Os trabalhadores da Enfermagem do Piauí se reuniram nesta sexta-feira (09) em um ato contra a suspensão do piso salarial da categoria. Os profissionais se reuniram em frente à Assembleia Legislativo do Piauí (Alepi) e seguiram até a Ponte Juscelino Kubitschek, onde interditaram a via sentido Leste-Centro.
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(Fotos: Assis Fernandes/ODIA)
Com cartazes, faixas e carro de som, os profissionais pediam respeito à categoria. Cerca de 600 profissionais participaram da manifestação, que encerrou no final da manhã. O presidente do Senatepi, Erick Riccelly, destacou que a suspensão do piso vai contra a importância e esforços que a categoria tem, especialmente durante a pandemia da Covid-19.
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“A categoria luta há mais de 30 anos pelo piso salarial e no momento que ela consegue, depois de uma visibilidade pós-pandemia, com muito sofrimento e muitas mortes, é que fomos vistos. Foi aprovada primeiramente uma emenda constitucional, depois a lei do piso e depois sancionada pelo presidente. Aí vem o ministro Barroso, em uma única canetada, desrespeita o próprio Supremo e fere a Lei. Tira o sonho de ter uma dignidade profissional e salarial de muitas famílias, muitas delas exclusivamente de mulheres, e o que prevaleceu foi o capital, foi a forma da iniciativa privada”, conta.
A manifestação foi realizada em diversos estados brasileiros e em alguns municípios do Piauí. No Estado há mais de 44 mil profissionais, entre técnicos, auxiliares e enfermeiros. Desse total, pelo menos 20% são enfermeiros. Atualmente, existem 18 mil profissionais trabalhando ativamente.
A norma estabeleceu piso salarial de R$ 4.750 para os enfermeiros; 70% desse valor aos técnicos de enfermagem; e 50% aos auxiliares de enfermagem e parteiras. Pelo texto, o piso nacional vale para contratados sob o regime da CLT e para servidores das três esferas - União, Estados e Municípios -, inclusive autarquias e fundações. Assim, o piso salarial dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem, que é de R$ 1.481, passaria para R$ 2.375 e R$ 3.325, respectivamente, e o piso dos Enfermeiros, que é R$ 3.641, passaria para R$ 4.750.
Presidente do Senatepi, Erick Riccelly (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
"Essa manifestação foi muito importante, porque a gente conseguiu fazer grandes movimentos de Bom Jesus a Parnaíba. A gente vê que não teve nenhuma iniciativa compra o piso dos médicos, dos dentistas ou contra a redução de carga horária de outras categorias, mas com a Enfermagem parece que há algo discriminatório, uma classe eminentemente feminina e que se dedica tanto à vida dos outros. Não resta outra dúvida que vamos partir para um movimento muito maior até o dia 16, que é o prazo para o depósito dos votos dos ministros do STF”, concluiu.
Entenda
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu neste domingo (4) o piso salarial nacional da enfermagem e deu prazo de 60 dias para entes públicos e privados da área da saúde esclarecerem o impacto financeiro, os riscos para empregabilidade no setor e eventual redução na qualidade dos serviços.
Barroso considerou mais adequado, diante dos dados apresentados até o momento, que o piso não entre em vigor até esses esclarecimentos. Isso porque o ministro viu risco concreto de piora na prestação do serviço de saúde principalmente nos hospitais públicos, Santas Casas e hospitais ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS), já que os envolvidos apontaram possibilidade de demissão em massa e de redução da oferta de leitos.