bem como os trabalhadores continuam em uma situação de dificuldade. 


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Greve já dura 15 dias sem previsão de retorno dos ônibus (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

É o que relata Antônio Cardoso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (SINTETRO-PI). “Nós queremos pedir empatia para a população, pois nossa situação é de miséria. Já fizemos tudo que podíamos, encaminhamos três propostas e não recebemos nenhuma resposta. A situação do transporte público é de calamidade e colapso total, mas ninguém faz nada”, afirma em entrevista ao O DIA.


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Segundo o presidente do sindicato, há muitas irregularidades sendo cometidas, como, por exemplo, a retirada do ticket alimentação e do auxílio saúde. Além disso, Antônio Cardoso destaca ainda que o salário da categoria está congelado desde 2019. "Nós temos buscado esse diálogo, não podemos ser culpados em uma situação dessa. Estamos até mesmo abrindo mão de parte dos nossos direitos para tentar chegar a um acordo e até agora nada”, explica. 

Antônio Cardoso, presidente do Sintetro, afirma que a situação está cada vez mais desesperadora (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

No último sábado (02), a justiça determinou que as empresas que atuam no transporte público garantam a circulação de 80% frota em horário de pico durante a greve da categoria. Sobre o assunto, o Sintetro afirma que, sem o pagamento integral dos salários, os trabalhadores não têm dinheiro sequer para ir trabalhar e manter a frota mínima nas ruas. “O trabalhador não tem como se locomover, seremos escravizados? Como iremos trabalhar sem receber ou recebendo de forma errada? Hoje, temos inúmeros trabalhadores em situação caótica", acrescenta Antônio Cardoso. 


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Sem condições de arcar com a própria alimentação, parte dos motoristas e cobradores estão vivendo de doações de cestas básicas feitas pela população e por outros sindicatos. “A situação é desesperadora. Queremos agradecer aos sindicatos que estão nos ajudando com café da manhã e almoço”, afirma o presidente do Sintetro. 

Transportes alternativos disponibilizados pela prefeitura não atendem toda população 

Apesar da Prefeitura de Teresina ter cadastrado transportes alternativos para suprir a demanda neste momento de greve, uma parte da população continua desassistida. Isso porque, os veículos cadastrados somente recebem a passagem em dinheiro e não têm máquinas para leitura do cartão de passes.


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Estudantes acabam prejudicados com a falta de ônibus que aceite bilhetagem eletrônica (Foto: André dos Santos/ODIA)

Dessa maneira, estudantes e trabalhadores que se locomoviam com o uso do cartão ou vale estudantil acabam sendo prejudicados, pois os créditos comprados acabam perdidos ou expirados. 


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Além disso, no caso dos estudantes, que pagam metade da passagem, a situação é ainda mais crítica, pois eles acabam sendo obrigados a pagar a passagem inteira pela falta da bilhetagem eletrônica, perdendo assim um direito fundamental que foi conquistado pelos mesmos. 

Sintetro pede que gestão municipal olhe para a causa 

Diante da situação, Antônio Cardoso faz um apelo a gestão municipal e pede que os vereadores também olhem para a causa. “É preciso que os vereadores também resolvam o problema, vocês foram eleitos para isso”, afirma. 

O presidente do sindicato frisa que essa é uma situação que já deveria ter sido resolvida, visto que foi uma das promessas feitas pelo prefeito Dr. Pessoa durante a campanha eleitoral. 

“Tantas promessas foram feitas na campanha eleitoral. Pelo amor de deus prefeito, peço a sua empatia, que tem que chegar na gente, não pode ficar nessa situação. Não aguentamos mais essa omissão, isso é urgente", finaliza.