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Piauí terá novo canal para denúncias de discriminação contra o Autismo

Contato de WhatsApp lançado pela Assembleia Legislativa do Piauí receberá denúncias de preconceito e discriminação contra pessoas com TEA

02/04/2024 às 10h56

“É preciso que as pessoas tenham empatia, principalmente conosco, que somos mães atípicas”. A frase é de Naiara Castelo Branco, mãe do pequeno Ricardo Lorenzo e que passou por uma situação constrangedora no transporte público de Teresina. Ricardo tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e, junto com a mãe, ocupava um assento preferencial no ônibus. Ela conta que um idoso se aproximou pedindo para que os dois saíssem e ele pudesse se sentar. Naiara explicou que o filho tem TEA e, como tal, tem direito ao assento preferencial.

“Ele tentou tirar meu filho à força do banco. Tive um pequeno atrito com ele, fui até a parada final e, de lá, segui no ônibus para a garagem, onde pedi para conversar com o responsável da empresa. Pedi a ele para conscientizar as pessoas, principalmente os idosos, de que aqueles assentos preferenciais não são só para eles, mas também para obesos, pessoas com deficiência e pessoas com TEA. As pessoas precisam ter emparia e respeito, principalmente conosco, mães atípicas que passamos por todo tipo de constrangimento porque as pessoas não entendem nossa situação”

Naiara Castelo Brancomãe de filho com Transtorno do Espectro Autista
Naiara é mãe do pequeno Ricardo Lorenzo e comenta a discriminação que sofreu com seu filho no transporte público c - (André dos Santos/O Dia) André dos Santos/O Dia
Naiara é mãe do pequeno Ricardo Lorenzo e comenta a discriminação que sofreu com seu filho no transporte público c

É com o intuito de dar vez e voz a essas mães e às pessoas com TEA que o Piauí lançou nesta terça-feira (02), Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo, o disque denúncia voltado especificamente para casos de preconceitos contra a pessoa autista. O canal de denúncias funciona dentro da Ouvidoria da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), que ficará responsável por encaminhar as denúncias recebidas aos órgãos responsáveis.

Presente na solenidade de lançamento do Disque Denúncia, o presidente da Assembleia, deputado Franzé Silva, explicou as parcerias que foram fechadas com os demais órgãos de defesa para se criar uma rede de proteção à pessoa com TEA no Piauí.

“Esta é uma iniciativa não só da Alepi, mas também da Secretaria de Segurança Pública e demais entidades que, hoje, defendem as pessoas com TEA. Dependendo da denúncias recebida, vamos encaminhá-la ao órgão competente: Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil ou Polícia Militar. Vamos dar vez e voz para que quem teima em não respeitar as pessoas com TEA possam ser punidas”, afirma Franzé.

Presidente da Assembleia, deputado Franzé Silva (PT) - (Assis Fernandes/ O DIA) Assis Fernandes/ O DIA
Presidente da Assembleia, deputado Franzé Silva (PT)

Recentemente, o presidente da Assembleia e seu filho foram vítimas de discriminação em um restaurante da capital. De acordo com Franzé, seu filho, que possui TEA, estava brincando em um espaço destinado à recreação de crianças quando o pau de outra criança teria proferido palavras discriminatórias e afirmando que seu filho não poderia ficar no mesmo espaço. Franzé disse que a criação do Disque Denúncia é a porta de entrada para que situações como a que ele e seu filho passaram não se repitam.

Forças de Segurança serão capacitadas para atender a casos de preconceito às pessoas com TEA

A criação do Disque Denúncia não é a única ação que está sendo desenvolvida no Piauí para garantir a inclusão e combater o preconceito à pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). As Forças de Segurança Estaduais (Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros) também passarão por uma capacitação para atender a ocorrências de discriminação envolvendo pessoas com TEA. O objetivo é humanizar as abordagens.

“As nossas polícias Civil e Militar e os Bombeiros serão capacitados por dois profissionais com experiência na área de atendimento às com TEA. Eventualmente, já estive na rua e sei como é me deparar com alguma pessoas e não saber como lidar com aquela situação, identificar se ela tem alguma deficiência ou se faz uso de alguma substância psicoativa. Temos profissionais qualificados para levar esse conhecimento às nossas forças de segurança para que essa pessoa vítima de preconceito contra TEA tenham um atendimento humanizado e adequado para sua situação”, explica a coronel Elizete, superintendente de Cidadania e Defesa Social da Secretaria de Segurança.

Forças de Segurança passarão por capacitação para combater a discriminação às pe - (André dos Santos/O Dia) André dos Santos/O Dia
Forças de Segurança passarão por capacitação para combater a discriminação às pe

As iniciativas foram bem recebidas pela associação representante da categoria. Elisângela Oliveira, presidente da Associação Prismas, que luta pela garantia dos direitos a pessoa com deficiência, em especial pessoas com TEA, explica que o Disque Denúncias e a capacitação das forças de segurança são mecanismos de defesa dos direitos dos filhos de mães atípicas.

“A gente precisa desmistificar várias situações. É muito fácil falar sobre capacitação, mas vivenciá-la não é fácil assim. É importante ter essas iniciativas que elas estejam sempre acontecendo em todos os âmbitos onde nossos filhos vão precisar conviver com a política pública, não só na Segurança”, finaliza Elisângela.

O canal do Disque Denúncias de discriminação às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Piauí é o número de Whatsapp: (86) 99411-0212.

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